Muito mais do que uma subida ao Pico (pelo menos no nosso caso!)
Chegar à Ilha do Pico não é fácil, aliás, demora quase tanto como uma viagem para fora da Europa, tudo por causa das escalas. No nosso caso, fizemos a paragem na Terceira e, como tínhamos tempo contado entre voos, aproveitámos para almoçar no Cais de Angra, que é relativamente próximo do Aeroporto. Podem ler aqui o review sobre o restaurante, com o qual não ficamos nada apaixonados… mas, felizmente, a Ilha Terceira tem muito mais ofertas a nível gastronómico e não só! Se precisarem de um roteiro para a Ilha Terceira, podem ler o nosso aqui.
Mas voltando à Ilha do Pico. O mote da viagem fui sem dúvida a subida ao Pico, aquele “pequeno” monte que vão ver em algumas fotos daqui para a frente. Queríamos ficar a dormir no cume para ver o nascer e pôr-do-sol e por isso reservamos com alguns meses de antecedência com a PicomeUp. Por disponibilidade da empresa só conseguimos marcar a subida numa segunda-feira (e estamos no mês de Julho), por isso decidimos ir logo na sexta-feira anterior para conhecer o resto da Ilha.
Saímos às 11h de Lisboa e só aterrámos no Pico por volta das 17h, depois da escala descrita em cima. Fomos imediatamente deixar as malas à casa que alugámos (não vamos falar muito disso porque tivemos algum azar…) e seguimos directos para o Cella Bar para um pôr-do-sol prometido em tudo o que lemos sobre o espaço. O bar é muito bonito, todo em madeira, com uma vista privilegiada para a Ilha do Faial. Foi a primeira vez que experimentámos o Terra de Lava, um dos vinhos produzidos na Ilha do Pico.
Seguimos para o nosso primeiro restaurante, a Tasca O Petisca, recomendado por malta da Ilha. Sítio despretensioso, com petiscos vários, dos quais destacamos as Lapas, os Pica-Paus e as Cracas. Podem ler a review completa aqui.
No segundo dia, acordámos cedo e começámos a volta à Ilha. Se na Ilha de São Miguel existem miradouros em cada esquina, na Ilha do Pico são as piscinas naturais que nos aparecem em todo o lado. Começámos por explorar as Piscinas de São Roque. Esta Ilha, apesar de também muito verde, diferencia-se das outras duas que já visitámos pelo constante com a pedra negra que nos acompanha onde quer que estejamos. Se no dia anterior ficámos na dúvida onde seria a montanha à qual íamos subir hoje o céu estava totalmente limpo e era possível avistar o cume de qualquer parte da ilha.
A segunda paragem foi na zona do Lajido, onde é possível ver escoádas lávicas e visitar a casa do vulcão onde há uma viagem ao centro da terra e uma simulação de terramoto (reservem pois está bastante concorrido). Segue-se a zona do Cachorro onde é possível ver mais destas maravilhas lávicas.
Outra presença constante na ilha do Pico são os Moinhos Vermelhos. O mais conhecido é o Moinho do Frade, com uma vista fantástica sobre as vinhas características da ilha – muradas com pedra negra. Não marcámos com antecedência as Grutas da Torre, então como plano B fomos à descoberta da Furna de Frei Matias. Não foi fácil dar com a furna, nem passar pelo “mar de vacas” que nos separava da entrada… mas no final valeu muito a pena!! Para chegar à furna fizemos outros dos highlights da ilha: a estrada longitudinal.
Já ao final do dia, decidimos ir até à ponta da Ilha, à zona de Piedade, e ver de perto o farol. Infelizmente não é possível visitar, mas se o contornarem e forem até às rochas das traseiras vão ver das escoádas lávicas que mais gostámos. Já perto da hora do jantar decidimos arriscar e passar pelo Restaurante Magma, parte das Lava Homes. Mesmo sem reserva, conseguimos mesa na esplanada.. e ainda bem! O que destacamos neste restaurante é SEM DÚVIDA a vista, vale a pena fazer lá uma refeição só para usufruir da paisagem e de outro pôr-do-sol fantástico. O “famoso” Bife Magma é que não nos conquistou assim tanto… mas podem ler aqui a nossa opinião.
O terceiro dia começou cedo pois marcamos uma observação de baleias para as 8:30 da manhã! E valeu muito a pena. Escolhemos a Futurismo porque tinha parceria para utilizarmos o voucher destino seguro (ainda são 35€ :)). Foi uma excelente surpresa, vimos bem de perto pelo menos 3 baleias, com direito a saltos e tudo. Foi simplesmente incrível! A equipa, para além de respeitar o ecossistema e a distância dos animais, passou a visita toda a dar explicações e a contar histórias sobre o mais conhecido cetáceo dos Açores: o cachalote. Para quem gosta de adrenalina e aventura, fomos numa lancha rápida e apanhámos uma tempestade daquelas em que ficámos completamente encharcados, mas muito felizes – por isso é que não há fotos deste momento. E, como eles emprestavam um impermeável amarelo, sentimos-nos no anúncio do Capitão Iglo! 😉
Em conversa com o César, um dos guias, comentámos que íamos subir ao Pico no dia seguinte. Digamos que a cara dele mudou completamente e nos avisou de que provavelmente não iria acontecer devido o mau tempo que previam para os próximos dias. Decidimos não pensar muito nisso 🙂
A sugestão do dono da Tasca O Petisca, tínhamos marcado almoço no único restaurante de sushi das ilhas triângulo (São Jorge, Pico e Faial). Sabemos que parece estranho, sushi nos Açores… mas é exactamente o contrário! O Sushi Mar Terrace foi uma das maiores surpresas gastronómicas da nossa viagem, porque se trata de um restaurante de sushi que usa apenas peixe local. Não há cá exageros de salmão nem peças quentes nem “mariquices” de fusão. Há peixe fresco, bem trabalhado. Aberto há apenas 3 semanas, é um sítio obrigatório a visitar se forem ao Pico. Leiam a review completa aqui.
Decidimos tirar o resto da tarde para descansar em mais uma das piscinas naturais da Ilha, já que no dia seguinte íamos fazer a subida ao Pico (4 horas, sempre a subir…). O jantar foi no Ancoradouro, o restaurante que mais nos recomendaram. Curiosamente, foi o que menos nos conquistou, mas ainda assim destacamos os Filetes de Veja e o Atum Frito com Batata Doce Frita. Podem ler aqui a nossa opinião.
Finalmente, chegamos ao quarto dia! E acordamos com esperança que a previsão do dia anterior se tivesse alterado… mas sem sucesso. 🙁 Alerta Amarelo para os próximos dias, e com esta situação meteorológica, recebemos a fatídica chamada do guia a cancelar a nossa subida. Tristes, decidimos visitar a casa da montanha na mesma para saber um pouco mais e ficámos bastante impressionados com o facto de ninguém subir sem GPS e de lá em baixo haver sempre gente a acompanhar os caminhantes num computador.
Foram quatro dias na Ilha do Pico, sendo que o objetivo principal que nos levou lá acabou por não acontecer – a dita subida ao Pico. Mas, pelos vistos, é mais frequente do que seria de esperar, e a verdade é que a Ilha tem outros pontos de interesse que nos fazem passar lá uns poucos dias. A melhor sugestão será tentar agendar a subida logo nos primeiros dias para que, caso não aconteça, possam tentar uns dias depois. Durante o resto da estadia conhecem a Ilha e podem dar um saltinho às outras duas ilhas ali perto.
Para nós, esta não foi uma tentativa falhada, foi uma tentativa adiada! 😉
Mais uma vez obrigada.
Pico e Faial incomparáveis. O Pico é lindo. Muitas dicas seguidas, principalmente restaurantes. Ancoradouro, Magma, Cella bar e Petisca (2x). O primeiro efetivamente o mais banal.