TASQUINHA DO CELSO

Um jantar que foi uma desilusão…

Antes de começar, é importante esclarecer uma coisa: a Tasquinha do Celso, em Campo de Ourique, não tem nada a ver com a mítica Tasca do Celso, em Vila Nova de Milfontes. Quando começámos a fazer conteúdos no Instagram sobre o nosso jantar, houve várias pessoas a fazer confusão, por isso é importante esclarecer. Até porque, com a excepção de parte do nome, não há quase nenhum ponto comum entre estes dois restaurantes.

E sim, passando também já para o final: a Tasquinha do Celso foi uma das grandes desilusões que tivemos este ano. Ainda que tenha havido simpatia no serviço, houve demasiados problemas na comida para a experiência ter sido boa. E se algumas dessas questões até podem estar relacionadas com gostos pessoais, a maioria está relacionada com a confecção dos pratos.

TASQUINHA DO CELSO

Até porque a razão que nos levou à Tasquinha do Celso foi mesmo a comida, já que ouvimos que a cozinheira era a do extinto e saudoso Stop do Bairro. Para quem não teve o privilégio de conhecer, era só uma das melhores tascas de Lisboa, até ter fechado há cerca de 10 anos. E quais eram os pratos que me lembrava de adorar lá? Carne de Porco à Alentejana e Arroz de Cabidela! Pois, isso mesmo. Por isso, ao sabermos que a cozinheira agora estava na Tasquinha do Celso e que servia também Cabidela e Carne de Porco à Alentejana, juntámos a grupeta habitual e seguimos para Campo de Ourique.

Mas é o problema das expectativas, não é? As nossas eram muito altas, é verdade, por isso tudo o que fosse abaixo de muito bom seria não corresponder às expectativas. E o problema do nosso jantar é que houve pratos dos quais não gostámos por uma questão de gosto pessoal, outros que simplesmente tinham coisas erradas (em relação às receitas originais) e ainda outros que nos fizeram sentir quase enganados. Sim, é verdade.

Começando então pela maior desilusão, a Carne de Porco à Alentejana. Servida com batata palito (mal frita e com casca), ao contrário da batata ao cubo como diz a receita. Carne seca, demasiado seca. Pouco molho no prato, e quase nenhum sabor. Foi aquele prato que, quando todos na mesa provaram, abanaram a cabeça em negação. A questão das batatas até pode ser mais estética, mas a carne estava realmente dura e o prato não tinham sabor nenhum, quando a carne de porco à alentejana se quer intensa e puxadinha.

TASQUINHA DO CELSO
TASQUINHA DO CELSO

E por falar em desilusões, eis a Galinha de Cabidela. Prato no qual o problema nem era aquele que geralmente há nas cabidelas servidas em restaurantes, que é a falta de vinagre. Aqui na Tasquinha do Celso, a cabidela ainda tinha alguma intensidade… mas o arroz estava um desastre. Completamente fora do ponto, muito encruado, e desligado do caldo. Aliás, quando provamos o arroz branco servido com os secretos, pareceu-nos exactamente o mesmo. O mesmo bago, a mesma textura, o mesmo ponto. O que nos fez pensar que o facto do arroz não estar ligado ao caldo da cabidela possa simplesmente querer dizer que o arroz branco foi cozido normalmente e, quando a dose é pedida, é acrescentado à panela onde está a galinha com o molho de cabidela. Já vimos isto acontecer em muitos restaurantes, e infelizmente pareceu-nos o mesmo aqui.

Depois, os Secretos de Porco Preto. E aqui nada errado na confecção, porque estavam bem grelhados e temperados. Mas a dose é um pouco enganadora... Quando vemos o prato cheio, parece-nos ok, mas depois começamos a comer e percebemos que os secretos estão cortados em pedaços muito pequenos – como podem ver numa das fotografias em baixo. O prato tem uns 6 pedaços destes que, todos juntos, acabam por fazer apenas um secreto (ou dois, vá). E um ou dois secretos por dose parece-me pouco, não acham? Ainda mais, para quê cortar os secretos desta maneira, senão para dar a entender que a dose é maior do que é na realidade?! Ficámos todos parvos na mesa…

TASQUINHA DO CELSO

Pronto, o pior já passou! Aliás, podíamos ainda falar de uma das entradas, a Salada de Polvo, que nos chega à mesa temperada com vinagre balsâmico, algo que nunca vi em nenhum lado e que dá cabo do sabor verdadeiramente avinagrado que este prato deveria ter…

TASQUINHA DO CELSO

… mas passemos para as coisas boas, que também as houve! Como por exemplo os muito bons Croquetes de Novilho ou o excelente Pica Pau, que podia ser melhor servido mas onde o molho era tão bom que nos fez pedir mais pão.

TASQUINHA DO CELSO

Nos pratos principais, também houve algumas escolhas que nos deixaram bastante satisfeitos. Por exemplo, o Bacalhau À Tasquinha, que é assim uma espécie de Bacalhau à Braga, posta de boas dimensões, bem cozinhado, a lascar na perfeição, ponto ideal de sal. As batatas fritas às rodelas que o acompanhavam estavam um pouco ensopadas em óleo da fritura, mas pronto. E outro prato de peixe, o Lombo de Atum, grelhado no ponto certo, saboroso, acompanhado por uma batata cozida perfeita e outros legumes igualmente bons. Simples, não é?

TASQUINHA DO CELSO

Até os Secretos de Porco Preto eram efetivamente muito bons e bem temperados, pena a questão que assinalámos em cima…

Sobremesas? Pedimos na mesma, ainda que alguns dos pratos principais nos tenham feito baixar as expectativas. Sem serem surpreendentes, cumprem bastante bem: Bolo de Bolacha razoável (que nos pareceu perigosamente igual ao que se vende no Pingo Doce, mas podemos estar enganados), uma sobremesa do dia que era boa mas não inesquecível (tanto que não nos lembramos do nome) e um Quindim de Coco bastante bom.

TASQUINHA DO CELSO

Quando publicámos os conteúdos de Instagram vieram logo os comentários a dizer que não percebemos nada de cozinha, que não sabemos as dificuldades que os restaurantes passam, que estamos a mentir, que não nos ofereceram a refeição… enfim, o habitual. Mas é curioso que até fomos bastante brandos a descrever a experiência por lá, já que não fomos a todos estes pormenores. Que, honestamente, não são assim tão pormenores, são situações que, pelo menos na nossa perspectiva, estragam a experiência num restaurante.

Para terminar… Sim, já sabemos o que vem daí. “Ah e tal, não deviam falar mal dos restaurantes, porque nem sabem as dificuldades que têm e estão a prejudicar o negócio e tal e tal…”. Só que não é bem assim. O que prejudica o negócio dos restaurantes é a falta de qualidade e de coerência. Em primeiro lugar, quem nos segue, sabe que aquilo que fazemos é partilhar as nossas experiências e dar a nossa opinião. Porque, mais do que os restaurantes, estamos do lado dos clientes. Aqueles clientes a quem custa pagar 30€ por um jantar e sair de lá com uma experiência péssima. As pessoas precisam de todo o tipo de informação, para tomarem uma decisão ponderada. E sejamos honestos: nem todas as nossas experiências em restaurantes são positivas. Por isso, cabe-nos relatar, contar o que aconteceu, dar a nossa opinião honesta. E depois cabe-vos a vocês decidir se querem lá ir ou não. Ou se querem seguir-nos ou não. É simples. 😉

Preço Médio: 20€ pessoa (com vinho)
Informações & Contactos:

Rua Tenente Ferreira Durão, 26 | 1350-315 Lisboa | 937 243 060

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