Uma marisqueira sem marisco (vivo), mas com muita pinta!
O nosso jantar no Isco teve altos e baixos, mas saímos desta marisqueira moderna da Bica convencidos de que o restaurante vai ser um sucesso. Aliás, vai continuar a ser, porque a casa está constantemente cheia. Terá muito a ver com o facto de ser gerida por uma das responsáveis das Taberna e Petiscaria Ideal, que sabe como pegar em conceitos tipicamente portugueses e transformá-los em êxitos comerciais… mas também tem muito a ver com o conceito do restaurante.
Não me canso de dizer que gosto de restaurantes com conceito, e no Isco é impossível negar que ele existe e está muito bem pensado. A ideia é ser uma marisqueira “moderna”, onde estamos completamente fora do registo do marisco vivo em aquários. A decoração é uma reprodução o mais fiel possível de uma cabana de pescador, cheio de pormenores deliciosos que já terão sido partilhados nas redes sociais dezenas de vezes. Ao contrário do que acontece com outros restaurantes, aqui tudo faz sentido e ajuda a construir o ambiente.
O restaurante não é grande e por isso está sempre cheio (inclusivé tem sistema digital de senhas para quem espera). Alguns estrangeiros, é verdade, mas maioritariamente portugueses, o que só demonstra que é um conceito com o qual nos identificamos.
Gente jovem, ambiente bem disposto, serviço que parece não ter mãos a medir mas que nunca perde a simpatia. Aliás, quem nos serve não só nos vai sempre perguntando acerca do que estamos a achar, como no final ouve tudo o que apontamos, com genuíno interesse. Isso é meio caminho andado para o sucesso de qualquer restaurante.
E aquilo que temos a dizer em relação à comida é que no Isco há muito boas ideias e criatividade, ainda que nem tudo esteja perfeito. A ementa tem amêijoa, berbigão, lingueirão e camarão, sendo que segue uma lógica de pratos para partilhar, e a sugestão é exactamente essa: escolher três ou quatro pratos e ir petiscando.
Nós começamos com os tacos de peixe frito, bastante mais pequenos do que estávamos à espera, mas ainda assim bastante saborosos e surpreendentemente frescos.
Depois chegaram os rissóis de camarão com arroz de tomate… que não eram bem o que estávamos à espera. O arroz podia estar mais apurado e saber mais a tomate, mas percebemos que isso são gostos; agora os rissóis é que não são rissóis e sim crepes em formato triangular. Percebo que seja a versão do restaurante, mas este tipo de massa torna-se demasiado oleosa e o recheio (que é bom!) fica-se pelo meio, não chegando às extremidades. Que ficam apenas massa de crepe oleosa. É pena.
Muito melhor é o ceviche de peixe branco e salmão, muito rico em peixe, dose bastante bem servida, bem condimentado e com um pormenor muito interessante que é o puré de batata doce. O caldo podia estar mais ácido, mas novamente isso são gostos.
Para terminar, dividimos também uma sobremesa, o “não há duas sem três”: um leite creme sobre uma base de puré de maçã, uma combinação surpreendente e deliciosa!
Para beber há vinhos e sangrias, mas também cocktails inovadores, tudo servido em copos e jarros também fora do comum. Lá está, é tudo uma questão de conceito.
Mesmo não sendo perfeito, o Isco da Bica tem tudo para se tornar uma referência. Porque está cheio de boas ideias, porque tem gente simpática ao leme e porque o conceito agrada a todo o tipo de pessoas. Para nós foi uma boa surpresa, e é daqueles sítios que vamos querer ver a crescer. Voltando frequentemente, claro.
Preço Médio: 16€ pessoa (2 pratos a dividir e cerveja)
Informações & Contactos:
Rua do Almada, 31 | 1200-021 Lisboa | 21 346 1376
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