Tudo faz sentido, mas só no fim…
E foi exactamente com esta sensação que saímos do recém-aberto (há pouco mais de uma semana) Sushi Ribeira. Porque há várias coisas que são diferentes do esperado durante a refeição, e que parecem erradas… mas só até ao momento em que nos explicam o seu porquê. E esse é um pormenor que deveria ser revisto, porque se a informação acerca dos pratos fosse feita antes, já não parecia estranho.
O Sushi Ribeira pertence ao grupo Arigato, depois dos outros dois que existem em Lisboa (Parque das Nações e Campo Pequeno, podem ver aqui a nossa opinião). Curiosamente é o primeiro restaurante japonês a abrir no Cais do Sodré desde que a zona se tornou caótica a nível de restauração. Daí que a ideia é boa e tem tudo para correr bem. O espaço aproveita muita coisa do ocupante anterior (o extinto Substância) e segue uma linha minimalista de decoração.
Outra ideia interessante é a questão dos menus pré-definidos: 3 ao almoço, com preços e tamanhos diferentes, e ao jantar um único menu de degustação. Isto facilita a decisão, mas também torna o serviço muito mais rápido – fica naquela linha ténue entre o rápido e o rápido de mais.
O problema de não escolher é que o serviço tem de explicar bem o que nos é servido nos diversos momentos, para que não tenhamos surpresas.
A degustação começa com uma trilogia de entradas, onde o tempura de camarão é mesmo só isso, as gyosas também não passam do registo da normalidade e o quinoto (que parece ser um dos pratos sensação deste ano) é pouco apurado, falta-lhe um toque de sabor. No final da refeição, quando o Chef vem à sala, acaba por nos explicar que a versão original era mais apurada e com os sabores mais intensos, mas não agradava a toda a gente. É pena…
De seguida, o combinado sushi to sashimi tradicional, com 19 peças, com altos e baixos mas sem ser surpreendente. Já vimos estas peças todas em muitos outros restaurantes japoneses, e alguns com o arroz mais saboroso. 3 variedades de peixe, onde o salmão do sashimi cumpre sempre mas o atum parecia demasiado seco e por isso pouco fresco. Até sabermos, no final da refeição, que ali servem o sashimi de atum ligeiramente passado pela chapa. Não é braseado, passa apenas pela chapa de um lado e do outro. Se mo tivessem avisado antes, tinha pedido para não o fazerem.
Para terminar a degustação temos ainda o “Set de fusão Ribeira”, nome pomposo para descrever isto: 2 pedaços de um hot roll de salmão, um ceviche, um tártaro e outros 2 pedaços de kinuta. Pouca fusão e sim alguma confusão no registo gastronómico, não? E novamente aqui: a kinuta é-nos “vendida” como tendo um molho picante, que não é rigorosamente nada, para sabermos no fim que esse picante foi retirado do molho. Ok… Em relação ao tártaro de salmão e ao ceviche peruano, os dois têm o mesmo problema: são servidos numa pequena forma de massa que, porque é isso mesmo, acaba por absorver o líquido da marinada dos peixes e ficar mole. Ou seja, nem temos aquele maravilhoso molho cítrico no final do ceviche, por exemplo, nem temos massa crocante na base. É pena (outra vez)…
Terminamos a refeição com um New York Cheesecake, bom, daqueles à americana.
O Sushi Ribeira by Arigato está aberto há pouco mais do que uma semana, por isso é normal que nem tudo esteja afinado. O simples facto do Chef ir às mesas no final para saber as opiniões mostra que quer saber o que resulta ou não. É estranho, tendo em conta que se trata de um grupo já bastante habituado a isto, mas damos o benefício da dúvida. O que tem de melhorar é a explicação durante o serviço, porque se nos deixamos ir num menu de degustação, há determinados pormenores importantes que deviam ser explicados para que não nos pareça má execução.
Ou seja, é um restaurante a revisitar daqui a alguns meses. E é uma boa alternativa (e boa ideia) naquela zona da cidade.
Preço Médio: 32€ pessoa (com vinho e sobremesa)
Informações & Contactos:
Rua da Moeda, 1C | 1220-2175 Lisboa | 21 390 1208
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