Açores sempre foram um destino de férias, mas principalmente para turistas estrangeiros. No entanto – e felizmente! – com a pandemia, a maioria dos portugueses começou a ver nos Açores um destino seguro e próximo, o que fez com que houvesse um boom da procura. De repente, parece que todos conhecíamos alguém que estava ou ia para os Açores… não tiveram essa sensação?
Das várias ilhas que constituem o Arquipélago, a mais turística é sem dúvida a Ilha de São Miguel. É também a ilha onde fomos mais vezes, pelo que podemos fazer um roteiro interessante! 🙂 Não são precisos mais de 3 dias na Ilha de São Miguel, e já estamos a contar com algum tempo para descansar. A ilha é pequena, percorre-se toda num dia, com algumas paragens, mas como a meteorologia é completamente incerta, convém ficar mais uns dias para garantir que se consegue ver tudo sem nuvens ou nevoeiro.
Assim como os miradouros, também as vacas estão por todo o lado. De início vão parar para as ver e fotografar, mas depois habituam-se a elas e acabam por se tornar parte da paisagem. São as tias “vacas felizes” do anúncio. É essencial alugar um carro (podem fazê-lo no aeroporto, os preços são aceitáveis) e depois é ir dando a volta à Ilha e parando nos vários pontos de interesse. E é sobre isso que vamos falar de seguida!
Ponta Delgada
Cidade principal da Ilha, acaba por ser um local onde toda a gente passa, mais que não seja porque fica próxima do Aeroporto. Como fica mais ou menos a meio da Ilha, é também uma boa opção para se ficar alojado, ainda que a cidade em si não seja assim tão interessante… As portas da cidade, a igreja matriz, o jardim botânico e a marina são as grandes atracções de Ponta Delgada, e já estamos a ser muito inclusivos.
No entanto, é onde estão os alguns dos principais restaurantes e bares, por isso acabam sempre por lá ir, pelo menos uma vez. Estando alojados noutra zona, basta irem um bocado antes do jantar e vêem os highlights. No fundo, no meio de tanta coisa bonita, não é imperdível. Até porque é muito mais bonito ver a cidade de longe, como parte da paisagem.
As Lagoas
Há três lagoas que não podem perder na Ilha de São Miguel: a Lagoa do Fogo (mais próxima de Ponta Delgada), a Lagoa das Sete Cidades e a Lagoa das Furnas. Todas elas são lindíssimas mas a das Sete Cidades destaca-se por ser a maior e mais imponente.
O grande problema para quem quer ver as lagoas são… as condições meteorológicas. O estado do tempo está sempre a mudar, numa ponta da ilha está calor enquanto na outra a chover, por isso é muito difícil saber quando as lagoas não estão sobre um nevoeiro intenso. Uma técnica que utilizámos e que deu bom resultado foi… (rufar de tambores) … seguir Instastories! Ou seja, estar atentos ao que ia sendo publicado com a localização das lagoas para perceber realmente como estava o tempo lá.
Mas, novamente, como a Ilha é relativamente pequena, podemos sempre passar numa lagoa num dia e, se estiver mau tempo, voltar no dia seguinte. Isso é algo muito comum e connosco resultou sempre.
Perto da Lagoa das Sete Cidades, é imprescindível ir ao Hotel Abandonado, não só pelo hotel em si, grandioso mais completamente abandonado e decadente, como pela vista incrível que tem para a Lagoa. É subirem as escadas até ao terraço e aproveitarem a vista. O hotel está abandonado mas é seguro, desde que tenham as precauções mínimas de segurança.
Os Miradouros
Enquanto andam na estrada que dá a volta à Ilha, de cinco em cinco minutos vão ver um sinal de miradouro. Ao início vão querer parar em todos, mas passado algum tempo vão começando a ficar mais selectivos. Porque são mesmo muitos!
Mas há alguns que não podem mesmo mesmo perder. O Miradouro da Boca do Inferno tem uma vista fabulosa para a Lagoa das Sete Cidades e é brutalmente “Instagramável” (atenção, devem consultar o horário, pois muda consoante a época do ano); o Miradouro do Cerrado das Freiras, com uma vista mais próxima para a mesma lagoa; o Miradouro do Cintrão, na zona mais norte da Ilha, com a paisagem escarpada; na zona do Nordeste, o Miradouro da Ponta do Sossego; e ainda o Miradouro da Barrosa, com vista para a Lagoa do Fogo.
Por fim, um segredo que nem vem no mapa e que descobrimos por acaso: o Pico Bartolomeu, junto a Povoação, que deve ser um dos pontos mais altos da Ilha. Mais não dizemos, vão lá ver!
As Furnas e a Ponta da Ferraria
Outro dos ex-libris da Ilha de São Miguel, com ou sem cozido! A visita à zona das Furnas é surpreendente e começamos a ver as nuvens de fumos a vários kms de distância. Podemos parar na própria localidade e percorrer os caminhos no meio das furnas, onde conseguimos perceber o incrível que é aquela água estar sempre a borbulhar, aquele fumo que mais parece nevoeiro e aquele cheiro a enxofre que nos entra pelas narinas a dentro…
Mas podemos também ir até às Caldeiras da Lagoa das Furnas, onde se fazem os cozidos das furnas, preferencialmente ao final da manhã, para assistir ao ritual que os donos dos restaurantes fazem ao retirar os seus panelões de cozido de dentro do chão.
Não sendo necessariamente nas Furnas, há ainda outra zona na Ilha com águas muito quentes: a Ponta da Ferraria fica no lado Este de São Miguel e, além da proximidade do mar e das vistas que isso proporciona, tem umas piscinas naturais quentes, já mesmo dentro do mar, onde a temperatura da água é como se estivéssemos a tomar um banho de esquentador.
O Parque Terra Nostra
Estas águas aquecidas são uma das atracções mais visitadas de São Miguel, e isso leva-nos ao Parque Terra Nostra. Situado na zona das Furnas, tem uma entrada diária que custa 8€… e que vale cada cêntimo! O destaque é a enorme piscina com água quente e cheia de ferro, que a leva a ter esta cor acastanhada.
Para os mais “comichosos”, provavelmente não vai ser a melhor experiência, pois realmente a pele fica cor-de-laranja e é como estar a nadar num lago cheio de lama… só que não é lama! Outro aviso importante: levem toalhas e fatos de banho/calções velhos, pois com o ferro e as altas temperaturas é normal que não fiquem impecáveis.
O parque em si também é muito bonito e permite-nos passar um bom bocado simplesmente a relaxar. Mesmo à entrada do parque temos o Terra Nostra Garden Hotel, um lindíssimo edifício art deco, onde recomendamos ficar alojado (até porque permite acesso gratuito ao parque, 24h por dia). E fora do Parque temos ainda outra zona de banhos termais, a Poça Dona Beija, mais pequena mais igualmente muito engraçada.
O Nordeste
O Nordeste da Ilha de São Miguel é o lado menos turístico da ilha. A nível de paisagem saímos do registo das grandes lagoas e estamos numa zona onde a ligação da terra com o mar é feita através de encostas escarpadas, mas sempre em tons de verde. O Miradouro da Ponta do Sossego é um dos spots mais impressionantes dessa zona, mas como conseguimos dar a volta à Ilha facilmente, faz sentido passar pela zona e ir parando onde vos apetecer.
As Estufas de Ananases, a Fábrica de Chá e de Licores
Um dos alimentos mais populares nos Açores é sem dúvida o ananás. Por isso, visitem a Estufa de São António! São super simpáticos, têm uma visita guiada que explica tudo sobre como se produz um ananás dos Açores biológico (sabiam que demora 2 anos para cada um estar pronto a comer?!) e no final podem comprar gelado, o próprio fruto ou ainda outros produtos de ananás. É uma excelente experiência!
Outra paragem obrigatória é a Fábrica de Chá Gorreana, que é também um daqueles sítios onde vão tirar uma fotografia igual à de todas as pessoas que passam por lá. Aqui podemos ver todo o processo de produção do chá, completamente artesanal, e ainda provar gratuitamente chá verde e chá preto.
Quanto à fábrica de licores, visitámos a Senhora do Capote. Não achámos assim tão interessante, até porque os preços na fábrica são mais caros do que em muitos outros sítios onde depois vimos esses mesmos licores…
Os Restaurantes
E chegamos à nossa parte preferida! Visitámos a Ilha de São Miguel várias vezes, por isso fomos conseguindo ir a muitos restaurantes, praticamente todos recomendados por quem nos segue nas redes sociais. Podem ler as reviews de quase todos eles se clicarem no nome.
Começando por Ponta Delgada, o maior destaque é – sem sombra de dúvidas – A Tasca!!! Um serviço fantástico, dos mais simpáticos que tivemos nos últimos tempos, comida deliciosa mais na onda dos petiscos açoreanos, e com alguns pratos principais. Lapas, peixe porco, abrótea, atum, enfim, há de tudo e mais alguma coisa. Preços justos e bons vinhos para acompanhar. O único senão? Se lá querem ir marquem de um dia para o outro, porque apesar de estar aberto até às 2 da manhã, tem sempre fila de espera.
Ainda na cidade, fomos ao Mercado da Colmeia, na Marina, comer um bife de alcatra açoreana e provar doces típicos; à Taberna Açor, onde comemos uma alheira de Santa Maria e uma mousse de ananás divinais; e – guilty pleasure!!! – ao mexicano Arriba, que apesar de não ser tradicional foi excelente.
Ora, assim como nós no Continente temos discussões sobre onde se comem a melhor francesinha ou cozido à portuguesa, em São Miguel a discussão é sobre dois pratos: o melhor Cozido das Furnas e o melhor Bife. No que respeita a este último, provámos o do Alcides (em Ponta Delgada, bastante bom, sem dúvida. Mas muito melhor é o do Restaurante da Associação Agrícola! Carne excelente, molho fantástico, um sítio a não perder!
Fora de Ponta Delgada, fomos então à procura do melhor Cozido das Furnas. Numa primeira visita fomos ao Miroma, que nos pareceu um pouco turístico como restaurante e onde o cozido é bom… mas não tão bom como o do “restaurante do parque de campismo”. O restaurante chama-se Vale das Furnas e aqui sim, o cozido é do caraças!! Bem servido, com sabores intensos, ainda com um aromazinho a enxofre, muito ténue. Ok, este cozido não é tão completo e com tantos sabores como o Cozido à Portuguesa, mas é uma experiência muito interessante.
Ainda na zona das Furnas, faltou-nos provar o cozido do Tony’s, mas é um restaurante a ter em conta por tudo o resto. O peixe é fresquíssimo e muito bem trabalhado, e vem com acompanhamentos simples mas maravilhosos – este bife de atum estava espectacular!
Um Adeus… e Até à Próxima!
E pronto, aqui ficou uma espécie de roteiro da Ilha de São Miguel, nos Açores. São 3 a 5 dias muito bem passados, mas não é mesmo preciso mais do que isso. Até porque os Açores são um destino muito acessível e que dá vontade de visitar mais do que uma vez. Porque as paisagens da Ilha, os seus miradouros e recantos, as suas lagoas e escarpas, a sua fantástica comida e a simpatia das pessoas fazem-nos apaixonar por São Miguel.
Até porque a Ilha de São Miguel pode ser um ponto de partida para uma visita mais longa, envolvendo outras ilhas. Se quiserem mais dicas, vejam aqui os nossos roteiros para a Ilha do Pico e para a Ilha Terceira. Vão… e aproveitem ao máximo! 🙂
Boa tarde, apesar de tarde este comentário, podem-me dizer se vale a pena ter regime de meia pensão no hotel? Vamos lá em Setembro durante 6 dias e tenho receio de ficar muito preso ao hotel por causa do jantar e assim não poder explorar à noite. Em relação aos preços nos restaurantes qual era a média de preços? Estive a pesquisar e fiquei com a ideia de rondar os 15 euros, se assim for compensa, pois o preço médio no restaurante é 22 euros. Obrigado pelas fantasticas descrições.
Olá, Ricardo
Há inúmeros restaurantes para explorar em São Miguel 🙂 Na nossa opinião não vale a pena ficar “agarrados” ao Hotel. Há preços para todos os gostoso, depende muito do que se pede 🙂
Olá, Eunice
Ficamos muito contentes 🙂
Gostávamos de ouvir o seu feedback depois de voltar.
Obrigado,
Onde Vamos Jantar?
Olá,
Que artigo simpático e útil :-))
Vamos estar em São Miguel na próxima semana por 6 dias, logo lhes direi! Se tiverem mais conselhos, agradeço muito.
Eunice