Uma tasca que é um Clássico!
“Melhor restaurante de Lisboa, simples barato e dá milhões. Não há cá complicações, é só sentar, pedir e comer. Se és daqueles coninhas dos foodies que está à espera de rúcula e quinoa vai pregar as tuas más escolhas de vida para outra freguesia.” Estas palavras deliciosas não são minhas, é uma transcrição de uma das mais recentes reviews ao Super Mário no TripAdvisor. E foi também o ponto de partida para mais um jantar do #adorotascas 🙂
A decisão de ir jantar ao Super Mário foi literalmente tomada quando estávamos a passar na zona, a caminho de uma outra tasca, e alguém sugeriu “e se ficássemos já aqui no Super Mário?” Ora, bem dito, bem feito, porque já não voltávamos lá há bastantes anos. Era um dos spots dos jantares de grupo na faculdade, para comer e beber barato. Como muitas outras tascas que ainda há espalhadas por Lisboa, aqui não há nada de pretensioso, é aquilo que é.
Estamos ali entre o Rossio e o Chiado, e só lá vai quem conhece. Não há neons na porta, não é esse tipo de tasca, e no interior é exactamente aquilo que nos recordamos: mesas encavalitadas, muito barulho (agora num misto de locais e turistas, que a cidade está transformada nisso) e o Sr. Américo a esgueirar-se de um lado para o outro, sempre com um sorriso e uma palavra bem disposta.
E, como em qualquer tasca, há uma lista curta de pratos, quase todos os habituais neste tipo de sítios, sempre acompanhados por jarros de vinho da casa. E por falar nisso, há qualquer coisa de mítico quando te servem o jarro de vinho tinto da casa acompanhado já de uma garrafa meio cheia de gasosa. É o cúmulo da honestidade: “sei que o vinho é mau, mas traçado até passa!” E, minha gente, passou. Várias vezes. 🙂
Se a comida é fantástica? Não, não é. Mas cumpre, é bem servida e, acima de tudo, é barata! As Pataniscas de Bacalhau são daquelas mais altas e já comemos melhores, mas estas passam bastante bem (assim como o Arroz de Feijão que as acompanha). E as Iscas à Portuguesa podiam vir menos passadas, mas o molho é daqueles que serve para acabar com cestos de pão. E são servidas com batata cozida, como manda a lei.
Depois também há uma Carne de Porco à Alentejana (aquele prato que peço sempre) que podia estar mais apurada e ser servida com batata em cubos, mas tudo bem… e um Arroz de Marisco com pouco marisco e muitas delícias do mar. É tudo errado, é verdade, mas acrescentam-se umas gotas do picante da casa e muda-se o vinho para o branco à pressão e tudo fica melhor!
As sobremesas também são o que são: Arroz Doce, Pudim, Leite Creme, este último queimado ao momento e provavelmente a mais próxima do registo “bom”. E para acompanhar o café, uma aguardente que é provavelmente a pior que já bebi. Mas é bem servida e o Sr. Américo ainda nos vem perguntar se queremos repetir. Não obrigado! 😉
E é isto! O Super Mário continua a ser exactamente aquilo que nos lembrávamos de ser: uma tasca daquelas mesmo tascas. Porque nem todas as tascas em Lisboa precisam de ter comida fora de série, muitas são apenas isto, sítios bem dispostos, onde pagas muito pouco, e onde voltas porque é tão simples que se torna quase divertido. Ou porque te marcou em algum momento da tua vida e tornou-se um local de culto. Seja pela razão que for, é uma memória que guardas contigo… e que te faz voltar.
Voltando ao primeiro parágrafo e à maravilhosa citação que encontrámos no TripAdvisor, o Super Mário não é para… toda a gente. Mas é para quem gosta! 🙂
Preço Médio: 10€ pessoa (com vinho da casa)
Informações & Contactos:
Rua do Duque, 9 | 1200-158 Lisboa | 21 347 94 37