Um restaurante parado no tempo.
O Caseiro é daqueles restaurantes de que sempre ouvimos falar. Mesmo eu, que não sou da linha do Estoril e só desde há uns 12 anos é que passei a andar mais naquela zona, sempre tinha ouvido falar do Caseiro, no Arneiro. Era daqueles restaurantes sobre os quais se falava no contexto de ir jantar com os pais ou ir almoçar em família, na maioria das vezes, e havia sempre mais do que uma pessoa a responder que conhecia e que também já lá tinha ido no mesmo contexto. E não é que, depois desse tempo todo, finalmente lá fui parar? Num jantar de família, claro…
O Caseiro fica no Arneiro, perto de Carcavelos, e pode então encaixar-se na categoria dos restaurantes familiares. Empregados que parecem trabalhar lá há décadas, com um formalismo às vezes demasiado exagerado e com simpatia selectiva. Daquele tipo de serviço onde os empregados ficam parados numa extremidade da sala, a olhar para as mesas, com uma postura militar. Mas mais estranho do que o serviço é mesmo a decoração, com os enormes candeeiros cor de rosa a destoar com tudo o resto, que é sóbrio. Esta cor dá ao espaço um ar… é pá, nem sei bem como descrever. Sei que pode ser só a minha opinião, mas é um bocadinho demais…
É também daqueles restaurantes onde as entradas já estão na mesa quando nos sentamos, aquele push dissimulado e que, na verdade, resulta quase sempre. Isto acontece neste tipo de restaurantes, que continuam a fazer as coisas como nos anos 80. Queijos, presunto, aquele recheio de sapateira embalado em película, que depois volta para trás e é usado noutra mesa…
Ora, a ementa traz-nos todos aqueles clássicos que já vimos e comemos muitas vezes antes, por isso a enorme montra à entrada do restaurante ajuda muito mais. Aí podemos ver as peças de carne e o peixe fresco, tudo exposto, como que à espera que o vamos lá buscar e cozinhar. Por isso, na mesa acabamos por nos dividir entre a carne e o peixe.
Do lado da carne, pede-se o T-Bone, que tem um preço simpático. Os dois pedidos chegam à mesa mais passados do que foi pedido, o que é uma falha – mas quem os escolheu não reclama, como acontece a grande maioria das vezes em restaurantes um pouco por todo o lado. A carne em si é razoável, não é de todo inesquecível. Melhor a batata frita caseira, piores os legumes salteados, sem sal nenhum. E no mesmo registo “nin”, a Espetada do Lombo à Caseiro, pedaços de lombo enrolados em bacon, chouriço, cebola e pimento. É bem servida, a dita espetada, mas a carne é demasiado rija – e só nos trazem uma faça de serrilha já depois de estarmos há algum tempo a tentar cortar a carne. Para quem estava no final da linha de mesas a olhar para nós, demorou um bocado.
Do outro lado da mesa (não literalmente, claro), temos um Caril de Gambas bastante agradável, novamente sem ser fantástico – eu pessoalmente achei-o demasiado doce, mas pronto. Melhor o Polvo à Lagareiro, tanto o próprio bicho como as batatas que o acompanham, bem regado com azeite. Talvez precisasse de mais sal, mas pronto. Finalmente, uns Chocos Sem Tinta, estes bem grelhados e temperados. Ou seja, altos e baixos, mais do que seria de esperar.
Lista grande de sobremesas, mas todos na mesa desconfiamos um pouco, depois dos pratos principais – menos quem está habituado a ir lá. Pedem-se um Leite Creme, saboroso e queimado ao momento, e uma Tarte de Limão Merengada, sem nada a apontar sem ser o facto de ter elementos decorativos a mais. Mas, lá está, isto são apenas opiniões.
No fundo, aquilo que senti é que o Caseiro é um restaurante parado no tempo. E nem tem a ver com já ouvir falar dele desde que sou adolescente, mas porque realmente parece que nada está ajustado aos tempos mais modernos. O serviço é clássico e formal demais, e a muitas vezes com falhas, a comida não tem nada de novo, só o espaço é que se destaca… e, na nossa opinião, nem é pela positiva. E até podíamos fechar os olhos e comer, mas se depois a qualidade e a confecção tem tantos altos e baixos (especialmente estes), então ficámos com zero vontade de voltar.
Preço Médio: 35€ pessoa (com vinho)
Informações & Contactos:
Largo do Chafariz, 42 | 2775-504 Carcavelos | 21 458 7825