CARTEL 36

Todos vão querer pertencer a este Cartel!

Nem sempre é muito bom regressar a restaurantes onde fomos felizes, depois de muito tempo. É um bocadinho como voltar a ver aquela série ou filme que nos impressionou tanto quando éramos mais jovens… e que agora percebemos que era uma banhada. Não acontece com todos (séries, filmes ou restaurantes), mas tendemos a ficar mais ou menos desiludidos. No caso dos restaurantes pode ser por causa do serviço, do preço ou, a maioria das vezes, pela (falta de) qualidade da comida.

Felizmente, o nosso regresso ao Cartel 36 depois de uns bons 2 anos foi muito positivo! Ok, há coisas que mudaram desde a última vez que lá fomos (algumas para melhor, outras nem por isso), mas na sua génese tudo continua na mesma e bom: o espaço, o serviço e a comida.

A fotografia do cartão de visita do Cartel 36 deve ser uma das mais “instagramáveis” dos últimos anos, no que respeita a fotos tiradas em restaurantes. Aliás, foi esse cartão de visita que motivou as notícias nos meios especializados na altura da abertura do restaurante… e que ainda hoje leva muita gente a este pequeno espaço. Mas reduzir o Cartel 36 a isso é demasiado simplista (e é de quem nunca lá foi). Porque tudo o resto no Cartel 36 continua a ser muito melhor que o seu cartão de visita.

Meio escondido na zona sul do Parque das Nações, o Cartel 36 é um restaurante relativamente pequeno. E ainda bem, porque assim o serviço acaba por se tornar mais próximo e acompanhar-nos melhor durante a refeição. Podem dar-nos as boas vindas e vir à mesa tentar saber como estão as coisas, o que estamos a achar e como podem melhorar. É um espaço de gente jovem, assim como quem o frequenta, por isso falamos todos a mesma língua e parecemos amigos de longa data. Ambiente 5 estrelas!

Outra coisa que acaba por ajudar no ambiente é mesmo o… ambiente. Parece que acabámos de entrar numa casa particular, mas a decoração não deixa de ser sóbria e enfatizar os pormenores que ajudam a construir o conceito do restaurante: a ideia de “cartel” está espelhada em quadros, livros e outras peças que fazem alusão ao Pablo Escobar e aos seus “colaboradores”, que era um tema muito em voga quando o Cartel 36 abriu (em 2016 estávamos no auge do “Narcos”), mas que agora continua a ser engraçado.

Assim que nos sentamos na mesa, recebemos os menus e também uma explicação do conceito do restaurante: é um espaço de partilha, para pedir várias coisas e ir partilhando como queiramos. Não sendo uma ideia surpreendente, agrada-nos.

Esta lógica de partilha geralmente resulta em doses pequenas, mas felizmente isso não acontece neste Cartel, porque as doses são bastante razoáveis, dão perfeitamente para uma pessoa. Estamos no registo das carnes, mas não dos cortes finos e peças maturadas e premium. Carnes nossas conhecidas, fáceis de escolher. E acompanhamentos, minha gente, não esqueçamos os acompanhamentos. Porque eles melhoram a experiência gastronómica no Cartel 36 exponencialmente! Ora vejam:

Somos um grupo grande, por isso pedimos muita coisa… mesmo muita. Pedimos as Plumas de Porco Preto (excelentes), o Magret de Pato (muito bom) e a Maminha Maturada Australiana (fenomenal). Tudo muito bem servido, ainda mais considerando o preço. Para acompanhar, uma batatas wedges muito gulosas, uns cogumelos com queijo muito interessantes e uns legumes salteados que desaparecem num ápice, de tão bons que são.

Mas há mais! Há um Bife de Atum com Cebolada (só para variar) que é fantástico e está servido no ponto perfeito, ou os Lagartinhos (também de porco preto), assim tostadinhos como se quer, barrados com uma massa caseira de pimentão vermelho que lhes dá um kick excelente. E, por falar em excelente, não se pode fazer uma visita ao Cartel 36 sem pedir os Noodles com Balchão e Ovo Curado. Sim, um acompanhamento, mas assim de bradar aos céus!

Ainda há também um óptimo Javali de Caça, tenro e com um molho bem gostoso, que vai mesmo bem com o Puré de Batata ligeiramente trufado. Enfim, é ir em grupo e pedir de tudo um pouco, sem repetir nada!

Ainda antes dos pratos principais podemos andar um bocado pelas entradas, onde há menos opções mas também mais altos e baixos… Por exemplo, pedimos uma “simples” Alheira com Espargos, que é uma coisa do outro mundo! Mas o Chouriço de Mafra no Espeto é apenas mal servido, muito mal servido. Como podem ver na foto em baixo.

Finalmente, as sobremesas, que também são muito boas! Temos o Sweet Cheese de Framboesa, que é basicamente um cheesecake; a Panna Cotta de lima com Amêndoas; ou o Doce da Matriarca, vulgo tiramisú (ou assim parecido). Tudo servido em potes (algo que pessoalmente não aprecio muito porque não é prático, mas pronto…), porque se quer que as fotos também resultem bem.

Neste momento final a teatralidade relacionada com o conceito do restaurante regressa com a Fruta Esquartejada, outra coisa extremamente simples mas que tem um resultado visual muito divertido. E “instagramável”! 😉

O jantar é longo e não só por termos pedido muita comida, mas porque os jantares no Cartel 36 tendem a ser longos. Partilha, convívio, copos, conversa. Aquilo que fazemos quando estamos entre amigos. E isso foi o que mais nos surpreendeu ao voltar ao Cartel passados dois anos da última visita: os empregados mudaram, mas continuamos a sentir-nos em casa. E isso é simplesmente perfeito.

Sim, é verdade que o conceito de “cartel” podia ser mais explorado, mas se isso podia ser relevante na abertura, agora nem por isso. Mais do que um espaço conceptual, o mais importante no Cartel 36 está lá e não precisa de nenhum Pablo Escobar: é um restaurante jovem e cool, para jantar com amigos, ter uma noite descontraída e partilhar boa comida. Aliás, excelente comida. E isso já faz com que este Cartel tenha sido uma das grandes revelações de 2016… e que continue a ser um marco na restauração lisboeta. Com ou sem linhas brancas como cartão de visita.

Preço Médio: 18€ pessoa (com sobremesa e vinho)
Informações & Contactos:
Rua Sinais de Fogo, Lote 3.14.04C – Loja 12 C | 1990-197 Lisboa | 211382280

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