Wine bar ou restaurante sofisticado. É só escolher, porque a comida é excelente em ambos!
Os dois pisos do Tágide parecem dois restaurantes completamente diferentes. E a todos os níveis, começando pela decoração e o ambiente, passando pelo serviço e terminando na carta em si. O registo formal e clássico do piso superior tem o seu contraponto no piso inferior, onde o ambiente de wine bar é representado de forma moderna e contemporânea.
Em comum, estes dois espaços têm só duas coisas, ambas excelentes: a vista e, claro, a comida.
A zona de baixo foi remodelada há relativamente pouco tempo e apresenta pormenores interessantes a nível de iluminação e mobiliário. Na parede de fundo, os vinhos em exposição completam o ambiente. Carta de petiscos portugueses simples mas bem confeccionados pelo Chef Nuno Diniz, para acompanhar música ao vivo ou dj na maioria das noites. Muito interessante.
Mas o motivo da nossa visita foi o Tágide “versão” restaurante, por isso dirigimo-nos ao piso de cima. Aqui estamos claramente num ambiente mais clássico, até porque a própria decoração e iluminação reforçam isso. As mesas à janela têm uma vista maravilhosa para Lisboa, ao contrário do que acontece noutros restaurantes virados para o rio.
O serviço acompanha a formalidade do espaço, até porque percebemos que grande parte da sala é ocupada por estrangeiros.
Quem conhece a cozinha do Chef Nuno Diniz sabe da sua dedicação aos sabores tradicionais e ao produto nacional, ainda que utilizando algumas técnicas mais internacionais. Isto é algo que o Chef transporta para a carta do Tágide, sendo perfeitamente notório no menu de degustação do restaurante.
Começamos pelo único prato que foge um bocadinho mais a este conceito: o bisque de lavagante com tempura de camarão, bastante intenso e cheio de sabor.
A perdiz de escabeche com puré de presunto e coulis de limão traz-nos de volta aos sabores mais nacionais, com claro destaque para o puré e com o coulis de limão a dar um contraste óptimo ao conjunto.
Mas o melhor prato da noite estava a chegar: o pargo com amêijoas e migas sordas é assim uma coisa inexplicável. De tão bom que é! Este é daqueles pratos que não só resulta muito bem visualmente como é uma delícia de se comer, o peixe fresquíssimo e as migas do outro mundo! Só este prato já valia toda uma refeição.
Claro que depois deste ponto alto, o que se seguisse nunca chegaria lá… o cachaço de porco com amêijoas e puré de cenoura não tem nada de mal, mas os seus sabores não surpreendem tanto como os do prato anterior. É uma boa interpretação da cozinha portuguesa, com uma apresentação muito boa, mas só isso.
Terminamos a degustação com uma sobremesa também ela muito interessante: o toucinho do céu com sorvete de medronho, com uma mistura de texturas e sabores muito feliz.
A apresentação dos pratos é imaculada e ajusta-se na perfeição ao posicionamento do restaurante.
Não é um restaurante barato, mas também não se apresenta assim. E talvez o ambiente clássico do piso superior pudesse ser um pouco mais ajustado aos dias de hoje, tornando-se mais sofisticado do que formal. Se calhar assim seria mais apelativo a clientes nacionais. Tudo isto é verdade. Mas se é este o posicionamento do Tágide, então tudo bem. No que diz respeito à comida, tudo excelente! O Chef Nuno Diniz mostra aqui tudo aquilo que sabe fazer e o Tágide é uma excelente montra da nossa gastronomia.
E isso é que é realmente importante.
Preço Médio: 55€ pessoa (opção menu de degustação)
Informações & Contactos:
Largo da Academia Nacional das Belas Artes, 18-20 | 1200-005 Lisboa | 21 340 4010
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