Há um “novo” Olivier na Avenida.
Na verdade, não há um “novo” Olivier na Avenida. Há sim um regressar do Olivier ao seu mais emblemático restaurante, que se torna agora no seu pouso mais fixo. Os outros restaurantes pertencentes ao seu “império” continuam a merecer a sua atenção, mas é na Avenida que vai passar a maior parte do seu tempo. Na cozinha, na sala, na esplanada. E, numa altura em que cada Chef “superstar” parece mais preocupado em abrir novos restaurantes e em explorar novos conceitos, é sempre agradável ver o Olivier a voltar às origens.
Quando entramos no renovado espaço ainda é final de tarde, por isso conseguimos facilmente perceber as diferenças por causa da luz do dia. O espaço está menos “pesado”, mais claro, mais convidativo. O mítico quadro da caveira foi substituído por andorinhas, que percorrem as paredes e tectos da sala de entrada. Continuamos a ter o mesmo ambiente sofisticado, mas agora mais convidativo a todo o tipo de clientes. E para isso também ajuda a esplanada, com música ambiente, que vai de certeza fazer sensação nos dias quentes do Verão que se aproxima.
Como escrevi antes, o registo não deixa de ser sofisticado, mas é curioso ver que a sala, à medida que vai enchendo (e enche sempre), tem de tudo: desde grupos de estrangeiros a “socialites”, passando por casais mais “modestos”. E todos são tratados da mesma maneira pelo staff, sempre simpático e prestável. E, claro, pelo próprio Olivier, que vem frequentemente à sala para cumprimentar toda a gente e para 2 dedos de conversa.
Esta ligeira mudança no tipo de clientes do Olivier tem muito a ver com o espaço estar mais acolhedor, é verdade, mas acima de tudo tem a ver com a mudança feita na carta e no próprio conceito do espaço. O “novo” Olivier está agora mais virado para a partilha, com uma carta que dá ênfase aos pratos para dividir. Continuam a existir alguns clássicos, mas quem quiser ir jantar ao Olivier e optar pelos pratos para partilhar, consegue fazer um jantar muito interessante. Tanto a nível de sabores como a nível de preço. 😉
A juntar aos novos pratos, há também uma renovada carta de cocktails, dos quais experimentámos a marguerita de manga e o daiquiri de morango, ambos muito bons. Depois mudámos para o rosé, conforme nos aconselharam, e só vos posso dizer que é excelente!
Mas vamos então à comida, numa nova carta feita para partilhar. Sempre com uma apresentação imaculada (outra coisa não seria de esperar de um espaço do Olivier) foram chegando à mesa pratos para partilhar, “agrupados” em categorias.
Primeiro, os carpaccios: o de melão, com presunto, pérolas de mozzarella e hortelã, que parece muito mais simples do que demonstra ser quando o provamos, fresco e saboroso; e o de foie gras, com magret fumado, lentilhas e pera-rocha, um daqueles prazeres proibidos, e que funciona melhor para barrar o pão torrado do que para comer como carpaccio mesmo. Ainda assim, uma maravilha.
Para partilhar, 3 petiscos mais “quentes”: as batatas bravas com maionese picante de morrones, com uma apresentação muito diferente do que estamos habituados, mas deliciosas e viciantes; o folhado de queijo de cabra e nozes caramelizadas, também muito bom mas muito por causa da compota de uva que o cobre; e outra maravilha, a empadinha da D. Luzia, com galinha, catupiry e tartare de tomate, outro petisco que parece muito simples mas cujo sabor nos leva para memórias de família que todos temos.
Para terminar os petiscos (mas não o registo de partilha), os cornettos de guacamole com salmão, cavala e tobiko… MAGNÍFICOS! A massa do cornetto, o recheio que faz lembrar ceviche e o topping de guacamole, tudo faz sentido, tudo cria um conjunto perfeito!
Este regresso do Olivier ao restaurante é também um regresso às suas origens, daí haver vários pratos que remetem para memórias da sua infância. Como é o caso da massa da Tia Carolina, que é um dos pratos que funciona sozinho ou como acompanhamento: um linguini com tomate e pesto, onde os dois se encontram no equilíbrio perfeito e transformam a massa numa experiência fenomenal e verdadeiramente “caseira” (é isto a chamada comida de conforto). Outra massa, o linguini da casa, com molho de parmesão e trufa preta, também muito bom mas menos surpreendente.
Acompanhamentos para o quê? Para a picanha Wagyu, que como somos 3, vem servida na versão 500gr. E podemos dizer-vos que são 500gr de carne fabulosa! A picanha é fatiada muito fina, vem no ponto certo e temperada na perfeição, ainda suculenta. É verdade que o jantar já ia longo, mas a picanha estava tão boa que não conseguimos resistir a comer tudo. Maravilhoso!
Para terminar, as sobremesas. Também aqui cuidado com a apresentação e alguma irreverência: um cheesecake, mas de goiaba e hortelã, fresco e mais leve do que é habitual; a bomba branca, que é isso mesmo, uma bomba, ou seja, um gelado de chocolate branco merengado sobre uma cama de frutos vermelhos, onde se exploram contrastes de acidez e de texturas; e a melhor de todas, o Paris-Brest com praliné de avelã, uma sobremesa que só por si vale a visita ao novo Olivier. Sabor forte a avelã, massa espectacular, tudo excelente!
No final, em conversa com o próprio Olivier, percebemos que a nova lógica do restaurante faz todo o sentido. Um espaço mais vibrante, menos “elitista”, mais moderno e cosmopolita. Uma ementa mais próxima de todos, com opções para todos os gostos. Acima de tudo, uma ementa que deixa transparecer aquilo que o Olivier é: divertido, sociável, transparente.
Numa fase em que os Chefs de renome procuram é aumentar a sua oferta, é muito agradável ver o Olivier a olhar para si mesmo e voltar às origens. E este “novo” Olivier Avenida vai certamente agradar a muito mais gente. E tornar-se um dos spots mais badalados deste Verão.
Preço Médio: desde 25€ pessoa (partilhando 3 “petiscos”) até 50€ pessoa (se acrescentarmos prato principal e sobremesa)
Informações & Contactos:
Rua Júlio César Machado, 7 | 125-135 Lisboa | 213174105