XXL by OLIVIER

Bem-vindos à (nova) casa do Olivier!

O XL mudou… ou antes, sofreu um makeover. Para melhor, dizemos nós. Ficou mais ambicioso, mais elitista, mais sofisticado, ganhou um outro X, aumentou um tamanho. Mas, ao mesmo tempo, tornou-se mais intimista, mais reservado, mais próximo de quem lá vai jantar. O Olivier da Costa fez uma operação tipo “Pimp My Ride” ao XL e transformou-o no XXL, um espaço onde somos recebidos como se estivéssemos na sua sala de estar, num jantar de amigos.

Esta é a nova casa do Olivier, onde somos todos bem-vindos.

É difícil encontrar um restaurante mais sofisticado onde nos consigamos sentir à vontade, sem aquela pressão social que é inerente a este tipo de restaurantes. Um sítio onde não estejamos limitados a um dress code, onde não estejamos preocupados em falar mais alto ou dizer parvoíces, onde não pensemos duas vezes no que fazemos porque estão a “olhar para nós”. A grande maioria dos restaurantes sofisticados (e por isto quero dizer restaurantes com um “price range” acima dos 60€ pessoa) transmite-nos ainda este peso, mesmo os mais modernos. E, se é verdade que gostamos de ser bem tratados, também é verdade que não nos sentimos completamente à vontade a ter de desempenhar um papel formal… quando não é o que somos.

xxl by olivier sala

Isto sempre foi o que sentimos em relação ao XL. Ao antigo XL, claro. Mesmo ao lado da Assembleia da República, o restaurante era a casa de gente importante (políticos e altas esferas da sociedade), o que se sentia perfeitamente quando lá entrávamos. Havia logo uma barreira enorme entre a forma como nós (cliente normal) éramos tratados… e o tratamento que víamos ser dado a outras mesas. Talvez por isso mesmo, e com a mudança das tendências na restauração lisboeta, o XL foi ficando cada vez mais ultrapassado, até fechar e cair no esquecimento.

Mas tudo isso mudou durante o ano de 2020, quando o “restauranteur” Olivier da Costa resolveu adquirir o espaço, com o qual tinha uma relação emocional, e dar-lhe o seu toque pessoal. Uma espécie de “Querido Mudei a Casa” misturado com “Pimp My Ride”, que transformou o XL em XXL e tornou tudo mais imponente, desde o espaço à própria carta.

xxl by olivier sala

Ora… uma das coisas mais curiosas no novo XXL é que, dentro do universo de restaurantes do Olivier, é simultaneamente dos mais requintados e também mais intimistas. Porque em restaurantes como o Yakuza ou o Seen estamos já em ambientes premium, cheios de sofisticação. Mas há uma vibe diferente e mais recatada no XXL, que nos deixa perfeitamente à vontade para um jantar a dois, sem grandes barulheiras nem confusões. E, mesmo com grupos de amigos, este não é um espaço para música alta e brindes com shots de tequila, nada disso. É um sítio para partilhar pratos e, principalmente, partilhar amizades, emoções. À volta de uma mesa, claro.

xxl by olivier couvert

Por isso mesmo, a lógica da carta é a partilha, algo que nos explicam assim que nos sentamos. Partilhar pratos para poder experimentar coisas diferentes, e não necessariamente mais coisas. Por exemplo, começamos logo no couvert, que está na mesa quando nos sentamos: o pão e manteiga são acompanhados de 3 variedades diferentes de saucisson, pickles caseiros e de uma fenomenal Terrine de Campagne (que é uma espécie de paté com carne de porco, fígado de galinha, cebola e conhaque). Também na mesa, algumas das várias Saladinhas de entrada: de Grão, de Pimentos Grelhados e de Favas com Cebola Roxa. Coisas clássicas da comida tradicional portuguesa, aqui servidas de forma a acentuar o conceito de partilha de pratos.

Depois disso, começamos a explorar a ementa propriamente dita, e o primeiro prato a chegar à mesa é o chamado “Ovo”: uma gema de ovo confitada em cima de puré trufado e 4 variedades de cogumelos, que é depois defeito e misturado à nossa frente, para que os sabores se envolvam todos. Uma combinação sempre vencedora, não há como falhar… e não falha mesmo.

xxl by olivier ovos
xxl by olivier croquetes

Outra entrada que já tínhamos debaixo de olho e que não tem como resultar mal é o Croquete de Rabo de Boi, aqui servido com Mostarda Dijon e Foie Gras. O que é que não fica melhor com um pedacinho de foie gras e cima, hein?! O croquete é muito bom, bem recheado, crocante por fora, e depois a mostarda e o foie gras dão-lhe aquele twist de sabor que o eleva a outro nível.

Seguimos com os pratos principais, novamente na lógica da divisão, até porque são doses substanciais, e sempre servidos em louça vintage, toda diferente, quase como se fosse a cada casa da avó. A Picanha de Tamboril é uma tranche do bicho cortada em fatias finas, no meio de um molho Beurre Blanc cortado com Pico de Gallo. O peixe em si é excelente, mas o grande destaque do prato vai mesmo para o molho, que pela sua mistura consegue um equilíbrio muito bom, sem ser demasiado doce ou intenso. O pico de gallo dá uma frescura ao molho que funciona muito bem com o peixe, muito bem mesmo.

xxl by olivier picanha de tamboril

Mas os melhores pratos – ou mais emblemáticos, se quiserem – estavam guardados para o fim. E, voltamos a dizer, são pratos para dividir, porque são intensos e muito bem servidos. Um dos destaques da carta é sem dúvida o Bitoque de Lagosta, e podemos dizer-vos que é um dos melhores pratos que comemos em 2021! Mas assim de longe, de muito longe! Honestamente, quando começámos a ver fotos no instagram, duvidámos: “claro que não vai saber a um bitoque, porque é lagosta!”. Mas a grande surpresa é que efectivamente isto sabe a bitoque… mas de lagosta!

bitoque de lagosta xxl by olivier

Estamos a falar de um bife de lagosta, cozinhado em manteiga e no próprio bisque da lagosta, o que dá ao molho um sabor que oscila entre o marisco e o sabor típico de um bitoque. É um equilíbrio perfeito, acreditem, a cada garfada sentimos a complexidade dos sabores e ficamos maravilhados. E o facto do acompanhamento ser o arroz branco enformado e a batata frita em chip transporta-nos ainda mais para o imaginário do bitoque tradicional, o que completa a experiência. Este é claramente um dos melhores pratos que comemos este ano, assim como é um prato imperdível no XXL.

E o Bife Café Paris não fica nada atrás do bitoque. Estamos num registo de qualidade extrema, por isso não só a carne é fabulosa e é servida no ponto perfeito, como o molho é delicioso. Denso, espesso, equilibrado, aquele molho que pede pão para o terminar até ao último bocadinho.

xxl by olivier bife Café Paris

Há muitos outros pratos na carta, que ficam para outras visitas e outras partilhas, incluindo pratos mais clássicos do antigo XL (como os soufflés, por exemplo). Até porque ainda temos de reservar algum estômago para as sobremesas que, como sabemos nos restaurantes do Olivier, são sempre no mínimo decadentes. Por isso, a mistura desses dois factores faz com que seja óbvio escolher o Soufflé de Ferrero Rocher, uma sobremesa que nos tira anos de vida, de tão gulosa que é! É dar um toque no chocolate para se afundar no soufflé… e siga! 🙂

Ao mesmo tempo, a outra sobremesa, mais clássica: a Fatia Dourada do XXL é servida acompanhada de um gelado, mas quase não é preciso, porque é doce sem ser demasiado doce, tem ali um óptico equilíbrio. Numa altura em que as rabanadas estão tão na moda, aqui esta fatia dourada resulta muito bem e pode competir ombro a ombro com a concorrência. Mas, mais do que isso tudo, é uma sobremesa que, com a ajuda do prato lindíssimo que tem por baixo, nos aquece por dentro, a alma e o coração.

fatia dourada

Conseguimos facilmente passar 2 ou mais horas a jantar no XXL, porque a comida vai chegando na cadência certa, para que possamos conversar à vontade. O serviço e atencioso, como sempre nos restaurantes do Olivier, mas consegue estar presente sem estar… presente, percebem? Há um cuidado extremo para que tudo corra bem no tempo que passamos no restaurante, mas ao mesmo tempo que nos sintamos bem, quase em casa.

pastilhas gorila

Sobre o preço, e mais uma vez, a qualidade paga-se. Há muita gente que não concorda, há muita gente que diz que este tipo de restaurantes é muito caro, mas não consigo utilizar outro argumento. Quando os ingredientes em cada prato são todos premium, é normal que os preços sejam ajustados a isso. E é certo que os restaurantes do Grupo Olivier têm um determinado target, também não há que o negar. Mas a experiência é sempre fantástica e única, por isso vale todos os Euros pagos.

O XXL até pode não ser o restaurante do Olivier com o conceito mais definido a nível da ementa, mas é certamente aquele onde nos sentimos mais em casa. Aliás, desconfio que é aquele que funciona mais como uma extensão da sala de casa do próprio Olivier. É um espaço para receber amigos, para conversar sem confusões, para dividir histórias, gargalhadas e abraços, tudo à volta de uma mesa recheada de comida fora de série (como é apanágio nos restaurantes do grupo). Uma das grandes aberturas do ano, dizemos nós. E aquele bitoque de lagosta entra diretamente para os melhores pratos do ano, também! 🙂

Preço Médio: 50€ pessoa (com vinho)
Informações & Contactos:

Calçada da Estrela, 57 | 1200-661 Lisboa | 911 807 513

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