SOBERBA

Porque a simplicidade pode ser uma coisa… “soberba”.

 

Há sempre alguma expectativa quando visitamos restaurantes novos. Porque pesquisamos sobre os mesmos e percebemos o seu conceito, o seu posicionamento, porque gostamos da zona, porque acompanhamos os Chefs. Há imensas razões que nos levam a ter curiosidade de visitar um restaurante, e ao mesmo tempo criar expectativas sobre aquilo que vamos encontrar. E as expectativas são provavelmente a pior coisa que se pode ter em relação a qualquer coisa… porque se a experiência efectiva for diferente da expectativa que temos, vai ser um pouco estranho.

Dizendo tudo isto, sim, esperávamos algo diferente do Soberba, se calhar muito por causa do nome. Não que seja um mau restaurante, nada disso. O Soberba é um bom restaurante, com uma ementa simples e competente e um Chef que cumpre o que é esperado, boa apresentação nos pratos e preços honestos. É só que pelo nome esperávamos algo… grandioso. Mas já vamos ver que isso não é mau.

restaurante Soberba

Já há algum tempo que conhecemos o nome do Chef Igor Martinho, o Chef responsável pelo Soberba. Desde o tempo em que era Chef do antigo Quinta dos Frades (o actual Volver de Carne Y Alma), ou quando recebeu o prémio de Chef do Ano em 2009, ou mesmo no seu projecto mais pessoal, o Maeluisa, em Rio Maior. Uma carreira muito interessante para um Chef tão jovem, que agora volta a Lisboa para abrir o Soberba. Um restaurante que ocupa o espaço deixado livre pelo Carnalentejana, que se mudou para uma zona mais “central” da cidade.

Ora, começamos por aí mesmo: o grande “problema” do Soberba é a localização. A zona é demasiado dormitória, e mesmo sendo central, é demasiado escondida. Uma espécie de “buraco negro”, mesmo no centro da zona de Entrecampos, o que significa noites com menos afluência do que seria de esperar. Há sempre os clientes que moram na zona e alguns que vêm de fora, mas parecem insuficientes para um restaurante com uma sala com tantos lugares.

restaurante Soberba

O espaço é mais minimalista do que no restaurante anterior, mais sofisticado. Balcão no fundo da sala onde terminam os pratos e vidro para a cozinha, onde os preparam antes. Uma atitude honesta, próxima do cliente, sem medos. Até porque não há nada a esconder aqui. Duas das paredes ocupadas com garrafeira, uma soberba garrafeira (o trocadilho era inevitável em algum ponto do texto). A sala do Soberba mostra-nos o que o restaurante quer ser: simples e directo, sem artíficios.

E é também isso que sentimos quando olhamos para a ementa. Pratos simples, fáceis de reconhecer, coisas que estamos habituados a ler nas ementas de restaurantes tradicionais, mas aqui com pequenos apontamentos de requinte.

restaurante Soberba

Na noite em que fomos jantar não haviam dois dos pratos que mais queríamos (as vieiras braseadas com manga guacamole e o entrecôte), por isso fomos para as alternativas. Para começar, os camarões panados com maionese de açafrão e lima não surpreendem, mas a sopa rica de peixe com gambas é excelente! Ao contrário do habitual, não é uma sopa espessa, mas o caldo tem um sabor a mar fenomenal, o que a torna uma óptima entrada.

restaurante Soberba

Seguindo no peixe, um dos principais foi o robalo braseado com esmagada de batata e coentros, legumes e molho de maracujá. O molho era completamente dispensável, não nos parece fazer muito sentido, ainda mais porque tem frutos vermelhos misturados no maracujá, o que transforma completamente o sabor. Boa a esmagada e muito bom o peixe, disso não há dúvida nenhuma.

Dou outro lado da mesa, não havendo o entrecôte, vamos para a vazia maturada. Carne no ponto certo, bem temperada, dose bem servida. Pena não ser entrecôte. Para acompanhar, uns legumes salteados, aliás, quase só suados na frigideira, simples mas maravilhosos.

restaurante Soberba

Como dá para perceber até agora, coisas simples, que quando bem executadas, são muito boas. No caso das sobremesas acontece o mesmo, ainda que aqui já existam mais surpresas. Como por exemplo o pudim da avó Minica, com sorbet de tangerina, que podia chamar-se pudim de ovos, e que surpreende tanto na apresentação como na conjugação interessante de sabores. Mais simples novamente, o creme queimado com alecrim e flôr de sal, perfeito. É das minhas sobremesas favoritas e garanto-vos que aqui é mesmo soberba!

restaurante Soberba

restaurante Soberba

Sim, a simplicidade pode ser uma coisa soberba (não consegui resistir). E o Soberba é assim mesmo, um restaurante de coisas simples mas boas. Precisa de algumas afinações, como é normal em qualquer restaurante recém aberto. E precisa de chamar clientes de outras zonas da cidade, sem dúvida. Mas a base do que se pretende a fazer está lá: servir comida honesta, de forma mais sofisticada.

E isso é um excelente ponto de partida para qualquer restaurante.

Preço Médio: 25€ pessoa (com vinho)

Informações & Contactos:
Rua da Beneficência, 229 D | 1600-019 Lisboa | 21 796 1200

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