Fusão, longe da confusão.
O centro de Lisboa, especialmente algumas zonas, está a tornar-se um caos a nível de restauração. Há imensa oferta – em alguns sítios muito mais do que a procura – mas nem sempre é a mais variada. E isso faz com que a rotatividade dos restaurantes seja enorme, ou seja, abrem e fecham num período temporal relativamente curto. Há tipos de gastronomia mais na moda do que outros, mas os restaurantes japoneses continuam a ser dos mais procurados. O que quer dizer que, para irmos a um japonês bom no centro de Lisboa, é preciso reservar com antecedência e estar disposto a lidar com a confusão normal na zona. Mas felizmente conseguem-se encontrar restaurantes com sushi excelente fora do centro de Lisboa. Basta estar com atenção 😉
Vamos frequentemente ao Lumiar para jantar no Volver, provavelmente o nosso restaurante preferido em Lisboa (e sobre o qual já escrevemos várias vezes, como aqui). E numa dessas vezes, já há bastante tempo, falaram-nos do Hanaya, um japonês recente e que estava a dar muito que falar na zona. Entrou para a nossa lista logo, mas demoramos quase dois anos a ir conhecer o espaço. Sendo que até fomos primeiro ao irmão mais novo, o Hanaya Chiado (podem ver aqui o que achámos).
Ora, a nível da comida tínhamos uma base de comparação, mas várias pessoas nos disseram que íamos adorar o Hanaya Lumiar. Por causa da comida e por causa do espaço. E começando por aí, ficámos um pouco desiludidos. A sala não é muito grande, oscila entre os cinzas escuros e alguns dourados e tem alguma decoração mais ou menos sofisticada… mas o espaço em si, quando comparado com o restaurante do Chiado, é bastante menos interessante.
O que mantém um nível alto é o serviço. Simpático, pronto a dar sugestões, formal mas sem o ser em demasia. Completamente ajustado ao espaço e aos preços do restaurante.
Quando estivemos no restaurante do Chiado tínhamos ficado de olho nas peças com carne kobe, que nos indicaram não haver lá. Ora, claro que queríamos agora provar no Hanaya Lumiar… mas não aconteceu. A carta está a mudar e essas peças vão sair, por isso já não as servem. Foi uma pequena desilusão para começar o jantar… mas felizmente o que nos foi chegando à mesa acabou por compensar.
Começamos por algo que também tinha ficado na retina depois da visita ao Chiado, os canelones. Basicamente pecas de sushi onde a fatia de peixe enrola o resto do conteúdo, criando um efeito visual engraçado e realmente parecido com o prato italiano. Provámos os de atum, recheados com carne de caranguejo do Alasca, kimoushi e vários molhos, e olhem que é uma maravilha!
Depois, um hot roll, o Hot Hanaya: futomaki de salmão, queijo edan, amêndoas torradas e tobiko, uma conjugação de sabor excelente e que ganha muito com as amêndoas para lhe dar o toque crocante. Seguindo em frente, uma das sugestões do Chef, e provavelmente o rolo que tem mais ingredientes em toda a carta: o Albert Roll. Ora apontem: folha de soja amarela, tempura de vieira, tataki de salmão, camarão cozido, cebola crocante, kimouchi, pêra abacate, maionese japonesa, queijo creme e tobiko. Pouca coisa, não é? Ora, a verdade é que os sabores se conseguem distinguir praticamente todos, e resulta tudo muito bem! Uma peça cara (20€) mas que vale muito a pena!
Pedimos ainda um combinado de fusão do Chef, com 20 peças, onde tudo é irrepreensível mas também são peças menos surpreendentes.
Francamente surpreendente é o gunkan Mare, com salmão, camarão, molho cocktail, tobiko, cebola crocante e azeite de trufa. Reforço que não sou o maior adepto de sushi de fusão, e quando leio a composição na ementa parece-me sempre que tem ingredientes a mais. Mas este gunkan é outro exemplo – dos vários que tivemos em ambos os Hanaya – de que podem até ser muitos ingredientes, mas desde que se complementem e façam sentido, então tudo bem! E este gunkan é espectacular!
E ainda, para fechar, antes da sobremesa, ainda pedimos mais uma das sugestões do Chef. O Ebi Lime tem uma base de arroz envolvida em nori furicake, camarão frito e raspas de lima, o que torna o conjunto super fresco e muito diferente do habitual. Mais uma surpresa, e outra fusão cujo resultado é perfeito!
Faltava a sobremesa, não era? Pois que não esperávamos que o cheesecake de banana fosse a maravilha que é! O sabor, a textura, tudo perfeito, numa sobremesa que nos faz esquecer todas as calorias que estamos a ingerir e que apetece comer sem parar!
Saímos com o restaurante ainda cheio, num misto de famílias e mesas a dois, sempre com o serviço e a cozinha a funcionar com uma rapidez significativa, o que demonstra que a equipa que está por trás do restaurante sabe o que faz e como garantir um serviço de excelência.
Para nós, é bom saber que não precisamos de ir para o centro de Lisboa – confuso e sempre cheio – para encontrar bons restaurantes. Neste caso, japoneses com sushi de fusão muito acima da média. O Hanaya Lumiar pode não ter um espaço tão bonito como o “irmão mais novo”, mas a qualidade dos ingredientes utilizados e a mestria dos sushi men está lá. Criatividade, técnica e excelente apresentação, tudo ingredientes que posicionam este Hanaya ao nível dos melhores restaurantes de sushi de fusão da Grande Lisboa. E isto sem confusões.
Preço Médio: 38€ pessoa (com vinho)
Informações & Contactos:
Edifício Roterdão | Rua Manuel Marques, 16 M | 1750-171 Lisboa | 210938343
[codepeople-post-map]