Serviços de Rolha e Barulheira Infernal.
“Ao preço dos vinhos da Garrafeira acresce no Restaurante, o Serviço de Rolha, no valor de 6€.”
É assim que somos recebidos no Mesa do Bairro, uma petiscaria sofisticada e de onde saímos quase surdos.
Não sou um gajo forreta, quando diz respeito a restaurantes. Gosto de jantar fora e não me chateia pagar bem por uma refeição de qualidade. Mas irrita-me profundamente quando me fazem pagar por coisas que não fazem sentido. Pelo menos para mim.
Ora, entramos na Mesa do Bairro pela porta da garrafeira. É o habitual, diz quem nos recebe, porque o espaço conjuga as duas coisas e petiscos pedem vinho. Até aqui, nada errado com a abordagem. Mas depois somos informados que o restaurante tem uma taxa de rolha, o que nos permite levar vinho de fora… mas que também se aplica aos vinhos que têm na carta! Ou seja, pagas taxa de rolha para te levarem o vinho desde o r/c até ao primeiro andar, onde é o restaurante! Pá… se faz sentido cobrar esse valor quando levo vinho de casa, não me faz sentido nenhum ter de pagar esse valor quando peço um vinho da carta do restaurante. Honestamente, não percebo…
Mas isto não foi o pior do nosso jantar na Mesa do Bairro. O pior foi mesmo o barulho quase insuportável da sala. Não sei se é a acústica do espaço ou se naquela noite estiveram lá as pessoas mais barulhentas de todo o mundo, mas a verdade é que passámos o jantar todo a perguntar “Hã?!” sempre que o outro falava. Aliás, fizemos o mesmo com os empregados, que fizeram o mesmo connosco. É que nem eram só as pessoas (e atenção que não estou a falar de grupos gigantes de adolescentes, mas sim pequenas famílias de senhores com casaco e senhoras com penteados elaborados) foi mais do que isso: o barulho repetido de louça na copa também contribuiu para esta música ambiente que transformou este jantar numa experiência que pareceu interminável.
Se a comida é boa? Sim, na sua maioria, ainda que mais cara do que noutras petisqueiras mais modestas. Mas se aqui pagamos taxa de rolha para beber vinho do restaurante, é normal que os preços sejam acima da média. E claro que os pratos não trazem acompanhamento, pago à parte.
Comemos uns peixinhos da horta oleosos e uns pastéis de massa tenra mesmo bons. Depois umas sofríveis bochechas de vitela confitadas em molho de vinho tinto, com um puré de batata completamente frio e o molho de vinho sem sabor nenhum. Por outro lado, umas excelentes pataniscas, fritura perfeita e sabor exemplar (ainda que também estivessem mais para o frio do que para o quente), acompanhadas de um também bastante agradável arroz de tomate.
E o melhor foi a sobremesa, um macarron de queijo da serra com doce de abóbora, surpreendente e delicioso.
No final do jantar, que durou pouco mais do que uma hora porque não estava mesmo a dar para estar ali com aquele barulho, saímos sem grandes intenções de voltar. A questão do serviço de rolha para vinhos da garrafeira é completamente ridícula, mas o pior foi mesmo a barulheira infernal que serviu de banda sonora ao jantar.
Há (muitas) tascas com vinhos mais baratos, menos barulho e melhor comida.
Preço Médio: 22€ pessoa (com vinho)
Informações & Contactos:
Rua Reis Gomes | 1000-259 Lisboa | 961459220
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Os vinhos no andar de baixo não estão a preço de vinhos de restaurante.
Onde num restaurante normal pagaria 16 por um vinho, ali paga-se 10 + taxa de rolha, não há muita diferença.
Esta review é de 2016, Oscar 🙂 Provalmente já não corresponde à realidade do restaurante