Muita cerveja… e petiscos do caraças!
Nos dois anos anteriores à pandemia (que nos colocou em suspenso durante mais do que um ano inteiro), começaram a aparecer em Lisboa um conjunto de espaços que não conseguíamos encaixar facilmente no espectro do “restaurante”. E no meio dessa leva de espaços, alguns dos mais curiosos estavam relacionados com marcas de cerveja artesanal que, ao abrirem os seus bares (ou fábricas, como lhes chamam), acabavam por convidar Chefs amigos para prepararem alguns pratos, no registo dos petiscos, para que as pessoas pudessem acompanhar as cervejas.
A Musa da Bica foi um desses espaços. Ligado diretamente à Cerveja Musa, fica no Cais do Sodré, junto ao Ascensor da Bica, e já antes da pandemia estava a criar uma forte reputação pelos ambiente e principalmente pelos petiscos que lá eram servidos. Havia chefs residentes e outros convidados, a grande maioria desta nova geração de malta que está a dominar a cozinha em Lisboa, com constantes eventos e parcerias. O que significa que o que podíamos sempre esperar para acompanhar as cervejas eram petiscos sempre diferentes dos habituais.
Ora, com a reabertura dos restaurantes pós-pandemia, a Musa da Bica manteve o conceito mas mudou de mãos na cozinha. Quem está agora ao leme dos tachos são o Pedro Abril e o Tiago Lima da Cruz, dois “miúdos” que tiveram a sua escola na Taberna Sal Grosso (leiam aqui o nosso review) e entretanto foram ganhando a sua identidade na cozinha. E essa identidade está cada vez mais afirmada no que apresentam na ementa da Musa da Bica.
A lógica do espaço é conviver, ficar a petiscar e a beber cervejas, sem horas marcadas. Por isso é que é tão complicado arranjar mesa, especialmente na esplanada. Há um vibe muito bom à volta da Musa da Bica, não só por causa dos constantes eventos que por lá acontecem, mas especialmente porque o “passa palavra” resulta muito bem para espaços como estes.
Há mais de 10 cervejas diferentes para experimentar, dentro do portfólio da marca, por isso há para todos os gostos. Podemos passar umas boas horas na Musa da Bica sem repetir uma cerveja, mas também podemos manter-nos nas nossas preferidas. E, para acompanhar as cervejas – porque sim, aqui a lógica é inversa – há uma carta de petiscos que vai mudando com alguma regularidade, mas que também tem aqueles best-sellers constantes.
Por exemplo, o Mexilhão Frito é dos melhores snacks que Lisboa viu aparecer este ano. É absolutamente viciante! Mexilhão panado numa polme já assim meia picante, crocante, delicioso, acompanhado por maionese mas que nem é necessária porque os bichos comem-se bem assim só. Fantástico!
Mas há mesmo muito mais coisas para petiscar! Há um Bao de Cogumelos maravilhoso, que até nos faz esquecer que é uma espécie de opção vegetariana; um Waffle Chicken Sandu que é um excelente katsu sandu, mas com waffle a substituir o pão, o que lhe dá um sabor ligeiramente doce; ou o Cachorro de Polvo, com pão brioche, bem recheado e cheio de sabor.
A carta não é extensa, e vai variando consoante as ideias do Pedro e do Tiago. Por isso mesmo, podemos ter duas versões do leitão, em semanas diferentes: numa semana podemos ter Tacos de Leitão, e na seguinte podemos ter uma espécie de Bola de Berlim recheada com Leitão e Laranja. Em qualquer uma das duas versões, temos leitão e laranja, uma combinação vencedora, seja em que formato for.
Outras coisas que fomos provando neste dias e que podem ou não encontrar numa visita à Musa da Bica: a Sandes de Douradinho, uma espécie de fish & chips à portuguesa; o Escabeche com Figos, servido sobre uma tosta, rico em texturas e contrastes de sabor; ou o Pastel de Massa Tenra de Balchão, que é uma verdadeira brutalidade! São petiscos muito diferentes dos tradicionais pica-pau, moelas ou coisas do género, mas aqui têm mesmo de o ser, porque o espaço pede algo mais arrojado e diferenciador.
As sobremesas também vão variando consoante os apetites da malta da cozinha, e por isso tanto podemos ter o Brownie como a Bola de Berlim Marota, um Pudim de Pão ou mesmo uma Tarte de Maçã “tipo McDonalds”. Mas nem são assim tão importantes, porque as cervejas pedem antes petiscos salgados do que coisas doces.
Sítios como a Musa da Bica vieram revolucionar a ideia de petiscos para as gerações mais jovens dos lisboetas, que já não se contentam com caracóis, pica-pau ou salada de polvo. São mais trendy, mais internacionais, mais arrojados, por isso procuram coisas diferentes, como estas que há na carta da Musa da Bica. É um conceito em crescimento na cidade, com cada vez mais espaços a abrir com conceitos semelhantes. O que é muito interessante, na nossa opinião, porque mostra que há malta jovem com bastantes ideias giras. Que se materializam em petiscos do caraças!
Preço Médio: 25€ pessoa (mas varia muito consoante o número de petiscos que pedirem)
Informações & Contactos:
Calçada Salvador Correia de Sá, 2 A | 1200-399 Lisboa | 21 342 02 01