Petiscos bons… ao som da bola.
“Olá, eu chamo-me Maria e vou atender a vossa mesa esta noite!” E foi assim, com um sorriso, o melhor momento da noite, na nossa primeira visita ao Matateu. Para nós – e pelo menos nessa primeira vez – o Matateu não foi o Manzarra, não foi o espaço, não foi o facto de estar na moda, não foi sequer a comida. Foi a Maria. Que, com a sua simpatia e honestidade, soube receber, explicar, apresentar desculpas e principalmente ouvir e deixar-nos à vontade. Pela Maria, o Matateu foi 5 estrelas.
Os anos entretanto foram passando e pelo Matateu foram também passando muitas outras “Marias” ou outros nomes. O serviço hoje em dia tem mais altos e baixos, nem sempre é consistente, mas o Matateu lá continua a dar cartas, no Estádio do Restelo.
Ora, o Matateu foi um dos pioneiros deste registo das petiscarias modernas, aquando da moda, no longínquo ano de 2014… O que significa que agora pode apenas parecer mais uma petiscaria destas, mas na verdade foi um espaço inovador na época. A ementa foi sofrendo alterações desde a sua abertura, mantendo apenas alguns dos petiscos mais emblemáticos e acrescentando outros mais ajustados aos dias de hoje. Nada é surpreendente, é verdade… mas também é verdade que nem sempre as coisas precisam de ser surpreendentes. Basta apenas que sejam boas!
O espaço está completamente decorado com referências futebolísticas, especialmente ao “mítico” avançado do Belenenses, que deu nome ao restaurante. A própria ementa tem essas referências nos nomes dos pratos ou na sua descrição, ainda que se perceba que estamos diante de petiscos clássicos.
O ideal é ir em grupo e pedir várias coisas. Lá está, petiscar. E podemos começar com os Croquetes de Vitela ou os Bulharacos de Alheira com compota de maçã e canela, os últimos mais interessantes do que os primeiros. Ainda melhor a trilogia que se segue e que podem ver na fotografia: os Ovos com Espargos Verdes, os Peixinhos da Horta e os Pimentos Padrón, uma espécie de mista vegetariana, no que respeita aos petiscos.
Mesmo quando passamos para os pratos principais continuamos no mesmo registo de petiscos, por isso é normal que encontremos “velhos clássicos”. O Pica Pau de Picanha é excelente, mas há outras coisas igualmente boas, como o Choco Frito (acompanhado de uma maionese de tinta de choco e wasabi) ou o Polvo à Lagareiro no Espeto (que, mesmo servido de uma forma diferente da habitual, consegue manter o sabor característico do prato).
As Gambas “à Guilho” podiam ser mais intensas, o molho não é de todo tão apurado como podia (devia) ser… mas o molho das Batatas Bravas compensa isso, porque pica que dói! A apresentação destas últimas é diferente do que esperamos, parece basicamente uma batata grande cortada aos gomos, mas a nível de sabor nada a apontar.
Também a nível das sobremesas não há assim grandes surpresas. Temos nomes conhecidos e algumas apresentações diferentes, como é o caso da Tarte de Maçã Desconstruída, que é mais uma espécie de mousse do que uma tarte; e depois outras sem grandes surpresas visuais como a Mousse de Chocolate.
Ou seja, aquele factor diferenciador que nos chamou a atenção na primeira visita – o serviço, personalizado na Maria – deixou de o ser em visitas seguintes. Não porque o serviço passou a ser mau, apenas porque passou a ser normal. E a habituação ao espaço fez com que nos focássemos mais na comida, que na sua generalidade é bastante boa. Não é surpreendente, mas é boa. E o conceito ligado ao futebol acaba por diferenciar o espaço dos restantes.
O Matateu continua por isso a ser uma das boas petiscarias de Lisboa. Não a mais central, não a mais pitoresca, mas uma das boas e das mais antigas. Ou seja, uma boa opção para quem está na zona e quer comer uns petiscos e beber umas cervejas ao final da tarde.
Preço Médio: 18€ pessoa (com cerveja)
Informações & Contactos:
Estádio do Restelo | 1100-038 Lisboa | 21 301 1188