Ninguém ficou mal disposto. E isso é uma vitória! 😛
Já experimentaram a ver, agora adultos, as séries que vos impressionavam quando eram crianças? Eu fiz isso recentemente com o “MacGyver”, porque era daquelas séries que eu achava perfeitas. E que tinha na memória como uma coisa muito boa… Mas, quando revi recentemente uns episódios desse tempo, percebi que não. Não era uma série assim tão boa, nem estava tão bem feita como eu me recordava de estar. Mas porque eu era miúdo e havia toda uma outra envolvente, aquilo para mim era genial.
Ora, este é um sentimento que se pode estender a muita coisa: músicas, filmes e, claro está, restaurantes. Há restaurantes que me lembro de fazerem parte das minhas memória em família e de ter a ideia que eram espectaculares… mas que quando os visito agora percebo que sempre foram apenas normais. Os tempos eram outros e, acima de tudo, os gostos evoluíram.
Este Grande Mundo, no Centro Comercial Dona Maria em Queluz, era daqueles restaurantes de jantares de grupo de amigos. Era barato (já na altura), o atendimento era porreiro e, claro, a comida era boa. Ou, pelo menos, lembro-me de achar isso na altura.
E foi preciso a ideia de combinar um jantar com o mesmo grupo de amigos para alguém sugerir: “e se fossemos ao chinês de Queluz?”. Estava feito! E lá fomos…
A primeira coisa a dizer é que… nada mudou. O restaurante está exactamente igual, as mesmas mesas, os mesmos quadros, tudo. Aliás, mudaram os preços, mas porque se tornaram ainda mais baratos por causa da opção buffet – que tem o maravilhoso preço de 6,90€, com sobremesa incluída. É preciso dizer mais alguma coisa?
O buffet tem muita coisa, mas tudo com o aspecto gorduroso que estávamos à espera. Umas coisas mais chinesas, outras menos, mas a verdade é que vemos as pessoas a porem tudo nos pratos (um prato cheio até acima com batatas fritas, salsicha e frango não é propriamente chinês… ou será?)
Resolvemos fazer um jantar “old school” e por isso esquecemos o buffet para pedir à carta. E como vemos lá os mesmos pratos que conhecíamos há quase 20 anos, nem hesitamos: cada um pede um prato, para todos podermos comer de tudo um pouco.
Começamos com crepes, grandes e tão oleosos como estávamos à espera, que enchemos de todos os molhos que nos trazem para a mesa. Depois vão chegando os pratos principais: pato à pequim, o pato demasiado cozinhado e com uma compota de framboesa para acompanhar que nunca tinha visto; uma “família feliz” servida numa espécie de cesto, variante de um prato clássico, que sabe exactamente a “tudo ao molho e fé em Deus”…
Claro que tinha de vir o porco agridoce, que curiosamente é o prato mais saboroso da noite, ainda que mantenha o registo “ultra frito e inundado em gordura”. Por outro lado, o filete de frango com gambas é maravilhosamente mau, com a massa pastosa, o frango sem sabor nenhum e a gamba dentro de cada fatia a querer fugir de lá…
Eu pedi um dos meus clássicos – o chau min de galinha – mas incentivaram-me a trocar para a massa de arroz… o que foi má ideia, porque a massa não sabe a nada nem vem minimamente misturada com o resto dos ingredientes (é tipo pedaços de frango no fundo e um ninho de massa em cima). Molhos para cima, mistura-se tudo e segue!
Ainda vieram para a mesa um chop suey de gambas (inundado em molho e gorduroso,para não variar) e umas gambas com alho na chapa… que tinham mais cebola e alho do que gambas.
Nada verdadeiramente mau, mas nada verdadeiramente bom. Só que a nossa expectativa já era essa e simplesmente deixámo-nos ir. Sem pensar muito.
Arroz chau-chau para acompanhar, óbvio, e para beber, claro, vinho verde. Agora em menor quantidade do que quando éramos putos, porque toda a gente vai a conduzir para casa.
A sobremesa é também um clássico, o gelado frito. Novamente, o mesmo ritual (molha com aguardente chinesa, pega fogo e mexe um bocado com as colheres) e, como não podia deixar de ser, o mesmo sabor… ou seja, massa empapada e gelado que nem conseguimos perceber do que é. Um clássico, portanto!
E só para terminar, porque um jantar neste chinês não podia terminar de outra forma… o mítico licor! Agora a garrafa já não é oferta para o aniversariante (tradições que mudaram entretanto, dizem-nos por causa da crise), mas ainda nos servem um shot em copos de café de plástico. E o sabor? Sim, é exactamente aquilo que nos lembrávamos: sabe a xarope para a tosse. Mas ficamos todos contentes pelo revival! 🙂
Ou seja, este Grande Mundo de Queluz é aquele chinês de buffet, que só tem de ser barato e ter serviço rápido. Não esperem surpresas no buffet e mesmo à carta é tudo mais ou menos o que se servia há 20 anos. Mas a realidade é que fica extremamente barato! Ninguém ficou mal disposto depois do jantar, por isso a comida, mesmo sendo toda gordurosa e cheia de todo o tipo de molhos, cumpre as expectativas e ajusta-se ao preço.
Se, como eu, eram daqueles que faziam dos chineses os restaurantes para jantares da malta, então vai ser um revival e vão ter um jantar divertido por causa disso mesmo. Se, por outro lado, procuram um bom restaurante chinês… então sigam em frente.
Preço Médio: 9€ (buffet e bebida)
Informações & Contactos:
Avenida António Enes, 25, loja 211 – Centro Comercial Dona Maria | 2745-068 Queluz | 21 436 0187
Informações & Contactos:
Avenida António Enes, 25, loja 211 – Centro Comercial Dona Maria | 2745-068 Queluz | 21 436 0187
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