GUAKA CANTINA MEXICANA

Um jantar para esquecer…

Se há coisa que me irrita mesmo nos restaurantes é o mau serviço. Aliás, nem é só o mau serviço em si, é o mau acompanhamento do cliente. Porque, independentemente de todas as condicionantes do Mundo, quando um restaurante abre portas tem de estar preparado para dar um bom serviço a cada cliente. Porque nós, clientes normais, queremos ter uma boa experiência, que se calhar até é a única vez na semana (ou no mês que vamos jantar fora). E estamos a pagar por um serviço, por isso esperamos – pelo menos – ser tratados com atenção. É muito simples…

Mas infelizmente as coisas são cada vez menos assim… e começam a ser cada vez mais os restaurantes que investem zero no serviço em detrimento de uma decoração cool ou uma ementa cheia de best-sellers. Só que não há neons e luminosos que ofusquem uma má experiência.

O nosso jantar no Guaka Cantina Mexicana não correu nada bem. Sim, é um dos novos mexicanos de Lisboa, numa época em que os mexicanos estão a voltar à moda. Mas não, não correu nada bem. Durante todo este texto vamos descrever ao máximo o que aconteceu, como fazemos sempre: descrever experiências. Mesmo sabendo que vai haver quem concorde e quem não concorde, e mesmo aquelas pessoas que nos vão querer atirar pedras (ou tacos, se quiserem). A nossa (triste) verdade é que as coisas não correram bem, mesmo. E pronto…

Num primeiro impacto, com o restaurante ainda quase vazio, coisas positivas e negativas. O espaço é giro, tem pinta, muita cor e decoração típica tex-mex… mas a música está demasiado alta, e vai aumentando à medida que o restaurante vai enchendo (por duas vezes pedimos para baixar a música). Percebemos que faz sentido tendo em conta o posicionamento festivo do restaurante, mas é incómodo, especialmente com uma sala quase vazia.

Olhamos para a ementa e reconhecemos quase tudo, por isso a escolha é mais ou menos fácil: algumas entradas, vários tacos, uma quesadilla… e margaritas, claro. As primeiras margaritas chegam passados 5 minutos do pedido, o que é bom, ainda que sejam um pouco mal servidas (como podem ver pela foto em baixo) e demasiado doces.

Vamos bebericando as margaritas para não acabarem demasiado depressa e conversando, isto durante os 15 minutos que as entradas demoram a chegar. Não é uma espera exagerada, mas pelo menos o Guacamole e Totopos podiam ter vindo logo a acompanhar as bebidas. Não são fantásticos, mas pronto. Muito melhores são os Huevos Rancheros, uma bomba de colesterol que nos deixa novamente com um feeling de que se calhar isto ainda ia correr bem. Mal nós sabíamos…

Porque pedimos os tacos logo assim que as entradas chegaram à mesa, assim como um novo round de margaritas. Os tacos no Guaka chegam 15 minutos depois de termos terminado as entradas, ou seja, se quisermos ser rigorosos, 30 minutos depois do pedido. Percebíamos perfeitamente se viessem um bocadinho depois, mas aqui a espera é um pouco longa. Se são bons? Médios, vá. Pedimos o de Carnitas, o Al Pastor e o de Tinga, que mesmo estando longe de serem os melhores tacos que comemos em terras lusas, têm muito recheio e isso compensa sempre.

Mas não os começámos imediatamente a comer, porque estávamos à espera das segundas margaritas que pedimos. Que – pelo menos na nossa ideia – seriam mais rápidas de fazer que os próprios tacos. Só que não, pelo menos aqui no Guaka. As margaritas demoraram 20 minutos a chegar à mesa depois dos tacos, ou seja, 30 minutos depois de as termos pedido. E depois de termos de relembrar os empregados 3 vezes para que estavam em falta! Resultado: comemos tacos frios…

Curioso no meio disto tudo… o Guaka Cantina Mexicana tem um ritual para mostrar que é um sítio fixe que é servir shots de tequilla à sala toda de 40 em 40 minutos. Bom… primeiro, não é tequilla, mas sim tequilla misturada com sumo de limão. E depois… não é propriamente a coisa mais agradável para quem está à espera de 3 margaritas há 30 minutos! Sugestão: e que tal, em vez desta brincadeira, servirem as simples bebidas às mesas que estão à espera delas há muito tempo? Enfim…

Quando as margaritas chegam à mesa, depois desses 30 minutos, já mais do que percebemos que isto estava demorado e pronto. Mas também estávamos com fome, por isso resolvemos ainda assim pedir um último prato, uma Quesadilla de Porco e Cebola Caramelizada, mesmo que já tivéssemos na ideia que ia demorar um pouco. Mas como ainda testávamos a comer os últimos dos tacos (frios!) e efectivamente precisávamos de mais alguma coisa, siga. Ora… Ficamos mais 20 minutos à espera (com mais uma dose de shots pelo meio) até que uma das pessoas na mesa desiste e pede uma sobremesa. Quando fazemos o pedido, explicamos à empregada que está tudo muito atrasada, perguntamos se o pedido foi esquecido, enfim, tentamos tudo. É a quarta vez nesta noite que a nossa mesa está a reclamar com um dos dois empregados sobre os atrasos e a falta de coisas na mesa. Não há resposta, não há reacção, não há uma justificação.

A sobremesa demora uns poucos minutos a chegar à mesa, o Dulce Tres Leches, servido num potezinho fofinho que nada tem a ver com a forma como se deve servir esta sobremesa que na realidade é um bolo. Ainda assim, se nos concentrarmos só no sabor, é das melhores coisas que comemos nesta noite, depois dos Ovos Rancheros. Mas é importante realçar que a sobremesa nos é entregue na mesa – mais uma vez – sem qualquer justificação acerca do atraso (mais um!) do último prato que pedimos.

Honestamente, já tínhamos desistido do Guaka e do seu serviço… Mas eis que a Quesadilla de Porco e Cebola Caramelizada chega à mesa, finalmente, uns singelos 35 minutos depois de ter sido pedida. E aqui é trazida até à mesa pela pessoa que acreditamos ser a chefe de sala ou algo semelhante, porque é quem recebe os clientes à entrada. Pessoa essa que coloca o prato com a quesadilla na mesa, ao lado de uma sobremesa já comida… e não só não justifica os atrasos constantes como nem percebe que nos está a servir um prato depois de já termos comido a sobremesa. Pronto, se calhar a inexperiência dos empregados não justifica tudo.

Depois de todo este tempo, com todos os atrasos e faltas de explicação, música demasiado alta, estamos com pouca paciência para ficar mais tempo no Guaka Cantina Mexicana. E, já agora, sem fome nenhuma para o raio da Quesadilla (que é surpreendentemente boa). Por isso, pedimos a conta e também uma caixa para levar o prato que demorou tanto tempo a chegar à mesa que nem sequer o comemos. E foi então que nos disseram que tínhamos de pagar 1€ pela caixa de take-away. Bom, antes que apareçam aí os parvos a dizer que isso é normal e que não nos podemos queixar disso… lembrem-se que tivemos um jantar onde tudo chegou atrasado à mesa, reclamámos várias vezes, e nada aconteceu. Honestamente, parece-me que cobrarem o dinheiro que for por uma caixa de take-away de um prato que não comemos porque chegou à mesa depois da sobremesa… é só muito errado. Isto não é tratar bem o cliente, é exactamente o oposto.

Sei que o texto vai longo, mas é importante realçar só mais uma coisa: estamos a falar de comida mexicana estilo tex-mex. Ou seja, sabemos perfeitamente que nada disto é feito na hora. O conteúdo de todos os tacos tem de estar feito previamente para apurar, e mesmo “tostar” uma quesadilla implica colocar todos os ingredientes já preparados lá dentro e levar a um forno ou chapa ou o que quiserem. E fazer uma margarita… bom, eu faço-as em menos de 3 minutos cada uma, e não estou a pensar em grandes quantidades. Por isso, os atrasos constantes devem-se ou a má gestão dos pedidos por parte do Guaka ou a simples desorganização.

Pagámos a conta (sim, acabaram por oferecer a caixa de take-away) e saímos do restaurante. Mas, mesmo na saída, enquanto nos cruzamos com outros clientes que estão a entrar, a mesma chefe de sala (ou whatever) que nos serviu o último prato depois da sobremesa, pergunta-nos se correu tudo bem. Sabem aquela pergunta de retórica, formulada para a resposta positiva? Não é um “como correu?” nem um “o que acharam?”, nada disso. A nossa resposta foi direta: “Não, por acaso não correu nada bem, não!”. E a resposta também foi direta: “Ah ok, desculpe, que pena…” E sim, é mesmo uma pena. Uma pena que a pergunta seja feita só neste momento, depois de várias reclamações; uma pensa que seja feita à frente de potenciais novos clientes, o que nos deixa a pensar duas vezes sobre elaborar a resposta ou não; e uma pena que seja feita de forma displicente que, infelizmente, se tornou regra na maioria dos restaurantes.

Mais cedo ou mais tarde vamos começar a receber mensagens dos responsáveis do Guaka, ou de malta amiga, a dizer que somos isto e aquilo, que estamos a fazer mal aos restaurantes e tal. Acontece sempre que escrevemos mal sobre um restaurante, é inevitável. Agora… o que é curioso é que pelos menos dos responsáveis do restaurante, teria sido mais agradável ter ouvido uma palavra durante o jantar que correu mal. Porque se dizemos inúmeras vezes que as coisas estão a correr mal a quem nos vem servir, será que essa mensagem não passa para a gerência logo na altura? E se não passa mesmo, a responsabilidade é de quem?!

Desculpem as “virgens ofendidas”, mas para nós é tão simples como isto: se um restaurante abre portas, deve estar preparado para tratar cada cliente como único. Até porque pode passar de moda e esse cliente se tornar literalmente o único. Já vimos isto acontecer vezes demais… O Guaka Cantina Mexicana tem a responsabilidade acrescida de pertencer a uma cadeia, por isso já o devia saber bem. E o que nos aconteceu até pode ter a ver com restaurante cheio, equipa inexperiente, problemas na cozinha… mas a falta de acompanhamento ou de explicações durante a refeição, nos vários momentos em que as coisas correram mal, tem apenas a ver com uma falta gritante de atenção para com o cliente. E isso não se aprende: ou se tem, ou não se tem.

Preço Médio: 20€ pessoa (com 1 margarita ou 2 cervejas)
Informações & Contactos:
Rua de São Marçal, 94 | 1200-368 Lisboa | 913 679 165