RETIRO DA MINA

Um restaurante que resiste ao passar do tempo.

É sempre engraçado regressar a restaurantes onde ia com os maus pais, quando era criança. Não são muitos, porque a ideia de “almoçar/jantar fora” não era uma opção frequente para os meus pais… mas ainda assim há alguns de que ainda me lembro. A Adega Típica da Tala era um desses restaurantes, em ocasiões especiais, e depois havia dois outros onde íamos com maior frequência: a Prata da Casa, uma tasca ao pé do mercado de Queluz (que entretanto fechou), e o Retiro da Mina, a escolha para jantares fora de casa. E um restaurante onde regressei há uns dias, por estar na zona.

retiro da mina

O que é engraçado em relação a este tipo de restaurantes é que me lembro daquilo que significavam para mim: era o jantar fora de casa, onde podia comer coisas diferentes do habitual, coisas especiais. Mas também aqueles restaurantes onde acabava sempre por pedir os mesmos pratos: Bifinhos aux Champignos e Vienetta para sobremesa. Sim, malta, era isso mesmo! E que atire a primeira pedra quem não fazia o mesmo quando tinha pouco mais de 10 anos!

Ora, regressar ao Retiro da Mina passados muitos anos… é como fazer uma viagem no tempo. Não porque os clientes sejam os mesmos, mas porque estamos a falar de um espaço que não mudou nada, de empregados que são os mesmos (ou pelo menos parte deles), e de uma ementa que se mantém fiel ao que sempre foi: tradicional, sem merdas.

retiro da mina

E é por isso que comemos o queijinho das entradas, com o pão embalado que agora se usa muito, e acompanhamos com o vinho à pressão, que sempre foi igual. A ementa está dividida entre pratos do dia, opções de peixe e de carne, como se quer. Não há grande diferença a nível de preços, porque o Retiro da Mina é um restaurante tradicional, daqueles onde vão todo o tipo de clientes, e daqueles que não inflacionam os preços só porque sim.

Uma das especialidades do Retiro da Mina é a grelha, tanto para carne como para peixe, por isso temos duas montras com ambas as proteínas em exposição, assim como muitas entradas na ementa. Mas depois há outros pratos mais tradicionais, por isso é normal que a minha escolha seja por uma Carne de Porco à Alentejana: começamos bem com as batatas cortadas tipo cubos, continuamos bem com a carne tenra e temperada no ponto. Ou seja, uma boa carne de porco à alentejana, como se quer neste tipo de restaurante.

retiro da mina

Do outro lado da mesa, a escolha é a Açorda de Gambas e Delícias do Mar. Sim, leram bem, delícias do mar, esse “marisco” de arca frigorífica. Não é um mau prato, atenção, e se só tivesse gambas, seria ainda melhor. Mas pronto, há que dar algum desconto a restaurantes como o Retiro da Mina, onde muitos dos clientes são pessoas que sempre se habituaram a este tipo de pratos e que não questionam.

retiro da mina

Para sobremesa, resisto à tentação de pedir a que pedia quando era miúdo: uma Vienetta, numa fatia generosa. Ficamos por sobremesas mais clássicas, um Doce da Casa que cumpre e um Bolo de Bolacha que se me dissessem que era do Pingo Doce, eu acreditava.

Independentemente dos altos e baixos da refeição, regressar ao Retiro da Mina foi uma verdadeira viagem no tempo. E atenção: tenho a noção que provavelmente sempre foi um restaurante com altos e baixos… só que eu era uma criança e as vezes que íamos jantar fora não eram assim tantas, o que fazia do Retiro da Mina um verdadeiro acontecimento. Ou seja, são os nossos contextos que determinam as opiniões que temos sobre os restaurantes, está claro. Esta viagem no tempo foi boa para matar saudades e pensar em tempos já passados, e também para comprovar uma das minhas teorias: quando os restaurantes são fiéis àquilo que sempre fizeram, nunca passam de moda. Mesmo que seja para os mesmos clientes de sempre.

Preço Médio: 18€ pessoa (com vinho da casa)
Informações & Contactos:

Av. da República, 10 | 2745-206 Queluz | 21 435 2978

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