Se calhar escolhemos mal os pratos…
Às vezes é tão simples como isso, não é? Basta uma decisão errada (e isto depende sempre da perspectiva) que a nossa experiência num restaurante fica logo marcada. Parece óbvio, mas depois pensamos sempre de outra forma: então isso significa que os clientes têm de saber exactamente quais os pratos que devem escolher, para garantir que provam os melhores da ementa? E se não me apetecer este ou aquele prato em específico? Tenho de comer algo que não quero só para sair de um restaurante a pensar que é bom? Pois que não devia ser assim…
Isto vem a propósito do Floresta de Moscavide, restaurante tradicional e muito conhecido na zona, até porque existe há mais de 50 anos. É daqueles restaurantes clássicos, num registo tradicional, com azulejos e madeira nas paredes, iluminação demasiado branca, serviço à antiga, com os empregados de camisa branca, sempre com uma piadola. Pelos vistos é (ou foi) restaurante de eleição de jornalistas, malta do espetáculo e até do Cristiano Ronaldo, veja-se lá.
Ora, não sabia nada disto previamente, assim como não tinha a noção de quais eram as especialidades da casa ou aqueles pratos que muitos dizem ser os melhores. E como fui parar à Floresta de Moscavide numa noite em que andava na zona e queria algo despretensioso, a verdade é que não pesquisei muito. Por isso, deixei escapar os Filetes de Peixe Galo, que depois me disseram ser dos melhores que se comem na Grande Lisboa, e o Arroz de Lebre, que nem me recordo de ver na ementa na noite em que lá estive. Tanto eu como o meu amigo fomos para pratos mais simples – e também mais em conta, porque estamos a falar de um restaurante onde os pratos rondam (ou ultrapassam) os 20€.
As Iscas são uma escolha recorrente quando vou a restaurantes, mas há outro prato que é ainda mais inevitável: a Carne de Porco à Alentejana. Que aqui na Floresta de Moscavide esteve longe de me encher as medidas… falta clara de pimentão, que é o que dá o sabor característico ao prato, e com um molho de carne que não nos aproxima nada do sabor que esperávamos. Algumas amêijoas, zero pickles, mas pelo menos as batatas vinham cortadas mais ou menos aos cubos. A carne em si era boa, tenra, mas realmente o sabor não era o de uma carne de porco à alentejana…
Nas Iscas, o mesmo problema, que era basicamente o molho – honestamente, até parecia o mesmo. Muito carnudo, parecia o de um estufado, não o de umas iscas à portuguesa. A própria carne estava um pouco mais passada do que aquilo que eu gosto, mas percebo que isso sejam preferências, e as batatas cumpriam (batata cozida é impossível de falhar, não é?). Mas a questão do molho é que realmente nos fez olhar um para o outro e abanar a cabeça, em ambos os pratos.
Terminamos o jantar com duas excelentes sobremesas, o que é uma fantástica surpresa principalmente para mim, que não sou gajo de doces. E ambas sugestões de quem nos atendeu, o que é sempre bom sinal. Leite Creme e Tarte de Coco, uma maravilha cada uma delas! O leite Creme queimado ao momento, sem exageros, e a Tarte de Coco assim tipo quindim mas com duas texturas diferentes, muito boa mesmo! Não são as sobremesas que “salvam” o jantar, mas são uma forma bastante agradável de sair do Floresta de Moscavide.
Assim sendo, voltamos ao princípio. Provavelmente fomos nós que escolhemos mal os pratos, ainda que fosse o que nos apetecia naquela noite. Se tivéssemos ido para pratos daqueles que saem mais, ou pelo menos aqueles pratos que várias pessoas nos disseram posteriormente que devíamos ter escolhido, sairíamos do Floresta de Moscavide mais satisfeitos. Mas se passamos a ir a um restaurante apenas para comer o que nos dizem que temos de comer, então onde é que está a graça nisso? Para nós, é simples: nenhum dos pratos que provámos nos fez colocar o Floresta de Moscavide no patamar que pelos vistos muita gente coloca. Mas pronto, pode ter sido erro nosso…
Preço Médio: 25€ pessoa (com cerveja)
Informações & Contactos:
Rua Almirante Gago Coutinho, 12 A e B | 1885-035 Lisboa | 21 944 2721
Escolheu mal, a delícia é bem melhor.
Claramente o molho é daqueles “pózinhos sintéticos”. Conheço o Restaurante, vive dos seus fieis clientes “old school”,… e quando já não existirem??????