UM RESTAURANTE SEM PERSONALIDADE
Esta coisa dos restaurantes chineses tem o que se lhe diga. Na fase pré-ASAE, tinhas centenas e todos serviam basicamente as mesmas coisas. Depois houve a razia e os que sobreviveram viraram-se para a opção buffet e depois incluíram sushi. Os restantes tornaram-se lojas do chinês, mas isso não é para aqui chamado. Actualmente, nós estamos mais tentos e procuramos os mais “genuínos”, aqueles onde comem os chineses. Daí que se tenha começado a ouvir falar muito de dim sum, desde há uns dois anos para cá, e que tenham entrado no roteiro de jantares de muita gente aqueles restaurantes chineses que hoje consideramos dos melhores de Lisboa.
O Dim Sum era um destes.
Começando já pelo primeiro impacto, toda a mística que o Dim Sum do Cacém tinha, não existe na versão de Oeiras. Não só é estranho estar instalado num complexo de ginásio, como quando entras ficas impressionado pela negativa. O espaço é demasiado amplo e completamente despersonalizado, os apontamentos de decoração são poucos e demasiado bimbos. Parece que estás a entrar no salão de uma quinta de casamentos, e não daqueles mais bonitos. É um espaço sem personalidade nenhuma…
Mas o principal problema é que essa falta de personalidade sente-se também no mais importante, que é a comida. Sim, a lista tem muita coisa, entre dim sum e pratos chineses normais, algumas coisas bastante diferentes do que estamos habituados a comer… mas mesmo assim, quando comparamos com outros restaurantes do género, fica um pouco aquém. Pedimos vários dim sum e ainda um prato de massa, para experimentar o máximo de coisas. Mas sabes quando pedes sugestões e as que te dão são das coisas mais conhecidas, daquelas que até comes num chinês normal? Pois, foi o que aconteceu aqui. Lá está, falta aquela personalidade ao restaurante, que neste caso seria sugerir o máximo possível de dim sum diferenciador. Mas não…
Do que comemos, nada surpreendeu. Houve coisas boas e outras menos, mas todas num registo de normalidade, sem chama, sem a dita personalidade: pão cantonês com carne de porco assada, massudo e desinteressante; vieiras ao vapor com alho, engraçadas na apresentação mas depois sem sabor nenhum; uns rolos de farinha de arroz com gambas que seguiram o mesmo caminho da falta de sabor; folhados de soja com gambas e carne de porco com uma textura interessante, só isso; pimentos recheados bons, mas especialmente por causa do molho (que serviu de molho para as outras coisas); lulas com molho picante, que de picante não tinha rigorosamente nada; salada de medusa com carne de pato, novamente com uma textura engraçada mas sem o mínimo tempero, o que a torna desinteressante; e finalmente um prato, a massa cantonesa com vaca, com a massa crocante mas novamente sem nenhum tempero. A falta de tempero e sabor é transversal a todos os pratos, e isso é uma pena.
A sensação com que saímos é a mesma que tens quando sais de um jogo onde a tua equipa até ganhou, mas com um penalti manhoso no tempo de descontos: não foi mau, mas a equipa não estava lá, faltou-lhe personalidade. É verdade que a maioria dos restaurantes se situa no limbo da normalidade, mas mesmo sendo normais, podíamos sentir que havia chama/vontade por trás daquilo que fazem. No Dim Sum não sentimos isso em nada…
Preço Médio: 14€ pessoa (com muito dim sum, acompanhado a cerveja)
Informações & Contactos:
Rua Coro de Santo Amaro de Oeiras, 8D | 2780-379 Oeiras | 21 9135848
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