Ramen para todos os gostos. E não só.
Desde que voltámos do Japão que temos andado numa demanda à procura dos melhores sítios para comer ramen em Lisboa. Aliás, ramen e derivados, incluindo alguns outros petiscos que encontrámos em izakayas um pouco por todo o Japão. Em relação ao ramen, recolhemos já uma grande amostra, que podem encontrar neste artigo sobre os Melhores Restaurantes para Comer Ramen em Lisboa. Um deles é, sem dúvida, o Afuli LX.
O Afuri LX faz parte de ma cadeia internacional de restaurantes especializados em ramen, mas por cá até lhe acrescenta “izakaya” na designação. Ou seja, sabemos que podemos esperar ramen, mas também muito mais. No Japão as izakayas são basicamente pequenas tascas, onde geralmente comemos comida rápida e simples, sentados ao balcão. No caso do Afuri LX esqueçam a lógica do balcão, mas na carta vão encontrar o tipo de petiscos dos quais vamos falar de seguida.
A sala do Afuri LX é grande e efectivamente até tem um balcão no fundo, mas a quase totalidade das pessoas prefere as mesas normais. Quando entramos o restaurante está cheio, e curiosamente tem um misto de locais, turistas e, no meio desses turistas, muitos asiáticos. Pode ser bom sinal, mas a verdade é que o restaurante fica no Chiado, por isso é normal que cá apareça muita gente mais por curiosidade e menos por já conhecer a qualidade da confecção.
A carta dá destaque claro ao ramen, em várias versões, mas realmente inclui bastantes pequenos “petiscos” japoneses, pratos mais simples e quase de street food, que realmente se encontram nas izakayas em Tóquio, por exemplo. E que também já são mais ou menos habituais nos novos japoneses de Lisboa. Alguns efectivamente japoneses, outros nem por isso. Pedimos vários “petiscos” para partilhar ainda antes do ramen, que foi a razão da nossa visita!
E começamos com algo que estava em destaque no dia que que fomos jantar ao Afuri LX: os Korokke, que são uma espécie de croquetes de batata à moda japonesa, uma variante divertida dos croquetes como os conhecemos. Não é a coisa mais surpreendente do mundo, mas é uma entrada engraçada. Menos surpreendentes são as Gyozas de carne, ainda que estejam perfeitamente cozinhadas. O recheio precisava de ser mais rico e contrastante, sabe principalmente a carne e nada mais. É pena…
Depois chegam outros dois pequenos pratos, só mesmo para picarmos todos os items principais da carta. Por um lado, as espetadas, ou antes, a Neguima Tare Robata Skewer, que é como quem diz uma espetadinha com pequenos pedaços de frango, cebolo e molho yakitori, surpreendentemente gostosa muito por causa do molho. Devíamos ter pedido mais uma destas, porque ao mesmo tempo recebemos o Bao de Barriga de Porco, que até é originalmente chinês, mas que foi apropriado pelos asiáticos espalhados pela cidade e que por isso ninguém estranha encontrar na ementa de uma izakaya japonesa. A massa do bao é sensaborona e o recheio também não é nada de especial, aliás, a carne peça por ser seca, mesmo debaixo do molho.
Mas pronto, tudo passa quando chega o ramen!
Pedimos dois ramen diferentes, para perceber as diferenças entre eles a nível de ingredientes e especialmente no caldo, que é a base de qualquer ramen. O Yuzo Ratan tem uma base de caldo de galinha, fatias de carne de porco, ovo, chicória, rebentos de bambu, alho, alho francês, sementes de sésamo, yuzo e alga nori. Coisas a mais, dizemos nós, porque o caldo é bom o suficiente para precisar de tanta coisa a boiar lá dentro. No Japão o ramen segue a lógica do “menos é mais”, mas não estamos no Japão. De qualquer forma, bom caldo, sem dúvida, ainda que a carne de porco que lá vem dentro pareça tão seca com a do bao.
Depois, o Tonkotsu Tantanmen, que era aquele que já sabíamos à partida que íamos pedir. Ficámos fãs do tonkotsu no Japão, porque basicamente é um caldo espesso e intenso de carne, forte, muito forte. No Afuri LX o caldo é bastante bom, dos melhores que se comem em Lisboa (no que respeita a tonkotsu). Também aqui há demasiados ingredientes a boiar lá dentro – carne de porco picada, bok choi com alho, alho francês, cogumelos shitake, gengibre e um ovo (ou metade) pedido como extra – mas no geral é muito bem conseguido e muito próximo do que comemos no Japão, a nível de sabor.
Só uma nota final em relação aos dois ramen aqui servidos, e que começa a ser um hábito na maioria de restaurantes que serve o mesmo prato. Se a descrição fala de “ovo”, espero um ovo inteiro! Pode até já estar cortado ao meio para ficar melhor nas fotografias, mas espero não ter apenas uma metade de ovo no meu ramen! E infelizmente isto está a tornar-se a regra em vez de ser a excepção, o que é só parvo. Enfim.
Fechamos a noite com uma sobremesa, porque já não conseguíamos mesmo comer mais. O ramen enche bastante e nós ainda tínhamos sido ambiciosos no início, por isso não dava mesmo para mais do que dividir um Tiramisu de Matcha. Uma sobremesa curiosa, porque tem realmente a textura de um tiramisu e o sabor a matcha não é tão intenso como estaríamos à espera. Bastante bem conseguido, sim senhor.
O jantar fica mais caro do que na generalidade dos casos, porque realmente experimentámos demasiadas coisas. Se ficarem pelo ramen e bebida, fica bastante em conta. Além disso, as doses são bem servidas, por isso saem do Afuri LX satisfeitos a todos os níveis. E podem nem sequer ir lá pelo ramen, porque existe muito mais na lista do que se poderia esperar. Aliás, esta é uma das grandes vantagens deste restaurante em relação a outros “japoneses de ramen” em Lisboa: a oferta é muito variada, não só a nível de ramen como de tudo o resto, o que faz com que exista algo para todos os gostos.
Pode não ser um ramen exactamente como a maioria que comemos no Japão, mas a verdade é que isso não acontece com nenhuma comida “do Mundo”. No panorama da restauração lisboeta, o Afuri LX enquadra-se na perfeição. E tendo em conta que esta trend do ramen continua a crescer, este restaurante vai certamente continuar sempre cheio, tanto de turistas como de lisboetas. E pela variedade e qualidade (no geral), é merecido.
Preço Médio: 18€ pessoa (só ramen, sobremesa e bebida)
Informações & Contacto:
Rua Paiva de Andrade, 7-13 | 1200-310 Lisboa | 968 710 555