Conquilhas?! Nem vê-las…
Bom, na verdade vimo-las e comemo-las uma vez no Eduardo das Conquilhas. Mas também é verdade que vamos ao Eduardo das Conquilhas uma vez por ano, talvez, desde há uns 8 anos. O que faz com que só termos encontrado conquilhas uma vez seja uma média bastante baixa… especialmente para uma marisqueira que tem “conquilhas” no nome.
Mas voltando ao restaurante em si, ou à marisqueira, se preferirem. O Eduardo das Conquilhas é um daqueles clássicos da linha, que acompanhou gerações de malta que ia petiscar ao final da tarde, mamando imperial atrás de imperial. Estão a ver o Ramiro em Lisboa? É o Eduardo das Conquilhas na linha do Estoril/Cascais.
E como acontece no Ramiro, a malta regressa frequentemente, ainda que saia de lá quase sempre a dizer que “já foi muito melhor”. Nós fazemos o mesmo, e temos um historial de apenas uns 7 ou 8 anos, por isso imaginem aqueles clientes que lá vão desde sempre. Mas então o que é que mudou no Eduardo das Conquilhas?
Bom, em primeiro lugar mudou o serviço, que se tem tornado cada vez mais impessoal. É um problema genérico em todas as zonas e em todo o tipo de restaurantes, mas aqui sente-se mais porque o Eduardo sempre foi um sítio para clientes assíduos e relativamente “familiar”. E é desse sorriso, dessa conversa da treta que sentimos falta agora quando vamos lá… os empregados até nos conhecem, mas há muitas mesas com clientes novos para servir – e que geralmente aceitam mais facilmente marisco caro, algo que nós já evitamos porque sabemos escolher.
E isto leva-nos a outra coisa que mudou bastante no Eduardo das Conquilhas, especialmente depois da pandemia: os preços. Sim, sabemos que marisco é caro. Mas também conseguimos perceber que os preços por kg aqui são uns 10% a 20% mais altos do que em marisqueiras no centro de Lisboa, por exemplo. E isso aplica-se também aos preços dos pratos, especialmente quando avaliamos a qualidade dos ingredientes servidos. Mas já chegamos a esse ponto.
“E as conquilhas?!” perguntam vocês… pois que nem vê-las. Ou antes, só as vimos uma vez, e pudemos comprovar que eram boas. Mas foi mesmo a única vez, independentemente da altura do ano em que visitemos o restaurante. O que mais se ouve no Eduardo das Conquilhas é mesmo a resposta “ah não, hoje não há…” à pergunta dos clientes sobre se há conquilhas. Se calhar já estava na altura de encurtar o nome do espaço e chamar-lhe apenas Eduardo, não?
De resto, a nível da comida, é uma marisqueira que não surpreende, mas também não compromete. Logo à chegada, temos umas chamuças muito boas na mesa, aquele truque básico para nos fazer consumir mais, e no qual caímos sempre. Depois, é seguir com o marisco pequeno ou grande, consoante a fome, o tipo de grupo, ou mesmo o que se pretende gastar.
Amêijoas à Bulhão Pato ou Camarão de Espinho são clássicos que nunca falham, assim como os Percebes (ainda que já tenham sido servidos maiores do que atualmente). Na última visita que fizemos – em grupo grande – aceitámos a sugestão de “enfrentar” um lavagante, com boa qualidade e já todo arranjado, mas a um preço por kg acima da média.
Ainda antes do clássico Prego para terminar a refeição, alguém neste grupo sugeriu comer um outro tipo de prato, e pedimos uma Carne de Porco à Alentejana. A carne estava bem temperada e tenra, sem dúvida, mas parece-me que é exagerado cobrar 26€ por um prato com batata frita congelada. Aliás, nem se percebe como é que um sítio destes serve batata frita congelada… enfim.
No final, os tais Pregos, que honestamente também não passam do registo da normalidade. Só que nessa fase do jantar geralmente já estamos bem bebidos, por isso já ninguém se está a preocupar muito com o ponto da carne ou se o pão está ensopado ou não. Aliás, é um exemplo perfeito da nossa relação com o Eduardo das Conquilhas: vamos lá para passar um bom bocado em grupo, porque é um sítio onde não nos mandam calar por causa do barulho e onde o serviço é rápido, especialmente as imperiais a chegar à mesa. É propício a confraternizações, percebem? E é certo que acabamos sempre a sentir que pagámos demasiado, mas também acabamos por regressar.
No fundo é isso. O Eduardo (das Conquilhas, mas muito raramente) é aquele sítio para ir num final de tarde no Verão ou num jantar com grupos de amigos, para ter conversa da treta e fazer palhaçada, tudo regado a cervejas ou a garrafas de vinho. Mesmo não sendo fantástico, nunca falha em assegurar que passamos um bom bocado. No final até podemos reclamar que pagámos demasiado para a qualidade do que comemos… mas passados uns meses estamos lá outra vez. É o que é!
Preço Médio: 40€ pessoa (com petiscos e imperiais, mas sem marisco grande)
Informações & Contactos:
Rua Capitão Leitão, 118-A | 2775-226 Parede | 214 573 303
É sempre agradável fazer uma visita ao Eduardo das Conquilhas e saborear as deliciosas conquilhas e mto mais, petiscos por lá não faltam !