DOWNUNDER by Justin Jennings

Canguru! E pouco mais…

 

Lisboa está a tornar-se uma capital de nível mundial, no que respeita à restauração. Não só a nível de oferta “nacional”, como especialmente a oferta de comidas do mundo. Além dos habituais italianos, chineses, indianos ou japoneses, temos cada vez mais alternativas de todos os pontos do mundo: mexicanos, peruanos, tailandeses, brasileiros, árabes… e agora um australiano!

Quando ouvi falar do primeiro restaurante australiano de Lisboa, fiquei curioso. O mais próximo que estive de cozinha australiana foi a ver o Masterchef Austrália, por isso as bases são poucas. Uma vista de olhos à ementa e duas coisas saltam à vista, aliás, dois animais: o canguru (bichinho fofinho) e o crocodilo (ca nojo!). Ora, como sou curioso, não podia deixar passar a novidade.

O Downunder fica ali a meio termo entre São Bento e Santos, e a verdade é que que lá entra não se sente de todo impactado com algum motivo australiano. Espaço simples e sofisticado, sem decoração à excepção do enorme logotipo do restaurante na parede – logotipo que nem faz nada lembrar o anterior da Zomato…
Assim como o espaço, o serviço é formal, mas com espaço para alguma conversa sobre o porquê de alguns pratos da lista – fiquei a saber, por exemplo, que a pavlova é uma sobremesa australiana (ou neozelandesa). Curiosidades.
Sem pena do bicho, “atacamos” o canguru! Primeiro em versão tártaro, aqui servido com caviar de trufa e gema de ovo. A carne é mais escura do que o típico novilho e, honestamente, quando misturada com o caviar e o ovo, não se percebe grande diferença no sabor. Ainda assim, é um bom tártaro. Onde conseguimos perceber a qualidade e sabor diferentes da carne do canguru é na sua versão prato principal, grelhado. Um naco de carne, fatiado, servido médio-mal como pedido, e aqui sim percebemos que o sabor é diferente, mais “gordo”, o que lhe confere mais intensidade. Acompanha com um molho de mostarda dijon que lhe assenta mesmo bem e ainda uns legumes ao vapor com manteiga de alho, excelentes!
Mas houve mais do que o canguru… infelizmente. Nas entradas, em vez do crocodilo crocante resolvemos ir para as gyosas vegetarianas, que não passaram do registo da normalidade. E a nível de pratos principais, também não ficámos incrivelmente surpreendidos… o Supremo de Galinha com Risotto da Indonésia de Camarão e Lima pareceu-nos apenas um peito de galinha, um bocado seco, acompanhado de um risotto que esperávamos ser mais cremoso, ainda que soubesse bem a camarão (o porquê da Indonésia não sei…); e o Salmão com Colcannon (que é basicamente um puré de batata), Vieira (sim, uma) e Molho Hollandaise de Champagne sabe-nos a uma posta de salmão com puré de batata. E uma vieira.
Nada está mal executado e a apresentação pelo menos do salmão é bastante bem trabalhada (da galinha nem tanto), mas os sabores estão longe de ser surpreendentes. Especialmente quando estamos num restaurante com gastronomia de um país que não conhecemos.
Terminámos com a Pavlova Australiana (sim, fui confirmar a história da origem ao Google), com Curd de Maracujá, novamente sem nada a apontar, e o Bolo de Tâmara, com Praliné de Macadamia e Molho Butter Scottch , mais surpreendente pelos sabores e texturas.
Honestamente, ia à espera de algo mais étnico, mesmo sem saber bem o quê… fotos do Crocodilo Dundee? Mas se calhar ainda bem que não o é, porque assim o Downunder consegue posicionar-se como mais do que um “simples” restaurante australiano. No fundo, é um restaurante que se aproxima do fine dinning, sem ultrapassar a linha de sofisticação que afasta todo o tipo de público. Conceitos à parte, a comida é que não nos encheu as medidas, com demasiados altos e baixos. Estava à espera de ser surpreendido, porque geralmente é o que acontece quando provas pela primeira vez uma gastronomia diferente da tua. E, neste caso, a distância geográfica é tão grande que esperava muito mais. Se calhar preciso de ver mais Masterchef Austrália ou dar um saltinho mesmo ao continente para perceber as singularidades da sua gastronomia.
Preço Médio: 32€ pessoa (com vinho)
Informações & Contactos:
Rua dos Industriais, 21 | 1200-685 Lisboa | 21 401 2967
[codepeople-post-map]

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.