Quase tudo… e naturalmente leeeeeeento…
Ainda nem estamos completamente sentados numa das mesas do Naked e já estamos a ouvir a empregada a informar a mesa ao lado da nossa que infelizmente deixou cair um dos pratos que tinham pedido. Muitas desculpas, mas era o último prato de bacalhau que estava preparado e que por isso tinham de escolher outra coisa, ou então esperar uma hora (!!!). Nessa mesa, uma das pessoas ficou incrédula enquanto esperava outro prato que depois pediu, enquanto a outra pessoa comeu o seu prato, que como não caiu ao chão, veio logo para a mesa. Belo começo de jantar, não?
E isto foi constante no nosso jantar num daqueles restaurantes sobre os quais tínhamos muitas expectativas: lentidão e algum amadorismo (o falta de atenção, se quisermos ser mais simpáticos. E tudo relacionado com o serviço.
O Naked – Tudo ao Natural fica perto do Príncipe Real e é mais um daqueles restaurantes que explora uma das novas tendências em crescimento da restauração lisboeta: a comida saudável. Aqui “ao natural”, ou seja, com o mínimo de intervenção possível. Forte nas redes sociais (porque agora também parece que a malta só come e fotografa coisas saudáveis… fazem falta mais fotos de um belo cozido!), o Naked tem aquele posicionamento que agrada a (quase) todos: muitas opções vegetarianas e vegan, mas algumas coisas com peixe.
O espaço até tem pinta, pelo menos a primeira sala. Um papel de parede a recriar pinturas, iluminação em tons amarelados, mesas a simular mármore. Na parede oposta, um balcão para o serviço take-away, com montra de sobremesas e de garrafas de sumo. Não sentimos aquele “feeling saudável” só porque o espaço é pequeno e acabamos por ficar perto da porta, mas isso não invalida que o espaço seja bastante agradável.
A saga que começou no bacalhau caído da mesa à nossa direita passou para a mesa da esquerda quando ainda estávamos a escolher o que jantar. Ouvimos a mesma empregada a dizer que a lista estava a mudar e que por isso alguns dos 8 pratos na ementa já não eram servidos. Tendo em conta que a ementa é curta, talvez fosse de avisar antes dos clientes fazerem a sua escolha… Ficámos à espera.
Quase 15 minutos depois de nos terem entregue a lista – e a partir deste momento, ao algum “amadorismo” juntou-se bastante lentidão no serviço – finalmente vieram recolher o nosso pedido (com apenas 3 mesas ocupadas no restaurante)…. O que nos vale é que vamos analisando os detalhes do papel de parede…
A primeira coisa a chegar à mesa são os sumos “espremidos no momento”. Pode ser apenas uma questão de semântica ou mesmo de gestão das expectativas, mas esperamos que sumos espremidos no momento… o sejam mesmo. E não “espremidos no momento em que foram engarrafados”. Os sumos são bons, mas não foi bem o que nos venderam…
De seguida, a Mezze, uma das entradas que pedimos. Composta por várias coisas, nem todas as que estão descritas na lista e outras completamente diferentes. É surpresa! Palitos de cenoura e nabo para molhar num excelente hummus e igualmente boa pasta de abacate. Mais regulares a tapenade de azeitona preta e o creme de bererraba com pistachio. Dois tipos de pão a acompanhar, ambos interessantes mas em pouca quantidade para o resto. Vêm perguntar-nos se queremos mais pão para terminar as pastas, ou que é atencioso… mas 2 minutos depois vêm dizer-nos que afinal os pratos estão a sair, por isso se calhar não vale a pena. Concordamos… mas esperamos mais de 5 minutos que os pratos cheguem à mesa. Ou seja, tinha dado para vir mais pão e acabar todas as pastas. Enfim…
Em relação aos pratos – e tendo em conta que não havia os dois que queríamos em primeiro lugar – a primeira sensação é que as doses são pequenas, ou pelo menos pequenas para o preço. Escolhemos o Strogonoff de palmito e cogumelos com puré de cenoura e alho francês muito por causa do palmito, de que ambos gostamos muito. Ora, tivemos de perguntar se tinha algum, porque o strogonoff só sabia a cogumelos… Além disso, a proporção desses cogumelos em relação ao puré não nos pareceu bem conseguida, era muito poucos.
Por outro lado, no Arroz integral com feijão encarnado, manga, guacamole e salsa de tomate as proporções estão muito mais acertadas. A mistura de ingredientes garante um bom contraste tanto de temperatura como de texturas e sabores. Um prato muito bem conseguido, se bem que, pessoalmente, gostaria que estivesse mais temperado. Tendências…
E por fim, chega à mesa a outra entrada que pedimos, a Shakshouka. Sim, entrada, mas chegou depois dos pratos. Sem nenhum aviso prévio sobre a demora, ao ponto de já pensarmos que se tinham esquecido. Novamente, nada a apontar à qualidade do prato, com o ovo bem escalfado e a mistura de tomate, pimentos e cebola muito saborosa. Mas era melhor de comer logo no início.
Mais algum tempo de espera até à pergunta sobre se queríamos sobremesas, e depois para elas serem servidas. A oferta era baseada quase só em tartes, e ficámos indecisos porque aparentemente tudo tinha bom ar. Pedimos a Tarte Naked, com uma base de bolacha, depois uma camada de uma espécie de semi-frio de chocolate e ainda um topping de frutos vermelhos, muito boa por sinal, ainda que se torne um bocadinho enjoativa no final (isto se não for para dividir, claro). Por outro lado, a tarte de Abacate e lima sabe demasiado ao primeiro e da segunda só vemos algumas raspas. Ainda assim, duas sobremesas muito boas.
Pedimos a conta e, mais uma vez, ficamos à espera… atrás do balcão a empregada está a arrumar bolos e outras coisas, enquanto esperamos. Tudo… naturalmente lento. E, quando finalmente conseguimos sair do Naked, foi com alguma pena, porque realmente estávamos com expectativas e queríamos que tudo tivesse corrido bem. A ideia base do restaurante é muito interessante e algumas das ofertas também.
Mas, mesmo admitindo que podemos ter tido muito azar na noite em que fomos, o que estragou a nossa experiência no Naked foi mesmo o serviço. A lentidão e a falta de alguma noção e destreza. O que é realmente uma pena, porque esperávamos mais. Ou melhor, se preferirem…
Preço Médio: 20€ pessoa (com sumo natural)
Informações & Contactos:
Rua da Escola Politécnica, 85-87 | 1200-279 Lisboa | 925 406 880
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