Um bocadinho de Marrocos… mas aqui era preciso regatear preços.
No fundo, tentámos resumir tudo num título, porque é mais ou menos fácil: no Chez Idriss há um gostinho a Marrocos, mais nuns pratos do que noutros… mas também há preços um pouco mais altos do que seria de esperar. Quase que nos apeteceu regatear, como é suposto fazer nos mercados em Marrocos, para ver se pegava. Mas vá, não o fizemos. Ainda não sei bem porquê.
Porque o feeling final com que ficamos do Chez Idriss é que é caro. Não estamos a colocar em questão a qualidade do produto e mesmo a execução de alguns dos pratos, mas ainda assim é caro. Ou antes, fica um jantar caro. E, muito honestamente, comemos tagines melhores na nossa viagem a Marrocos (Saidia), mesmo que num regime quase só de resort. Mas pronto…
Altamente recomendado por algumas pessoas, o Chez Idriss chamou-nos a atenção por ser dos poucos marroquinos na Grande Lisboa. O espaço mistura restaurante com bar de shishas, ainda que não seja especialmente bem decorado. Não há aqui um tentativa em criar o ambiente, nada disso, com a excepção de alguns apontamentos, é tudo demasiado despersonalizado. Esperávamos mais.
E depois de alguns contratempos com o serviços (não encontravam a nossa reserva e insistiram diversas vezes com essa questão… mesmo num restaurante completamente vazio durante todo o nosso jantar), vamos então ao que estávamos mesmo à espera, que era a comida. Não temos um conhecimento profundo sobre a gastronomia marroquina, mas provámos algumas coisas diferentes quando estivemos em Saidia a passar férias. Por isso, mais do que expectativas, tínhamos muita curiosidade.
A ementa tem vários pratos, mas são mais variantes do que coisas completamente diferentes. Por um lado, vários tipos de couscous, aqui em doses para duas pessoas, e depois as famosas tagines, que é para onde vamos. Antes disso, o couvert traz-nos várias “saladas” marroquinas, que no fundo são pastas para barrar o pão pita que as acompanha: beringela, couve-flor e pimentos, sendo que qualquer uma delas podia ter mais tempero ou mesmo sabor. Aliás, quando nos perguntam dizemos isso mesmo, que esperávamos sabores um bocadinho mais intensos… e dizem-nos que os vamos ter nos pratos principais. Então vamos a isso!
Pedimos então os dois pratos que nos parecem mais interessantes à leitura. Por um lado, a Tagine de Novilho com Ameixa e Amêndoa, muito bem conseguido, com a carne tenra e saborosa, a amendoa torrada por cima e depois ameixas e tâmaras. O ovo cozido não nos parece fazer grande falta, mas quem somos nós para saber se tradicionalmente é assim ou não? Ao lado, um prato muito melhor, a Tangia. Borrego guisado a baixa temperatura (durante 6 horas) em açafrão e limão confitado. Isto dá não só uma boa textura como um sabor fantástico à carne, e um contraste óptimo entre o doce do borrego e o ácido do limão. Ambos acompanhados com arroz basmati com açafrão (também muito bom), que com este último prato resulta ainda melhor, porque se complementam.
Em Marrocos comemos tagines com sabores mais intensos, é verdade, mas nunca é a mesma coisa. Por isso, a única coisa que temos a apontar quando terminamos os pratos principais é o tamanho das doses, especialmente quando consideramos os preços. É verdade que estamos num restaurante étnico, mas a Tangia, por exemplo, custa 27€. Não se fica com fome, mas a dose podia ser muito melhor servida para o preço.
E sentimos isso também com o Chamia, a sobremesa que dividimos: um bolo de sêmola de trigo com coco, flor laranjeira e xarope de limão. É interessante, mas nada de extraordinário a nível de sabores. E caro para o tamanho da fatia. E voltamos a dizer que percebemos que estamos a falar de comida de outro país e que até podemos considerar que há aqui ingredientes mais caros e complicados de arranjar…
… mas isto não invalida que terminemos o jantar a pagar quase 40€ por pessoa. Ou seja, aquilo que acabamos por sentir no final da nossa experiência no Chez Idriss é que se torna caro e que a viagem não é completamente bem conseguida. Para isso o espaço teria de ser mais interessante e toda a comida mais diferenciadora, e não é isso que acontece. O que acaba por nos desiludir um pouco, especialmente quando pagamos a conta. Se estivéssemos em Marrocos, possivelmente teríamos tentado regatear o preço, não?
Preço Médio: 30€ pessoa (com vinho)
Informações & Contactos:
Rua Marquês Pombal, nº 6 | 2780-289 Oeiras | 916 486 472