Comida para o coração.
É difícil falar (ou escrever) sobre o ISCO. E não porque não sabemos se vamos escrever bem ou mal… mas porque sabemos que temos uma relação emocional tão grande com esta pequena padaria/bistrô e com as pessoas que andam numa azáfama por detrás dos seus vários balcões. E isso faz com que seja difícil afastarmo-nos do sentimento e fazer um review neutro.
Mas, por outro lado… a vantagem de ter um blog em vez de ser um jornalista é exactamente esta! Não precisamos de excluir os nossos sentimentos daquilo que escrevemos! Sim, tentamos sempre ser o mais honestos possível, mas temos de escrever sobre o que sentimos. E o que sentimos sobre o ISCO é uma espécie de amor incondicional! 🙂
Podíamos seguir a estrutura normal de qualquer um dos nossos reviews, mas aqui não faz mesmo nenhum sentido. Porque não vamos estar a descrever o espaço nem a falar sobre o serviço, e ainda menos a avaliar uma ementa que muda tantas vezes que seria preciso ir uma vez por semana a esta pequena “padaria” de Alvalade para provar tudo.
Há quem vá ao ISCO “apenas” pela padaria. Que, por si só, é das melhores que encontramos em Lisboa, tanto pela fantástica qualidade como pela variedade enorme de tipologias que são expostas naquela pequena montra no balcão. Há sempre um toque criativo e original no que é feito todos os dias, e isso fez do ISCO uma referência incontornável nesta “nova” Lisboa em que vivemos, onde se procuram coisas novas, onde procuramos espaços que nos surpreendam e nos façam abrir os nossos horizontes.
Mas falar do ISCO é falar, acima de tudo, da Nathalie. Que não só é a (pequena) cabeça criativa por detrás de tudo aquilo que por lá acontece a nível de comida, como é uma das pessoas mais simpáticas e amorosas que já conhecemos desde que, há quase 10 anos atrás, começámos esta odisseia chamada “Onde Vamos Jantar?”.
E é a Nathalie que vai criando pratos maravilhosos, uns mais recorrentes que outros, oscilando entre influências de todo o lado, sempre com um objetivo claro: serem reconfortantes. Servidos em cima das mesas com o azul mais inconfundível da cidade, podem ir do Tártaro à Cachupa Rica, passando pela Moussaka ou mesmo uma Sandes Banh Mi, saltar de continente para continente, e sentimos sempre o mesmo conforto logo na primeira garfada.
É uma cozinha sazonal, com muito ênfase aos ingredientes, como devia acontecer em todos os restaurantes, sejam ele de que tipo forem. O cuidado na apresentação dos pratos não é extremo, mas é cuidado, porque os olhos também comem. Comem coisas maravilhosas como uma “simples” Sopa de Cogumelos com Piso ou outras mais complexas (e frescas) como a Salada de Beterraba com Pickles e Queijo de Cabra ou a de Funcho Assado com Requeijão e Avelã.
Ou, em jantares especiais, porque não uma Raia no Forno, mas cozinhada dentro de um pão de fabrico caseiro? Os limites no ISCO são efectivamente a imaginação. E imaginação é o que não falta a estas pessoas maravilhosas.
Além dos menus de almoço e jantar, que variam pelo menos mensalmente, aquela malta ainda se vai lembrando de fazer eventos temáticos, quer sobre gastronomias de regiões da nossa terra ou de outro países, jantares esses que, inevitavelmente, se tornam momentos íntimos de convívio e de partilha de emoções, através da comida. No fundo, sentados à volta destas mesas azuis, aquilo que partilhamos é comida… para o coração.
Porque o ISCO consegue fazer isto a quem lá vai uma, duas, três vezes, ou repetidamente todas as semanas. Faz-nos sentir parte de uma espécie de fraternidade, de uma família que pode ser pequena e íntima, ou mais alargada se quisermos. É por isso que, quando vamos a outro restaurante qualquer e vemos escrito no menu “pão do ISCO”, esboçamos um pequeno sorriso. E também é por isso que, mesmo morando na ponta oposta da cidade, fazemos frequentemente a viagem e andamos bastante tempo à procura de estacionamento, apenas para ir comprar pão ou simplesmente dizer olá. Porque é isso que se faz com os amigos.
Preço Médio: 25€ pessoa (com vinho)
Informações & Contactos:
Rua José d’Esaguy, 10 D | 1700-267 Lisboa | 21 134 57 51