Comida italiana… sem sabor.
Qualquer restaurantes, quando isolado da sua envolvente, pode ser bom ou mau. Mas quando temos em conta a zona, o que ali há à volta, e entramos no campo da comparação, as coisas começam a tornar-se mais complicadas. Mesmo para os restaurantes que, à partida, pareciam bons. E depois ainda há que fazer as comparações com os outros restaurantes do mesmo género… ufa!
Ora, numa zona onde há muita oferta (e nem sempre aos melhores preços), o Pátio Antico prima por ser o único restaurante italiano. Estamos a falar da zona histórica de Paço de Arcos, onde há restaurantes clássicos e emblemáticos, tabernas modernas, hamburguerias, japoneses e indianos… e um italiano. Quase todos cheios à hora de almoço, ainda que uns rodem mais mesas do que outros, devido à sua tipologia. De qualquer forma, o Pátio Antico é dos mais antigos da zona, por isso tem a sua história. E os seus clientes habituais.
Mas esse peso de “antiguidade” e também o facto de ter muitos clientes habituais leva-nos ao que sempre nos pareceu o principal problema do Pátio Antico: é demasiado clássico – e caro – para aquilo que serve na realidade.
O espaço mostra-nos esse requinte, com mobiliário clássico e decoração… clássica. Toalhas brancas, muitos talheres na mesa, menos de italiano do que seria de esperar. Mas depois o serviço não acompanha esse requinte, porque nem é muito formal e muito menos ágil. Estamos num registo de restaurante italiano onde esperamos 40 minutos pelo prato principal, o que não abona nada a favor do Pátio Antico.
E a comida? Italiana, claro. Pastas, risottos, pratos de carne e algumas pizzas, mas destas últimas não vale assim tão a pena falar, porque não são nada de especial.
Os risottos são, no geral, melhores que as pastas. Essencialmente porque são melhor executados. Sim, tão simples como isso. Os dois que provámos (em várias visitas ao restaurante) têm a textura certa e a dose ideal de queijo, deixando sobressair o caldo que está na sua base: por um lado, o Risotto Aspargi e Funghi (clássico, com espargos e cogumelos), por outro, o Risotto Alla Pescatore (com polvo e camarão).
Depois, as pastas, que à leitura parecem interessantes. Destaque para a carbonara, versão clássica, que desperta logo a atenção. Mas que falha redondamente na execução… O Spaghettoni Alla Carbonara do Pátio Antico apresenta-nos uma massa demasiado cozida, sem rigorosamente tempero nenhum, e a gema de ovo que a devia envolver é uma espécie de pasta seca. Todo o prato é isso mesmo, incrivelmente seco e sem sabor.
Igualmente sem qualquer tempero, o Spaghetti Al Tartufo Nero, que é como quem diz com trufas. Tem um molho na base, mas que parece mais água da cozedura da massa que outra coisa qualquer. E como a proporção de trufa para a pasta é diminuta, rapidamente se acaba e o prato fica ainda menos interessante.
O problema da falta de tempero é transversal a outros pratos, como por exemplo o Ossobucco, acompanhado de um spaghetti que até vem “la dente”… mas sem qualquer tempero. E mesmo misturando a carne e o molho tipo Milaneza que termina o prato, o conjunto fica ainda num registo irritantemente normal.
O melhor prato que por lá provámos ainda foi o mais simples: os Ravioli de Ricotta e Spinaci conseguem estar no ponto, ser bem recheados e, mesmo continuando a sentir-se a falta de sal, aqui o recheio acaba por ser intenso e por fazer resultar o prato.
Melhores as sobremesas, pelo menos as duas que comemos sempre. O Tiramisù não é o melhor que já comemos em Lisboa, mas é muito bom, muito guloso, com um bom equilíbrio de sabores. Também bastante bom o Cheesecake, com a textura certa e sem ser demasiado doce, onde se acrescenta uma boa calda de frutos vermelhos.
O que sentimos é que a relação preço-qualidade está longe de ser a melhor. Se pago 14€ ou 15€ por uma pasta, espero que seja boa, muito boa. Ou que, pelo menos, a própria pasta esteja em condições. E, na nossa opinião, o que sempre falhou no Pátio Antico foi principalmente isso, a execução da pasta. E depois a lentidão do serviço acaba por estragar o resto da experiência.
Ok, é o único italiano da zona. Mas se isso faz sentido para uma hora de almoço, para um jantar há restaurantes italianos muito melhores num raio de poucos quilómetros. E nem vamos falar do centro de Lisboa, onde temos restaurantes mais giros, com serviço muito mais célere e uma qualidade de execução que dão 20 a 0 ao Pátio Antico. E como não conseguimos olhar para um restaurante fora do seu contexto, este está muito aquém das nossas expectativas.
Preço Médio: 25€ pessoa (com vinho)
Informações & Contactos:
Praça da República, 6 | 2770-150 Paço de Arcos | 21 442 8924