ZÉ VARUNCA (Paço de Arcos)

Entradas e Sobremesas à Alentejana! Mas pelo meio…

Não tendo nenhuma costela alentejana, gosto muito do Alentejo. Aliás, gostamos os dois, e foi crescendo em nós ao longo dos anos, porque é um destino de férias, escapadinhas de fim-de-semana, retiros durante a pandemia… enfim. Mais o interior do que o litoral, até porque não gostamos especialmente de confusão e muita gente. Mas o Alentejo traz-nos paz, traz-nos muitas boas memórias recentes e, claro, memórias de comida daquela mesmo boa. Há um conforto quase familiar que sentimos com a comida alentejana, ainda que nenhuma das nossas famílias seja do Alentejo. E isto tem a ver com a repetição, com as novas memórias que vamos criando.

E se calhar é por isso que o Zé Varunca é um restaurante ao qual voltamos ocasionalmente, ainda que tenhamos uma ideia muito clara desde a primeira visita: gostamos muito das entradas que já estão na mesa quando nos sentamos, assim como gostamos muito das sobremesas típicas da casa. Agora tudo o que está no meio, ou seja, os pratos principais… aí a conversa já é outra.

zé varunca

Mas como estamos a falar do Alentejo, falemos também do primeiro impacto que temos – e que qualquer pessoa tem – ao entrar no Zé Varunca: parece que estamos no Alentejo. Ou pelo menos naquilo que é a ideia que temos de um restaurante alentejano, especialmente pela decoração e pela louça. Elementos característicos espalhados por todo o lado, pequenos cantos que simulam casas alentejanas, cadeiras coloridas, enfim, é um “Alentejo in your face”. Se pode ser um bocado exagerado? Sim, claro. Mas se gostamos? Sim, é óbvio!

zé varunca

Mas vamos então à comida… que já está na mesa quando chegamos ao restaurante. Sim, o Zé Varunca é daqueles restaurantes onde as entradas já estão na mesa quando nos sentamos, um truque muito antigo e que geralmente resulta sempre. A diferença do Zé Varunca para muitos outros restaurantes é que aqui não nos arrependemos de cair nesse truque! Na ementa chamam-lhes “Saladinhas Diversas” e temos aqui coisas como salada de polvo, salada de grão com bacalhau, ovos de codorniz, torresmos de rissol, choco frito, queijos diversos, paio do bom, papa ratos (que é massa de farinheira frita)… enfim, temos aqui muito petisquinho daquele mesmo bom, mesmo apurado, excelente para abrir as hostilidades numa mesa grande. Tudo com uma qualidade acima da média, ao ponto termos de nos controlar para não acabar com tudo!

zé varunca

Ora, o começo é mesmo muito bom, e entretém enquanto se escolhem os pratos principais. Que, como escrevemos mais lá em cima, não são maus… mas são simplesmente mais normais. Não surpreendem, acrescentam pouco a nível de sabor, depois do banquete que são as entradas. Por exemplo, as Migas à Alentejana com Entrecosto são servidas num cacete, o que visualmente é engraçado, mas depois as migas estão demasiado salgadas e a carne um pouco rija. O que já não acontece com os Secretos de Porco Preto, tenrinhos, servidos com umas Migas de Couve bastante agradáveis.

zé varunca
zé varunca

A Açorda de Gambas é bem servida e tem muita gamba, mas aqui o problema é a falta de tempero, falta-lhe sabor… assim como a Perna de Borreguinho Assada no Forno, prato que esperávamos viesse servido com uma perna do bicho e não com a carne já desfiada, e que também peca por falta de intensidade. Ainda provámos a Língua de Vitela Estufada, que sendo boa, não é inesquecível. Lá está, a comida alentejana tem alma, tem muito sabor. E aqui no Zé Varunca os pratos principais não nos transmitiram isso…

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Felizmente, voltamos a um registo acima da média com as sobremesas! Aqui já sentimos que há amor na comida, que são mais saborosas. Muito boa Sericaia com Ameixa, óptima textura, o que também acontece com as Farófias, servidas com aquele leite creme guloso. A Encharcada é um bomba, como habitual, e ainda pedimos uma Torta de Laranja muito equilibrada, para além de muito bem servida. Excelente forma de terminar a refeição (até porque o café que se seguiu era fraquinho, ainda que servido com vários tipos de açúcar).

zé varunca

Enquanto vemos a conta – apresentada dentro de um cartucho – percebemos que as entradas todas que estão na mesa e que inevitavelmente comemos são o que inflaciona mais o valor que pagamos. Mas numa última visita éramos 8 na mesa e todos concordamos que as entradas também são aquilo que mais gostámos, já que os pratos principais foram mais “normais”. É certo que nem todos os restaurantes conseguem ser muito bons em tudo o que nos servem, mas esperávamos do Zé Varunca um bocado mais de sabor nos pratos principais. Que, no fundo, são aqueles que melhor representam o Alentejo do qual este restaurante é um bastião. Mas pronto, sentimos isso com as entradas e com as sobremesas… o que já não é mau de todo!

Preço Médio: 30€ pessoa (com vinho da casa)
Informações & Contatos:

Av. Eng. Bonneville Franco, 22 A | 2770-062 Paço de Arcos | 21 441 1839

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