MADRASTA

A casa da Madrasta é mais cara que a casa da mãe…

Tem sido recorrente falar sobre os preços dos restaurantes que visitamos, porque se tem assistido a uma tendência de aumentos na área da restauração, a todos os níveis. Sim, sabemos que a matéria-prima tem aumentado também, ou seja, os custos são maiores… mas a verdade é que se está a tornar cada vez mais difícil para um casal/família “normal” (aquela chamada “classe média”) manter um estilo de vida onde consegue ir jantar fora uma vez por semana, por exemplo. Os restaurantes queixam-se de estar vazios, mas a verdade é que isso é um reflexo do aumento dos preços dos pratos, aumentos esses que, na grande maioria das vezes, não refletem um aumento de qualidade. Muitas vezes nem sequer a manutenção da qualidade, temos visto acontecer o inverso.

Este enquadramento serve para mais de metade dos restaurantes onde temos ido pelo menos desde o início deste ano, é verdade. Mas estamos a escrevê-lo como introdução ao Madrasta porque foi o que sentimos quando saímos do restaurante, onde fomos almoçar a três: pagámos um valor excessivamente alto pelo que comemos. Não quer dizer que a comida tenha sido má, que não foi. Mas é tudo demasiado caro. E se em alguns pratos percebemos que estamos a pagar proteínas que têm um custo elevado, noutros não conseguimos encontrar justificação… e no final saímos do Madrasta a pagar quase 60€ por pessoa. E bebemos água.

madrasta

O Madrasta é o mais recente restaurante do Grupo Non Basta, que tem restaurantes italianos como o Pasta Non Basta, o Memoria ou o Provincia. Por isso, é normal que exista alguma expectativa, por que esta malta sabe o que faz. E aqui há mesmo todas as condições para o restaurante ser um sucesso: uma localização excelente – mesmo no centro do Jardim de Paço de Arcos – aliada a um espaço com características mista – uma sala interior, outra mais aberta com vista jardim, uma esplanada e ainda um terraço com vista rio.

Além disso, o Madrasta tem uma comunicação bem trabalhada e com piada, e tudo isto complementado por uma oferta de pratos que vai desde a comida tradicional portuguesa até às pastas e pizzas características de outros restaurantes do grupo. E lá pelo meio, pratos com proteínas um pouco mais premium, justificadamente mais caros que os restantes. Mas a verdade é que basta olhar para a ementa assim de relance para perceber que todos os preços estão um pouco acima da média… enfim, já lá vamos.

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Assim que nos sentamos à mesa, temos prontamente um empregado ao nosso lado, a apresentar-se e a dizer que vai cuidar de nós e acompanhar-nos durante toda a refeição. É uma boa política e seria realmente fantástico… se acontecesse dessa forma. Durante o nosso almoço fomos sendo atendidos por várias pessoas diferentes, repetimos alguns pedidos, tentámos chamar a atenção do primeiro empregado, sem sucesso. Nada a apontar à simpatia do serviço, de todo, mas pareceu-nos que ainda faltam ali afinações sobre zonas de sala/mesas e responsáveis por elas. Isso faz com que muitas vezes vejamos os empregados a circular de um lado para o outro, como baratas tontas, sem realmente estarem a servir nenhuma mesa.

Começamos então pelo couvert, um pão por pessoa e depois uma tacinhas minúsculas com manteiga, azeitonas e cenoura temperada, que nos é prontamente servido depois de pedirmos as entradas. Ora, essas entradas demoram aquilo que nos parece uma eternidade a chegar à mesa – foram cerca de 40 minutos. Sendo que 10 minutos depois delas estarem na mesa – quando ainda as estamos a comer – começamos a ver os empregados a aproximarem-se com os pratos principais. Falta de timing e falta de coordenação, mas pronto. Voltemos à comida.

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Pedimos os Pastéis de Massa Tenra de Camarão e Choco, com Maionese de Chipotle (3 unidades, 9,5€), que cumprem a promessa do picante e são bastante agradáveis. Ao mesmo tempo, uma entrada que sabíamos que tinha de ser cara por causa da proteína: o Cachorro de Lavagante, novamente com Maionese de Chipotle (23€), muito bom o recheio e o próprio pão do cachorro, pena ser servido com chips de batata frita frios. Os Ovos Rotos Trufados com Presunto 100% Bolota é que nos parecem demasiado caros para o que nos é servido (19€). E aqui a batata palha não funciona definitivamente, porque o que é bom nos ovos rotos é o facto das batatas ensoparem o ovo e tudo ficar assim meio pastoso. Ora, com batata palha isso não acontece.

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Chegam então os pratos principais, ainda com as entradas a serem terminadas na mesa. Não vamos para as pizzas, escolhemos pratos mais “tradicionais”, se preferirem. O Arroz de Forno com Magret de Pato é-nos entregue na mesa chamando-lhe “arroz de pato”, que não é. É sim um arroz de forno normalíssimo, que até precisava um pouco mais de forno para ter aquela camada crocante em cima, servido com 5 fatias de magret de pato em cima. Honestamente, não percebo porque é que não é servido o peito completo, porque assim é claramente pouca carne para o arroz. E isso nem quer dizer que a dose seja grande, porque não é… e custa 22€. Outro arroz, este o Arroz Cremoso de Lavagante, que custa 24€ e é servido num tachinho ainda mais pequeno. Três pedaços do bicho, cozinhado no ponto, um arroz com a cremosidade certa, mas uma dose que acaba em meia dúzia de colheradas.

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O terceiro prato na mesa são as Costeletas de Borrego Grelhadas com Acelgas Salteadas e Molho Chimichurri (20€). Boas as costeletas, ainda que lhes falte sal, normais as acelgas, demasiado ácido o molho chimichurri. Mas aqui já não há nada a apontar ao tamanho da dose.

Um reparo geral a todos os pratos: estão demasiado condimentados. Na mesa há quem diga que são todos picantes, mas nem é o picante, há é demasiados condimentos em tudo. Os arrozes são tão condimentados que perdem um pouco o sabor que deveriam ter, e até as acelgas que acompanham o borrego têm malaguetas… será por estarmos em casa da Madrasta e não da mãe?

Queremos terminar o almoço com sobremesa, mesmo que já tenhamos olhado para a ementa e percebido que o preço de quase todas é 8€. Honestamente, mesmo tendo em conta que os restaurantes estão cada vez mais a “puxar” pelo preço das sobremesas, aqui no Madrasta parece-nos muito exagerado. 8€ por uma fatia de Tiramisù? Tem de ser o melhor do Mundo… e não é. Temos aqui um bom Tiramisù, mas comparado com aquele que habitualmente comemos no Memoria (do mesmo grupo) este é mais seco, mais massudo.

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E a outra sobremesa que pedimos para partilhar é o Doce 7 Camadas, que não percebemos muito bem o que vai ser quando pedimos para nos explicarem. Esperávamos camadas, porque nos descrevem vários ingredientes, mas quando nos é servido diretamente de uma taça, percebemos que essas camadas até podiam existir… mas destroem-se todas no prato. No fundo parece daquelas sobremesas que comemos em almoços de família, com tudo e mais alguma coisa, que depois ninguém se preocupa minimamente em fazer parecer apresentável, porque é só uma bomba calórica. Este Doce 7 Camadas é isso mesmo: calorias, doçura, texturas… sem cuidado em ser bonito, porque sabe bem. Mesmo sendo caro (8€), foi o prato onde mais sentimos o conceito do restaurante, o estarmos em casa da Madrasta.

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No final, ficou um almoço muito mais caro do que tínhamos antecipado: quase 60€ por pessoa. E sim, podem até argumentar que escolhemos entradas caras e tal… Mas comemos uma entrada e um prato principal por pessoa, dividimos sobremesas e bebemos água. O que sentimos os três foi que o preço é demasiado alto especialmente para as quantidades e para o serviço um bocado alheado. Nada de gritante a apontar à qualidade ou à confecção – com a excepção dos reparos que fomos fazendo ao longo do texto – mas realmente sentimos que o Madrasta é overpriced para aquilo que nos serve. É certo que, quem quiser, consegue almoçar ou jantar por 20€, se comer uma pizza e beber um refrigerante. Só que isso raramente acontece, não é verdade? E sim, estamos a pagar a localização e alguma vista, também sabemos disso. Mas ainda assim…

Ora, numa altura em que as pessoas da “classe média” cada vez mais fogem dos restaurantes, esses deviam fazer uma introspeção e tentar perceber porque é que isso acontece. Na nossa opinião, isso deve-se a algum exagero nos preços praticados. E enquanto esses mesmos restaurantes estiverem cheios, não parece haver problema. Mas e quando começarem a ficar às moscas?…

Preço Médio: 40€ pessoa (e sem vinho nem cocktails)
Informações & Contactos:

Rua Jardim Municipal de paço de Arcos | 2770-066 Paço de Arcos | 21 151 30 12

3 comentários em “MADRASTA”

  1. Sim, é bastante caro.
    Não gostei da política de terem tempo limite para duração do jantar, não gostei da percentagem estipulada para gorjeta e, acima de tudo a desorganização geral dos funcionários.
    A não voltar

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  2. No final explicaram tudo… pediram pratos caros acharam caro..
    mas pode se comer por 20eur se formos para pizzas 🤣

    Então a escolha do cliente é que faz o restaurante ser caro ou não?!

    Não como por 20eur em lado nenhum…

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  3. Não posso estar mais de acordo.
    Imaginem se tivessem pedido vinho.
    É escandaloso! Infelizmente há mercado estrangeiro, ainda para mais nesta zona, que favorece este abuso.

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