ILHA DO SAL (CABO VERDE)

O destino ideal para fazer praia… e pouco mais.

Esta coisa das férias de resort não é propriamente a nossa praia (viram o trocadilho que aqui fizemos?), mas ocasionalmente sabe bem passar uma semana inteira onde a única decisão que temos de tomar é se vamos à praia ou à piscina. E depois de uma experiência mais ou menos falhada em Saidia (podem ler aqui o que escrevemos), achámos que a Ilha do Sal (em Cabo Verde) era uma escolha segura. E foi só no regresso que chegámos à conclusão que serve de título a este artigo.

ilha do sal

A Ilha do Sal (a par da Boa Vista) é o principal destino de praia de Cabo Verde, por isso é também para onde vão encontrar mais planos em agências de viagens. E não se enganem a vocês mesmos (ou sejam enganados pelas agências): a Ilha do Sal é um destino de praia, ponto final. Vão falar-vos de passeios, localidades e coisas para ver, mas é tudo acessório (e bastante desinteressante), porque a praia é mesmo o mais importante. Por isso, vamos deixar aqui várias dicas e relatos do que fizemos, para orientar as vossas férias na Ilha do Sal.

QUANDO IR?

A época alta na Ilha do Sal é a partir de Agosto, é quando há mais turistas e está mais calor, mas nós por acaso fomos em Junho, na altura dos feriados, e esteve-se muito bem a nível de temperatura. Mas preparem-se: vão sempre encontrar muitos portugueses. Se querem desligar da “tuga”, não é o melhor destino.

ilha do sal

ONDE FICAR NA ILHA DO SAL?

Há resorts em dois pontos da Ilha do Sal, sempre na linha de praia, mas sugerimos ficarem naqueles que são na linha de praia que termina na vila de Santa Maria (a principal localidade da ilha). Isto porque permite-vos ir a pé até à vila, para variar um pouco da vida de resort. Se ficarem nos hotéis da outra extremidade da ilha, estão dependentes de taxi ou transferes para o fazer, o que acaba por ser mais caro. Em qualquer hotel tem de se pagar uma taxa municipal, por isso não fiquem surpreendidos.

E a escolha do Hotel vai determinar grande parte da vossa experiência, acreditem! A praia é a mesma, é verdade, assim como o que se pode fazer na ilha… mas há diferenças radicais entre os resorts de 4 e de 5 estrelas. Nós quisemos poupar uns trocos e ficamos no Oasis Belorizonte Atlântico (de 4 estrelas) e sofremos as consequências:

. buffets fracos e repetitivos, é tudo muito frito e internacional, e é claramente menos mau ao almoço do que ao jantar, mas depois os restaurantes temáticos também não são muito melhores, safa-se talvez o italiano pelas pastas feitas na hora;

comida cabo verde

. mas se por acaso ficarem neste hotel, há um dia de comida cabo-verdiana, e é servida cachupa e grogue a meio da tarde, feita nos jardins do hotel, numa ambiente de festa que foi dos melhores momentos da nossa semana!

comida cabo verde

. internet apenas disponível na recepção, e mesmo o serviço de wifi que é vendido pelo hotel não funciona fora dessa zona…

. muita animação e barulho, principalmente vindo do grupo de animadores do próprio hotel, que faz aulas de tudo e mais alguma coisa durante o dia, mesmo na praia, onde o que queremos é descansar sem barulho… e mesmo à noite há música e animação, e como as paredes dos quartos são relativamente finas, se ficarem perto do complexo principal do resort, não vão conseguir adormecer cedo;

. e simpatia “ajustada” a um hotel de 4 estrelas, além de alguma lentidão no serviço – se bem que o lema da ilha é “no stress”, por isso assumimos que isto seja generalizado…

Mas há imensos gatos bebés no hotel, que estão muito habituados a turistas!

Nessa mesma linha de praia têm o Oasis Salinas (de 5 estrelas) ou o Funaná, e pelo que fomos vendo quando por lá passávamos e ouvindo de outras pessoas, são ambos bastante melhores – e a diferença de preço não é significativa.

METEOROLOGIA

Uma coisa que não nos avisaram mas que depois ouvimos de vários turistas habituais é que na Ilha do Sal está sempre vento. Está calor e o sol queima na mesma, mas o vento vai ficando mais intenso para a noite. Por isso é melhor levarem uma camisola ou um pequeno casaco para a noite, já que a temperatura baixa um pouco e o vento pode criar algum desconforto.

ilha do sal

Esta questão do vento leva também àquela recomendação base: levar protetor solar! Porque o vento parece cortar o calor… só que não. E o que vão ver mais são pessoas deitadas nas espreguiçadeiras com escaldões enormes.

O QUE FAZER NA ILHA DO SAL?

APROVEITAR A PRAIA

No fundo, estamos a falar de uma ilha com uma enorme extensão de praia, que é igual para todos os hotéis. A água é límpida mas tem alguma ondulação, e fica mais quente conforme o calor que estiver cá fora. A zona em frente aos hotéis tem imensos chapéus e espreguiçadeiras reservadas para hóspedes, mas convém chegarem por volta das 9h, porque muito mais tarde fica tudo ocupado – sim, porque aqui também há aquele fenómeno idiota da malta que deixa as toalhas a marcar lugar quando vão para o almoço…

Uma coisa que se faz muito na Ilha do Sal é MERGULHO! Descobrimos uma escola de um português – Manta Diving Center – onde fizemos um batismo muito bom e ainda vários mergulhos diferentes. Seja esta ou outra, é completamente seguro, os preços são bastante acessíveis e, acima de tudo, há muita coisa para ver em profundidade!

ilha do sal

VISITAR SANTA MARIA

É a localidade mais próxima da principal linha de hotéis, e até há um passeio empedrado junto à praia que vos leva até lá. É um empedrado mal feito, por isso tenham cuidado com os pés, vimos muita gente a torcer o pé.

Santa Maria tem um pontão logo no início, onde aos dias de semana (por volta das 10h da manhã) chegam os barcos dos pescadores para vender peixe fresco. É engraçado ver o pessoal a amanhar o peixe, naquela azáfama divertida dos pescadores.

ilha do sal

Existe depois uma rua principal com bares e lojas mas pouco mais. Não deixa de ser um bom passeio ao final da tarde ou mesmo depois do jantar, especialmente porque passados uns dias começamos a ficar fartos do resort. Há um bar a meio desta rua chamado Buddy onde há música ao vivo na esplanada, e é o mais frequentado pelos turistas.

O pessoal na rua vai meter-se convosco, perguntar se são portugueses, e depois tentar vender coisas, claro. E também há alguns miúdos na rua que pedem dinheiro, mas são poucos.

Depois, e mais importante que tudo: há um restaurante espetacular em Santa Maria! É mesmo perto do pontão, uma esplanada tapada com vidros. Chama-se Creperia Sol Doce e o senhor da grelha é português (é o Carlos). O peixe é fantástico porque o homem sabe mesmo trabalhar a grelha, e o peixe do dia custa 9€, sem bebidas. O marisco é mais caro, mas é tudo delicioso e muito melhor que a comida do hotel. E ainda podem ver os pescadores a aparecerem com o peixe e ele a negociar os valores, é todo um filme!

comida cabo verde
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Ainda a nível de restaurantes, no final da rua principal têm um pequeno espaço chamado Café Crioulo, onde a especialidade é a cachupa! E atenção que os cabo verdianos comem cachupa ao pequeno almoço, por isso é giro ir lá a essa hora e entrar no registo local 😉

OUTRAS EXCURSÕES

Se forem através de agência, logo no segundo dia vão ter aquela habitual reunião de briefing na qual, além de informações mais ou menos inúteis sobre o próprio hotel, vão receber a informação das tours que podem fazer. E, claro, vão dizer-vos que é tudo fantástico e imperdível… só que não.

ilha do sal

A Ilha do Sal é extremamente pobre e deserta, por isso os poucos pontos de atração a que podem ir em excursões são literalmente os menos maus da ilha. Por isso, caso queiram fazer isto, optem pela excursão de meio dia, onde vão a quatro pontos que vos permitem dizer que não estiveram sempre no resort, mas sem perder um dia inteiro:

Olho Azul e Buracona

Pronto, é basicamente um buraco no meio das rochas onde o sol bate e cria um reflexo muito azul na água. Só pode ir uma pessoa de cada vez espreitar pelo buraco, por isso há sempre filas. Ao lado tem umas piscinas naturais e pronto, está feito. Mas ainda vão ter de passar pelo bar de cocktails, onde acabam sempre por consumir alguma coisa.

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Miragem

Isto é só parvo… lembram-se quando eram miúdos e iam para o Algarve pela Nacional no Verão, e o calor provocava aquele efeito que parece água no asfalto? A Miragem é basicamente isso: levam-vos a uma zona de deserto e, ao longe e com o calor, dá ideia de existir água. Só que não… mas o que existe nesse ponto é uma loja de artesanato, claro.

Shark Bay

Não pensem que vão ver tubarões a sério, ok? Estamos numa baia com água pelos joelhos e há alguns tubarões bebé que às vezes se aproximam das pessoas, sem perigo nenhum. Nós conseguimos ver um, de fugida, e está feita a atividade.

Salinas

É provavelmente o mais impressionante destes pontos de interesse, as salinas da ilha, que têm uma extensão ainda significativa. O que é mais engraçado aqui é deixarem-nos boiar na água, por isso levem fato de banho e toalha – que vão ficar irremediavelmente manchados.

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NOITE NO FUNANÁ CASA CULTURA

É um centro cultural e restaurante que há junto à praia, relativamente perto de Santa Maria. É um espaço muito giro para ir jantar ou ir só à noite ver o espetáculo. Às quintas-feiras à noite há discoteca e na sexta-feira há noite cabo verdiana, com música ao vivo e jantar buffet de comida típica (cerca de 20€ sem bebidas ou 30€ com bebidas). É uma coisa turística, é verdade, mas tendo em conta que a Ilha do Sal é um destino só para turistas, esta é daquelas coisas que não podem perder mesmo.

O QUE COMER?

Pois que está quase tudo dito nos parágrafos em cima… Em primeiro lugar, não esperem buffets recheados de marisco, nem nos hotéis nem nos restaurantes. Há algum marisco mas nada de extraordinário – temos de ter em conta que comemos bom marisco cá em Portugal. Têm mesmo de provar Catchupa, e arrisquem a comer num restaurante local e ao início da manhã, é estranho mas não se vão arrepender. O mesmo com a Moamba, ainda que não se encontre tantas vezes. E peixe fresco, grelhado, comam sempre que possível, porque nos resorts é sempre tudo mais frito.

comida cabo verde

O que não podem mesmo fazer é comer alimentos sem ser cozinhados nem beber água da torneira (nem sequer lavar os dentes!). Mas isso é mais ou menos o habitual em países deste género.

PRENDINHAS PARA TRAZER PARA PORTUGAL

Evitem comprar coisas à malta que está a vender na praia ou no caminho até Santa Maria junto à praia. Primeiro, porque dizem que fazem os melhores preços mas se forem às lojinhas em Santa Maria geralmente as coisas são mais baratas – sendo que é tudo igual em todo o lado. E depois porque uma pequena compra faz com que não vos larguem nunca mais, nesse dia e nos dias seguintes. E, claro, na tour que façam, há sempre paragens em lojas “tradicionais”…

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INTERNET

No nosso hotel não havia internet, mesmo quando paga, por isso ou escolhem um hotel de 5 estrelas e arriscam… ou então compram um cartão de dados. Em Santa Maria existe uma loja da CV Telecom, logo no início da rua principal, onde se pode comprar um cartão para o telemóvel e pedir para ativar um plano de dados. Uma semana custa entre 10€ e 20€, e atenção que os dados gastam-se rápido. O melhor horário para fazer esta compra é logo ao início da manhã, tipo 9h, porque o atendimento é muuuuuuito leeeeeeeento…

DINHEIRO

A moeda nacional é o Escudo, mas na Ilha do Sal todos aceitam Euros em qualquer lado. Lembrem-se só que, se levantarem dinheiro, vão receber Escudos e acabam por pagar taxas. Nós safámo-nos numa semana com cerca de 400€, para duas pessoas, contabilizando já a excursão de meio dia (30€ a 40€ por pessoa), a taxa municipal do hotel, um ou dois almoços fora, um jantar e espetáculo no Funaná e alguns presentes. E se for preciso podem levantar dinheiro em Santa Maria.

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SEGURANÇA

A Ilha do Sal é um destino seguro, na sua generalidade. Mas, como em tudo na vida, é seguro se tivermos alguma noção. É giro ir beber um copo à noite em Santa Maria, mas se fores o último turista a sair do bar e andares sozinho nas ruas à noite, nunca se sabe. Assim como se saíres para fora das ruas movimentadas e com lojas e entrares nas zonas de bairro, também vai ser mais desconfortável – e nem tens nada para ver. Ou seja, é ter um bocadinho de noção e atenção. É importante ser simpático com os vendedores, mesmo quando se diz que não, para não hostilizar ninguém. Mas isso são regras do bom senso, por isso basta segui-las e, como se diz por lá, “no stress”. 😉

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