“Pero que no me gusta mucho…”
Isto dos mexicanos é sempre uma chatice… Sempre que ouvimos falar de um restaurante mexicano novo, ficamos empolgados! Gostamos da comida, gostamos das bebidas, gostamos do ambiente e imaginário visual. Por isso nem hesitamos! Mas o que geralmente acontece é que saímos dos restaurantes com uma desilusão enorme… ou porque a comida é fraca, ou porque os preços são demasiados caros, ou porque o serviço ou o espaço deixam muito a desejar. E se em alguns restaurantes falha um ou dois desses factores, nesta Taquería Patron falhou praticamente tudo.
Verdade seja dita que seria muito mais honesto assumir que o espaço é um bar, onde por acaso até se servem uns tacos. Porque acho que o primeiro problema da Taquería Patron é quererem ser um restaurante, algo para o qual não estão preparados (ainda?)… Até percebo que, estando no Bairro Alto e aberto até tarde, esta comida é capaz de resultar para quem já bebeu uns copos e tem aquela “larica” a meio da noite. Mas para o registo normal de jantar, é demasiado fraco.
O espaço é mais ou menos aquilo que vemos em quase todos os mexicanos, mas aqui em versão “fizemos isto mais ou menos a despachar”. Paredes coloridas, com um ou outro adereço ou quadro pendurado e muitos (mas mesmo muitos) pedaços de papel com recortes. A ideia até é gira, mas está tudo amarrotado, o que lhe dá um aspecto desmazelado. Mesas corridas de madeira, a dar a entender que se trata mesmo um espaço de passagem.
Tentamos durante os primeiros 10 minutos falar em português com as empregadas, mas depois desistimos… O inglês resulta, o espanhol é preferencial, mas português é que é mais complicado. Novamente, voltamos à base do problema: para pedir uma imperial a barreira do idioma não é problema, mas passa a ser quanto tentamos saber qual a composição de alguns pratos.
E claro que a música absurdamente alta (num restaurante vazio) também não ajuda muito à compreensão…
Pratos esses que são basicamente tacos e algumas entradas e sobremesas. Ora, começando pelo que dá nome ao espaço, vamos então falar destes tacos. E atenção: somos fãs de tacos, e de comê-los à mão, independentemente da figura que fazemos. Mas é impossível comer estes tacos, porque a massa é tão má que se desfaz toda com os sucos da carne. Podia ser estaladiça e partir, mas nem é isso, é simplesmente demasiado mole. E sem sabor nenhum. Mas isso nem é só da massa, porque os dois tacos que pedimos primam por saber exactamente a nada: o pollo poblano tem frango guisado em molho de malagueta poblano, mas sabe a frango guisado normal, sem nenhum toque picante ou sequer surpreendente; e o lomitos yucatecos ainda consegue ser menos interessante, carne guisada numa espécie de molho de tomate com ovo cozido cortado ao calhar para cima dos tacos e uma espécie de cebola caramelizada. Sabor = zero.
Ainda esgotamos os molhos que nos trazem para a mesa (um deles supostamente muito picante) e nada… nem os molhos sabem a nada. Que desilusão…
Antes dos tacos, os nachos: primeiro com guacamole, que pessoalmente gosto com um sabor mais ácido mas que ainda assim estava bastante bom; e depois os normais, com molho de feijão, pico de gallo, malagueta e queijo gratinado… que tivemos de mandar para trás porque o queijo vinha como foi tirado do pacote, sem sequer ter ido a aquecer quanto mais a gratinar. Foi difícil explicar isso mesmo em inglês, mas lá levaram o prato para trás e o trouxeram de volta, com um bocado de queijo derretido em cima de tudo o resto que já lá estava.
A sobremesa foi o flan impossible (porque não havia o pastel de tres leches com côco), que na teoria é um flan tradicional de doce de leite sobre uma base de brownie. Não é mau, mas não fica na memória.
A isto tudo juntamos bebidas a preços – sim, mais uma vez – de bar e não de restaurante. 8€ por uma margarita numa taquería parece-nos um exagero logo quando vemos no menu, e ainda mais quando o copo chega à mesa. Não é nada má, a “senhora”, mas demasiado cara e pequena.
Voltando ao início do post, infelizmente isto acontece-nos muito nos mexicanos: gostamos tanto que queremos muito lá ir, e acabamos por sair mais ou menos decepcionados. E salvo raras excepções (os bons mexicanos da grande Lisboa!), isso acontece porque não sentimos “alma” na comida. Parece ser fácil fazer um taco ou um burrito, por isso vamos lá enfiar umas coisas lá para dentro e pronto…
No caso desta Taquería Patron é um bocado isso que parece: é um bar, com muitas bebidas mexicanas, mas que também serve coisas para comer – e que depois de determinada hora já se aceitam bem, por causa dos copos. Como bar pode resultar. Mas como restaurante nem por isso…
Preço Médio: 18€ pessoa (taco e margarita)
Informações & Contactos:
Rua do Grémio Lusitano, 8 | 1200-365 Lisboa | 966 183 911
[codepeople-post-map]
Artigos Relacionados