O que se senta a esta mesa é muito mal servido…
… e o problema nem tem a ver com a comida, que é bastante boa, ou com o tamanho das doses, que é substancial. Nem tão pouco com o espaço, pelo menos o do Parque Das Nações, que é amplo, bem decorado, com várias zonas distintas com apontamentos diferentes. Nada disso. O principal problema para quem se senta no La Mafia Se Sienta A La Mesa é mesmo o serviço: é muito demorado e cheio de falhas. Tentam compensar com simpatia, mas não dá mesmo.
O que até é uma pena, porque há várias coisas com imenso potencial no La Mafia Se Sienta A La Mesa – restaurante ao qual vou passar a chamar só La Mafia a partir de agora, porque não me apetece estar a escrever isto tudo. Em primeiro lugar, o espaço, pelo menos no restaurante do Parque das Nações, que é bastante engraçado e decorado com bom gosto. São várias salas diferentes, cada uma com o seu estilo de mobiliário, papel de parede diferente, decoração mais ou menos personalizada. Há espaços para grupos, outros mais individuais, enfim, tudo bem pensado e com estilo.
Depois, a carta, que também surpreende pela positiva. Estamos, claro, num registo italiano, mas tanto as pastas como os risottos apresentam algumas opções bastante fora do comum. Há proteínas diferentes, tipos de pasta muito peculiares, combinações que nunca tínhamos visto antes. É tão interessante que é isso mesmo que nos leva duas vezes mais ao La Mafia, depois da primeira visita ter corrido bastante mal.
Porque o que falha mesmo no La Mafia é o serviço. É lento, descoordenado e, infelizmente, algumas vezes roça o incompetente. Não é um termo que nos agrade utilizar, mas foram várias as situações em três visitas diferentes para aqui chegar. Querem ver?
Pois que recordamos a primeira visita, num dia de semana ao almoço, onde somos 3 pessoas na mesa e até ficamos na esplanada, que está meio cheia. Somos os únicos clientes portugueses, e rapidamente percebemos que a cada visita de quem atende à nossa mesa, essa mesma pessoa faz três visitas às mesas com estrangeiros. É o que dá sermos tugas! Ora, nesse dia, a entrada que pedimos é o Carpaccio de Presa Ibérica com Lascas de Foie Gras e Parmesão… que chega assim à mesa.
Não é preciso ser grande conhecedor gastronómico para perceber que faltam aqui as lascas de parmesão. Por isso, tentamos chamar alguma das 3 pessoas que servem na esplanada… sem sucesso. Uma ainda nos faz sinal que já vai à mesa, mas esperamos uns bons 10 minutos até que decido levantar-me e levar a tábua ao interior do restaurante, onde encontro esses mesmos 3 empregados a conversar atrás do balcão. Quando explico que o prato vem com algo a menos, recebo 3 olhares vazios… mas pelo menos uma resposta de que vão à cozinha ver o que se passou. E a tábua volta uns minutos depois, já completa. A nível de sabor, tudo perfeito.
Na terceira visita (e última, já não caímos mais nenhuma vez), provámos um prato excelente, é verdade: o Giganti de Cordeiro de Leite em Molho de Pedro Ximenez e Foie Gras, que até veio completo para a mesa e tudo. Mas, por outro lado, alguém pediu também o Tataki de Carne, numa dose também bem servida (como são todas, aliás)… mas com apenas 5 batatas fritas a acompanhar. Minimalismo, se quiserem. Felizmente é a própria pessoa que serve o prato que sugere que venha para a mesa uma dose extra de batata frita, ao que acedemos, porque faz sentido. O que deixa de fazer sentido é esperarmos cerca de 20 minutos por essa dose de batatas fritas, que chega à mesa já depois de termos perguntado por ela duas vezes… e depois de quem pediu o prato ter acabado a carne.
Este tipo de situações resultantes de um serviço muito abaixo da média aconteceram em todas as 3 visitas que fizemos ao La Mafia, e isso acaba por nos fazer deixar para segundo plano alguns pratos mesmo bons que lá comemos. Como este Lumaconi com Molho Arrabbiata Affumicata e Molho de Laranja e Mostarda ou o Casarecce Lungo com Molho Pesto de Rúcula e Ovo a Baixa Temperatura. Pratos muito bem conseguidos, com a pasta no ponto certo e todo o conjunto a fazer muito sentido, cheios de sabor. Só que o resto…
Como aquela outra vez em que pedimos o Spaghetti Carbonara Tradicional Trufado, que vem servido sem parmesão ralado, que nos dizem que trazem de seguida… só que não. Esperamos uns bons minutos, e nada. A massa está a esfriar, e num restaurante praticamente vazio (nesta visita ficámos no interior), não há nenhum empregado na sala a quem possamos relembrar que falta alguma coisa a este prato. Novamente, alguém da mesa se levanta para ir à procura do serviço. Sabemos que é cada vez mais difícil arranjar quem faça sala, mas se o método do restaurante é este, deviam avisar primeiro.
Pelo meio de toda esta parvoíce de serviço houve realmente pratos bons, e isso irrita ainda mais! Por exemplo, este Risotto Carbonara é uma coisa da qual nunca tínhamos ouvido falar, mas que quando se come até faz sentido. Assim como os Medalhões de Lombo com Bacon e Pedro Ximénez, um prato que podia ser nacional, mas como no La Mafia a carne e o peixe até são proteínas valorizadas nos pratos, temos realmente aqui boas opções.
Deixamos a última das situações mais caricatas para o final, porque até foi num momento de sobremesa. Grupo grande, almoço de aniversário, uma das salas interiores completamente vazia – ou seja, nem sequer havia outras mesas para dividir a atenção do serviço. Levamos bolo de aniversário, e até aqui tudo bem. Mas depois, quando o pedimos, é colocado com a caixa fechada em cima da mesa, e pronto. Encolho os ombros, levanto-me e tiro-o da caixa. Mas… como é que parto o bolo? E onde é que sirvo as fatias? Nem faca, nem pratos, nem garfos, nada. E nem estava para chegar, porque o empregado que nos trouxe o bolo já estava na conversa na zona da cozinha. Isto é simplesmente ridículo…
Sobremesas mesmo, comemos só na primeira visita, e foi dos que menos nos impressionou no La Mafia, a nível de comida. Por um lado provámos a Rabanada de Brioche Caramelizada com Gelado de Baunilha, que de caramelizada tinha quase zero, não havia aquela camada de açúcar de que a rabanada precisa; e, por outro lado, o Tiramisù, ao qual falta sabor a café. A nível de comida, as sobremesas foram sempre o menos interessante. Mas se fosse só isso…
Percebem o nosso dilema aqui? É muito irritante ir (e voltar) a um restaurante porque gostamos da comida, mas perceber repetidamente que o serviço deita tudo a perder. Porque uma coisa está diretamente ligada à outra, e aquilo que sempre defendemos é que a experiência de um restaurante deve ser completa, não começa e termina só na comida. E aqui o serviço falha redondamente. Se calhar temos mesmo de ser da Mafia para sermos bem atendidos no La Mafia Se Sienta A La Mesa…
Preço Médio: 28€ pessoa (com refrigerante ou cerveja)
Informações & Contactos:
Rua do Bojador, 107 | 1990-048 Lisboa | 21 894 9119