Sai um bitoque para… todas as mesas!
Não há nada de mal em ir a um restaurante onde (quase) toda a gente come o mesmo prato. É uma espécie de congregação, se quiserem, uma sintonia em que todos estamos e com a qual podemos muito bem, que nem sequer questionamos. Se nos dizem que ali se come é aquilo, aceitamos e comemos.
E nos Petiscos do Miguel, o que toda a gente pede é o Bitoque!
Talvez o bitoque seja o prato que nós cá em Lisboa temos mais aproximado da francesinha no Porto. Não a nível do sabor, mas a nível da discussão eterna: onde é que se come o melhor? E aqui há imensas opiniões e toda a gente tem o seu preferido 🙂 Ora… nós não andamos à procura, mas a verdade é que quando ouvimos dizer que temos de ir a algum sítio porque o bitoque é do caraças… lá vamos nós a correr!
E foi assim que fomos até Sacavém, andar uns 20 minutos à procura de lugar para estacionar, só para ir ao Petiscos do Miguel. Um restaurante que, ao olhar só para o letreiro no exterior, parece uma daquelas petiscarias modernas que estiverem tanto na moda em Lisboa há uns 6 anos atrás. Mas que – felizmente – quando entramos se transforma completamente!
Estamos a falar de uma tasca, uma tasca a sério! Uma daquelas onde toda a gente se conhece, onde quem serve à mesa começa logo a mandar bocas mesmo sabendo que é a primeira vez que lá estamos, onde há barulho, boa disposição. E, claro, onde há cachecóis pendurados nas parede de azulejo, onde há toalhas de papel nas mesas e vinho da casa em jarros a aparecer na mesa quase sem pedirmos.
Ora, o que é que se come aqui? Bitoque! Ok, há outros poucos pratos do dia, mas na realidade não os vemos chegar a nenhuma mesa. O que nos perguntam quando vêm retirar o pedido é simples: “Qual vai ser o ponto da carne?” Porque os minutos seguintes são iguais para todas as mesas, e repetem-se na sala. Ficamos à espera, a conversar e a beber vinho, enquanto ouvimos da cozinha o som de baterem na carne. E não demora muito até chegar à mesa uma pequena frigideira onde o dito bitoque ainda vem no meio do molho ainda ligeiramente a ferver.
Passado para o prato (fundo, claro, porque temos de manter o molho), vem já com um ovo bem estrelado e ao mesmo tempo chegam os acompanhamentos. Honestamente, tudo perfeito! A carne é fantástica, está no ponto e bem temperada, o molho é delicioso, espesso, ainda com pedaços de alho meio fritos para lhe dar textura; e depois temos umas batatas fritas caseiras maravilhosas, daquelas que comemos até ao fim e só não pedimos mais uma travessa porque temos vergonha!
É um prato simples, dos mais simples que há. Mas a maioria das vezes as coisas simples são as que falham e, ao mesmo tempo, aquelas que nos deixam mais empolgados. E este bitoque é daqueles que queremos voltar a comer várias vezes, sempre que exista uma oportunidade. No fundo, faz-nos lembrar o Jorge D’Amália, na Ajuda, onde também vai toda a gente por causa do bitoque (e que muitos dizem ser o melhor de LIsboa).
Depois do bitoque há ainda sobremesas, que não ficam na memória, especialmente depois do prato principal. Mas isso nem é muito importante, porque a conversa continua, entre nós que estamos na mesa e o staff do restaurante, durante bastante tempo depois do almoço ter terminado. Ninguém nos manda embora, os jarros de vinho vão chegando à mesa… e estamos bem. Como acontece sempre numa tasca.
Não sabemos se o Miguel tem mais petiscos, ou se isso é apenas um nome numa placa à entrada do restaurante. O que sabemos é que este bitoque nos ficou na memória, assim como todo o almoço nos ficou na memória. Pela simpatia do pessoal do restaurante e, claro, porque comemos e bebemos bem. O que é tudo o que podemos pedir neste tipo de tascas!
Preço Médio: 12€ pessoa (com vinho da casa)
Informações & Contactos:
Rua Mirandas, 8 | 2685-084 Sacavém | 21 820 82 79