Ora alta, ora baixa… mas pouco consistente.
Estou a falar da temperatura, em referência ao nome do restaurante. Mas trata-se basicamente de uma metáfora para a qualidade da comida que nos foi servida. Muito pouco consistente, sendo que as nossas expectativas eram altas.
O Temperatura já há algum tempo que era presença regular no nosso feed de Instagram, quer em posts quer em stories. Mesmo no centro da Vila de Oeiras, conseguimos perceber rapidamente que se tratava de um restaurante de carne. Mas na realidade não é bem assim… Estamos mais num registo de nacos na pedra, um de carne, um de peixe e ainda um bife vegetariano (saiba-se lá porquê). O nome do restaurante terá então a ver com a temperatura da pedra que chega à mesa? Seja como for – e tal como as duas pedras que chegaram à mesa – o registo do Temperatura no nosso jantar foi completamente morno. Algumas coisas boas, outras longe disso.
Na noite em que fomos a carta estava a ser mudada, ou seja, muitas coisas da lista não existiam (no campo das entradas e dos acompanhamentos, porque os principais são só mesmo os 3 bifes). É sempre desagradável, mas também compreensível. As alternativas fora da ementa até nos pareceram interessantes, por isso siga!
E siga com o Tártaro da Vazia, que nos parece bem a nível de corte mas que falha redondamente no ovo que está aninhado lá no meio e que devia servir para envolver a carne. Não envolve… porque chega à mesa cozido. E como o prato precisa mesmo desse elemento, ficou muito aquém das expectativas.
Felizmente a segunda entrada restaura-nos a confiança de que isto ainda pode vir a correr bem. Trata-se do Filete de Chicharro com Molho de Coentros que, se não entrar na carta nova, devia! O peixe é delicioso, especialmente porque está muito bem marinado, e o molho de coentros que o cobre é uma maravilha (e não esquecer as lascas de amêndoa!). Foi o melhor prato da noite, mas assim de longe.
Depois disto chegam as pedras… mornas. Além da temperatura estar longe do habitual (e do esperado num restaurante com esse nome), a pedra é-nos servida já com a carne/peixe lá colocados. Honestamente, não gosto. Se é para ser eu a cozinhar a minha carne, quero fazê-lo do início ao fim. Ainda por cima, no caso da carne, foi colocada na pedra sem uma manteiguinha por baixo, o que significa que colou à pedra e tivemos de desfazer parte do naco para o virar. Mal pensado.
A carne da vazia é boa, ainda que tenha muitos nervos, mas não fica bem cozinhada porque a pedra arrefece logo. Por outro lado, o peixe (atum) é servido numa posta grande e acaba por ficar melhor na pedra, porque não passa o ponto. Ou seja, boa matéria prima, sem dúvida.
Cada prato inclui 2 acompanhamentos, por isso pedimos os 4 disponíveis na carta + 1 extra. Novamente aqui, muitos altos e baixos: um arroz com cogumelos miserável de tão seco e sem sabor; um puré de ruibarbo fantástico; batata frita que cumpre; uma couve com alho francês espectacular; e uns legumes salteados que literalmente eram só couve roxa. Só. Muita inconsistência, demasiada…
As sobremesas cumprem, e provavelmente são o mais consistente da refeição, porque são as duas boas. A Mousse de Lima tem a acidez esperada e a textura certa, ainda que pudesse estar mais fresca (mais um problema de temperatura…), e o Bolo de Chocolate é bom mas ainda melhor é o Gelado de Goiaba que o acompanha.
No fim, uma pequena desilusão. Por causa das expectativas, mas também muito por causa da execução de alguns pratos. O Temperatura nem sequer tem uma ementa complicada, mas há coisas básicas que falham e isso condiciona imenso a experiência. Ok, é malta jovem e ainda com um percurso pela frente, pelo que é sempre de dar o benefício da dúvida. Mas o problema é mesmo a inconsistência em coisas tão simples como um ovo demasiado cozido, um arroz seco e duro ou uma pedra pouco quente. É tudo uma questão de temperatura, talvez. Que aqui ainda está bastante morna…
Preço Médio: 18€ pessoa (com vinho)
Informações & Contactos:
Rua Marquês de Pombal, 11 | 2780-289 Oeiras | 21 016 0476