Sandochas. Das boas. Aliás, das EXCELENTES!
O restaurante abriu oficialmente há menos de uma semana e, nos vários artigos já publicados em publicações da área ou blogs, há já uma repetição constante de trocadilhos com o seu nome. Por isso, e porque daqui para a frente vamos falar essencialmente de criatividade, opto por não seguir o mesmo caminho fácil. Não há trocadilhos.
O Absurdo é o novo restaurante do grupo Olivier, depois de muitos outros espalhados por Lisboa (e não só). Estamos a falar de restaurante com conceitos completamente diferentes, talvez por isso mesmo quando pergunto ao próprio “Porquê sandes?”, ele me responde: “Era o que faltava. Ou quase…”
Na renovada zona do Cais do Sodré, mas mais próximo da Ribeira das Naus do que da confusão da Rua Cor de Rosa, o Absurdo não é muito grande, mas é um espaço simpático. Madeiras, boa iluminação, longo balcão a percorrer a sala para podermos ver a cozinha. Até aqui tudo mais ou menos normal.
Mas o que temos de admitir em relação ao “restauranteur” Olivier é que os espaços dele têm sempre um “q” de loucura, e no melhor sentido da palavra. E aquilo que vamos percebendo no Absurdo, depois de passarmos além da superfícies que é o nome e o espaço, é que existem diversas camadas por baixo que o tornam num projecto único em Lisboa.
Sim, são sandes (ou sandochas, como lhes chama o menu). Mas estão muito longe de ser simples sandes… O menu dá dicas mas não explica tudo, até porque a ideia é realmente essa: surpreender através do paladar (a assinatura do restaurante – “dare. taste. and be amazed” – funciona mais para turistas, mas a ideia base está lá).
Servidas em tábuas, as sandochas do Absurdo surpreendem, desde logo pelo tamanho: é como se fossem 4 pães brioche unidos, com o recheio a rebentar pelas costuras. Não é brioche mas sim um pão de batata criado especialmente para garantir que aguenta os diversos molhos que as sandes têm… e acreditem que aguenta bastante bem! Não só faz isso como é delicioso!
Há 7 sandochas diferentes, incluindo uma vegetariana. Não vou entrar em descrições excessivas, porque é mesmo preciso experimentar e ir procurando as camadas de sabor que existem em cada uma. Mas não deixo de dizer que a de Atum tem uma crocância dada pelos pickles que é fora de série, a de Frango leva molho de leitão e é assim uma coisa maravilhosa (e picante!), a de Cachaço tem chilli com carne e por isso é uma bomba, e a sandocha com o nome do restaurante (aquela que tem os 42 ingredientes)… bem, essa é fenomenal! E além disso é uma diversão tentar perceber tudo aquilo que leva 😉
Seja qual for a escolhida, há enorme consistência no pão e uma profundidade de sabor que nos leva a descobrir coisas novas a cada dentada. O que, para mim, é a definição máxima daquilo que é a gastronomia: despertar-nos os sentidos através do paladar e surpreender.
Mas há mais, há muito mais… Há uma “lambreta” servida numa taça de metal que vai alegrar muita gente depois da 10ª; há uma única sobremesa que vos vai fazer ficar a salivar por mais; há uma sineta que toca quando alguém acerta nos 42 ingredientes (ou próximo) da sandes com o nome da casa; há uma roleta de prémios relacionados com restaurantes do grupo (perguntem o que é que têm de fazer para poder jogar); há uma playlist que aleatoriamente nos faz ouvir uma música completamente fora de contexto…
Ou seja, há no Absurdo muito mais do que uma boa comunicação e boas sandes. Há aqui um conceito muito forte e uma tentativa efectiva de o explorar em todas as vertentes. Ou seja, um restaurante realmente fora da caixa. E onde tudo faz sentido! Se a qualidade se mantiver e a irreverência também, o Absurdo pode com toda a certeza tornar-se uma das grandes abertura de 2017!
Preço Médio: 10€ pessoa (sandes e cerveja)
Informações & Contactos:
Cais do Sodré, 16 | 1200-450 Lisboa | 213 420 369
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