CLUBE DO BACALHAU

1001 receitas de bacalhau?! Aqui há umas quantas…

Dizem que há 1001 maneiras de fazer bacalhau. Não as conheço. E aliás, acho que é uma espécie de “mito urbano”. Mas há quem diga que existem ainda mais do que essas… Como escrevi antes, não as conheço. Gosto muito de bacalhau – aliás, o Brás é um dos meus pratos preferidos – mas a verdade é que conheço apenas algumas (poucas dezenas) de receitas, por prova ou apenas por nome. Daí que ir a um espaço chamado Clube do Bacalhau deixa-me, no mínimo, curioso.

Jantar em dia de semana, e com o objectivo de conhecer formas diferentes de servir o dito bacalhau. Com receitas conhecidas e outras nem por isso…

Restaurante Clube do Bacalhau Cais do Sodré

Bacalhau à Casa
Não servem neste Clube, mas deixem que vos fale um pouco da casa em si. O Clube do Bacalhau está inserido num espaço que, só por si, torna o restaurante muito interessante. Arcadas de pedra, 2 pisos, mobiliário vintage, decoração na mesma linha, iluminação baixa, tudo a resultar num conjunto muito engraçado, cheio de pormenores “instagramáveis”. Um espaço que merece não só jantares mas eventos culturais/gastronómicos diferentes. A última edição das Mesas Bohemias em Lisboa foi aqui, e a ideia é continuarem nessa senda de eventos. Boa ideia.

Restaurante Clube do Bacalhau Cais do Sodré

Bacalhau à Brás
Não há na lista. Aliás, a lista tem várias opções de bacalhau (além de outras coisas), mas nenhum daqueles pratos mais clássicos. Não há um Brás, um Gomes de Sá, um assado no forno nem um Lagareiro. É uma opção arriscada, dizemos nós, mas o posicionamento do espaço é mesmo mais “alternativo”, pelo que se calhar até faz sentido.
Bacalhau com Broa
Desta receita só mesmo a broa, que faz parte do couvert e que acompanha bem a tábua de queijos e enchidos com que começa a nossa degustação dos pratos do Clube do Bacalhau. Numa ementa onde a maioria dos pratos se encaixam num conceito de partilha, uma tábua destas faz todo o sentido: 4 tipos de queijos, 3 tipos de enchidos, tomate e um doce, tudo coisas simples mas que entretêm.

Restaurante Clube do Bacalhau Cais do Sodré

Carpaccio de Bacalhau
É o primeiro prato que nos chega à mesa, e define o rumo daquilo que são as variantes mais modernas das receitas de bacalhau. Bem cortado e apresentado, com lascas de queijo da ilha curado, alcaparras e pimenta rosa, é um bom conjunto… mas o queijo sobrepõe-se ao sabor do bacalhau e é o que fica na boca depois de terminado o prato. A solução pode ser utilizar um queijo menos intenso ou talvez salgar um pouco mais o bacalhau…

Restaurante Clube do Bacalhau Cais do Sodré

Restaurante Clube do Bacalhau Cais do Sodré

Punheta de Bacalhau
Uma das poucas referências mais “tradicionais” da carta, e melhor do que o prato anterior. Bom o bacalhau e bom o equilíbrio com o alho e a cebola, ainda que pessoalmente goste desses sabores mais intensos. Mas ainda assim, bastante guloso!

Tártaro de Bacalhau
Nova “modernice”, mas os dias de hoje pedem este tipo de coisas. A nível de apresentação não é a coisa mais maravilhosa do mundo, e o formato faz lembrar a receita anterior. O sabor em si é interessante, bom o contraste do bacalhau com as alcaparras. Precisava de umas tostinhas para acompanhar, digo eu.

Restaurante Clube do Bacalhau Cais do Sodré

Pataniscas de Bacalhau
Outro clássico, que como qualquer prato clássico de bacalhau, nos leva para lembranças mais “caseiras”. As pataniscas falha-nos a maioria das vezes nos restaurantes, porque ou são demasiado secas ou demasiado oleosas ou demasiado “massudas”… e aqui houve dois takes: num primeiro take, chegaram-nos à mesa demasiado secas e duras, a parecer já terem algum tempo. Reportado o “problema”, chegaram uma novas à mesa, que logo à vista percebemos que estavam muito melhores. E estavam mesmo, mais fofas, saborosas, ligeiramente húmidas, com um toque apimentado surpreendente. Em qualquer um dos takes, uma maionese de lima fabulosa!

Restaurante Clube do Bacalhau Cais do Sodré

Bochechas de Bacalhau à Bolhão Pato
Uma excelente ideia quando a vemos na lista, e por algum motivo (saiba-se lá qual) esperamos ver algumas amêijoas a acompanhar o prato. Não há, mas o que nos chega à mesa é uma malga funda com lascas de bacalhau e um molho que, se fecharmos muito os olhos, até se parece mais ou menos com um Bolhão Pato. Três fatias de pão a acompanhar o que mais parece um ensopado, difícil de comer por causa da louça onde é servido… e muito menos Bolhão Pato do que esperávamos.

Ficou por provar o tentugal de bacalhau (folhado, claro), mas fica para a próxima.

Restaurante Clube do Bacalhau Cais do Sodré

Bacalhau à Zé do Pipo
Sem saber se alguém do staff se chama Zé, a verdade é que o Rui (um dos donos) foi de uma simpatia extrema. Atencioso, preocupado, pronto a ouvir as nossas opiniões e sugestões. Para um restaurante que ainda está a tentar afirmar-se na cena da restauração lisboeta – e ainda por cima com destaque para um produto onde toda a gente tem as suas preferências – é importante ter na sala quem saiba absorver os comentários dos clientes e utilizá-los para evoluir.

Bacalhau Espiritual
Pois que esta não tem mesmo nada a ver, mas é impossível encontrar algum tipo de receita de bacalhau que leve chocolate… Chocolate que é a base deste fondant, uma das sobremesas disponíveis na lista. Não, não há nenhuma com bacalhau, ainda que nos digam que estão a tentar. Quero voltar para provar isso, de certeza. Por enquanto o fondant é bom, sem ser surpreendente…

Restaurante Clube do Bacalhau Cais do Sodré

Restaurante Clube do Bacalhau Cais do Sodré

… mas ainda assim melhor que a sericaia, tão seca que fica mais de metade no prato. É pena.

Bacalhau com Natas
Não há no Clube do Bacalhau, e por um lado ainda bem. A verdade é que, no início do jantar, olhamos para a lista e sentimos aquela “necessidade” de ter lá um ou outro prato mais comum. Mas depois percebemos o conceito e, ao longo do jantar, vamos percebendo que há ali realmente boas ideias! Nem sempre com uma execução perfeita, mas prefiro estar num restaurante que me tenta surpreender mesmo que ainda não esteja afinado, do que noutro restaurante que se limita a copiar fórmulas.

O que sentimos no Clube do Bacalhau é que há uma ideia base definida, que só precisa de tempo (pouco) para funcionar em pleno. E sendo o bacalhau o “prato nacional”, sabemos que não vai ser consensual, pelo menos entre “locais”. Mas se para estrangeiros este tipo de ementa mais trendy funciona na perfeição, também funciona muito bem para nós que somos de cá… e gostamos de ser surpreendidos.

Preço Médio: 18€ pessoa (3 petiscos e cerveja)

Informações & Contactos:
Travessa do Cotovelo, 12 | 1200-132 Lisboa | 21 342 0737

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